Seguindo pela direção oposta ao corredor, abri a porta da frente da cabana e encarei a escuridão. O nome do criador da Wolfsbane era Damocles Belby, mas eu não tinha a menor ideia de como faria para encontrar o bruxo e convencê-lo a me dar poção suficiente para Lupin.
— Uma coisa de cada vez, — pensei. — Primeiro tenho que chegar até a algum lugar movimentado, com muitos bruxos para começar a busca. O Beco Diagonal parecia uma boa opção, mas como eu entraria lá sendo muggle. Será que pó de Flu iria funcionar comigo? E que bruxo me deixaria usar sua lareira?
Enquanto andava percebi que Lupin não poderia ter escolhido um lugar mais isolado para ficar. Desde o momento que saí no quintal da frente não vi qualquer sinal de civilização. Parei onde estava e me concentrei na história dele tentando lembrar alguma informação útil. Tudo o que me ocorreu é que durante toda aquela tragédia ele estava a serviço no norte do país.
Londres ficava ao sul e eu não fazia ideia do quão longe de lá eu estava. Aborrecida, voltei para a cabana e me sentei no sofá rasgado ainda pensando no que poderia fazer para chegar até Damocles Belby. Cansada, decidi esticar as pernas e acabei adormecendo sem perceber.
— Bom dia. — O cheiro de chá de frutas vermelhas se espalhava pelo ambiente e um rapaz com um lindo sorriso, apesar das cicatrizes, olhava para mim. Fiquei feliz por perceber que os acontecimentos da noite anterior não haviam sido um sonho. Eu não estava em casa, mas sim na cabana de Remus Lupin.
— Bom dia, — respondi me sentando e me espreguiçando.
— Preparei um café da manhã pra gente, ou pelo menos tentei.
Ele abaixou a cabeça e voltou para a mesa no meio da cozinha que estava com uma toalha velha cobrindo o tampo e tinha as quatro cadeiras recolocadas em seus lugares. Eu o segui e me acomodei de frente para ele. A xícara à minha frente soltava fumaça e notei quatro torradas em um prato sobre a mesa.
— Pode comer todas — disse Remus empurrando o prato para perto de mim.
— Não sinto fome de manhã. — Ele pareceu não acreditar. — Palavra! — insisti sorrindo. — Vamos dividir então.
Ainda desconfiado que eu estivesse mentindo, ele tirou uma torrada do prato e mordeu com vontade.
— Acha que pó de Flu funciona comigo? — perguntei.
— Está pensando em ir a algum lugar?
— Beco Diagonal — respondi. — Talvez alguém lá saiba onde mora o senhor Belby.
— Esquece isso, Helaina.
— Eu quero ajudar você, Remus. — Peguei uma torrada enquanto esperava o chá esfriar.
— Supondo que você encontre o endereço do tal homem, — ele me olhou desconfiado. — Como vai convencer ele a te dar a poção?
— Uma coisa de cada vez. — Bebi um pouco do chá e senti o gosto cítrico dele. Lupin certamente percebeu, pois me ofereceu açúcar na mesma hora. — Obrigada, — disse enquanto mexia a bebida.
— Espero que você goste... São frutas que vermelhas que eu colhi no quintal e deixei secar. É o único que consigo de graça por aqui.
— É um dos meus sabores favoritos.
Remus apenas sorriu e balançou a cabeça em negativo. Provavelmente mais uma vez ficou em dúvida sobre a minha sinceridade, mas não me ofendi com aquilo, eu sabia a origem do comportamento dele depois de tantos anos enfrentando preconceito por ser um lobisomem.
— Vocês por acaso têm uma lista com os nomes e endereço das pessoas? — continuei.
— Porque teríamos isso?
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Marotos Reunidos
Fiksi PenggemarMutatis mutandis (é uma expressão advinda do latim que significa: mudando o que tem de ser mudado). As primeiras mudanças aconteceram em 1982, para onde fui quando viajei pela primeira vez. Encontrei o jovem Remus Lupin e tinha uma missão para cump...