Aterrissamos em frente à cabana quando o escuro da noite já era mais intenso que piche. Esperávamos pelo menos uma luz vinda de dentro do casebre, mas nem lá havia claridade. Quando desmontamos da vassoura, Lupin acendeu uma luz na ponta de sua varinha.
— Sirius deve ter saído. Deve estar sendo difícil pra ele ficar em lugares fechados — comentou Remus. — Vou procurar ele aqui por perto, mas se você quiser pode ir pra dentro.
— Eu vou, tá ficando frio. — Eu já havia colocado o capuz do casaco sobre a cabeça e fechado ele todo, mas não havia resolvido. Meu nariz estava congelando.
Nos separamos e eu segui em linha reta para a porta da frente, girei a maçaneta e entrei. Assim que atravessei o portal percebi que não estava sozinha, mas não tive tempo de chamar por Remus para pedir ajuda, um vulto se antecipou sobre mim e duas mãos frias seguraram meu pescoço com tanta força que me desequilibrei e caí no chão batendo a cabeça.
A pressão dos dedos bloqueava totalmente a passagem de ar e com os olhos cheios de lágrimas não conseguia ver quem era meu agressor enquanto me debatia inutilmente. Meus membros começaram a formigar e achei que fosse morrer no momento em que um jato de luz passou por cima de mim e a compressão de repente parou. Reconheci a voz de Lupin quando ele me colocou sentada e me amparou sobre eu peito.
— Você está bem?
Apenas confirmei com um aceno de cabeça, pois quando tentei falar fui acometida por um acesso de tosse.
— Desculpe pelo feitiço, Sirius. — Ele pediu quando iluminou o cômodo revelando quem era meu agressor. Finalmente conheci Sirius Black.
O homem era jovem e, apesar de estar visivelmente perturbado por conta dos meses passados em Azkaban, muito bonito. Ele estava sem jeito pelo que tinha feito comigo, mas eu tive uma parcela de culpa como pude reparar depois. Meu casaco preto com o capuz na cabeça, meus longos cabelos escuros saindo pelas laterais e naquela penumbra, eu tinha a silhueta muito semelhante à de um dementador.
— Sinto muito — pediu ele já se recuperando do feitiço lançado por Remus.
— Tudo b... — Não consegui concluir nem a palavra sem ter outro acesso de tosse.
— Vou preparar um chá pra você — disse Lupin antes de me colocar de pé e se afastar para cozinha.
— Sirius Black, — ele se aproximou e esticou a mão direita.
Eu retribuí o gesto, mas não consegui dizer meu nome sem tossir.
— Ela se chama Helaina — falou Remus que estava de frente para a bancada da pia colocando algumas folhas em infusão na água quente.
— Lindo nome. — Sirius sorriu.
Eu sorri de volta e acenei com a cabeça em agradecimento.
— Se me dão licença, preciso me recompor. — Ele finalmente soltou minha mão. — Remus, peguei esse primeiro quarto e trouxe algumas das minhas coisas pra cá.
— Okay, eu estou usando o quarto dos fundos com a porta reforçada.
— E está deixando essa donzela dormir nesse sofá todo arrebentado?
Eu queria falar que não tinha problema, mas sabia que seria afetada com outro acesso de tosse. Notei que Lupin havia ficado sem graça com a observação do amigo.
— A não ser que vocês dois estejam...
A insinuação dele fez minhas orelhas arderem e a reação aquilo foi mais uma crise de tosse sem que eu nem precisasse tentar usar a voz. Remus atravessou a cozinha com a xícara de chá quente e me entregou.
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Marotos Reunidos
FanfictionMutatis mutandis (é uma expressão advinda do latim que significa: mudando o que tem de ser mudado). As primeiras mudanças aconteceram em 1982, para onde fui quando viajei pela primeira vez. Encontrei o jovem Remus Lupin e tinha uma missão para cump...