Capítulo 12 - Portal aberto, coração partido

782 65 59
                                    

A lua cheia se aproximava e aquilo deixava o jovem Lupin cada vez mais desconfortável. Ele estava tomando a Wolfsbane, mas não era raro encontrá-lo fitando o jardim pela janela com um olhar distante.

— Vai ficar tudo bem, — me aproximei e coloquei a mão sobre seu ombro direito. — Você está tomando a poção. Vai dar certo.

— Ainda fico com um pouco de medo e agora têm dois amigos meus aqui.

— E nós faremos companhia a você — sorri.

Ele se virou de frente para mim e retribuiu o gesto.

— Nossa! Já faz um mês que eu tô aqui, — dessa vez fui eu quem olhou pela janela. — Não tenho a menor ideia de como estão as coisas lá em casa... Meus pais devem estar preocupados.

— Será que colocaram a polícia para te procurar?

— Não sei, mas é o mais lógico.

— A não ser que...

— O que? — Voltei a ficar de frente para ele.

— Você veio do futuro, — afirmou Lupin. — Vai ver consegue voltar para o mesmo instante em que partiu. Nem vão notar sua ausência.

— Bom, já vi isso acontecer em filmes — avaliei a ideia. — Talvez você esteja certo.

Sorrimos um para o outro.

A noite de lua cheia chegou clara e sem nuvens. Ficou evidente para nós três que quando o satélite despontasse detrás das montanhas a transformação de Lupin começaria. Nós tentamos nos manter calmos. Jantamos um pouco mais cedo e nos ajeitamos nas poltronas esperando o momento inevitável.

O jovem Lupin foi o primeiro a perceber quando a lua começou a brilhar. Ele se levantou de repente e se afastou de nós indo em direção ao fundo da sala. Sirius também ficou de pé e me empurrou com o braço esquerdo para ficar atrás dele.

— Vai dar tudo certo. — Olhei para ele tentando sorrir e depois encarei Lupin caído no chão sobre mãos e joelhos.

— Se eu disser pra você correr, faça isso! Na forma de cachorro posso segurar ele se algo der errado.

Não consegui evitar pensar no terceiro filme da série quando Sirius tentou proteger Harry da mesma maneira e acabou um tanto machucado.

— Tudo bem, — confirmei para tranquilizá-lo. — Mas não será preciso.

Das sombras vinham os gritos agonizantes de Remus e o barulho de tecido sendo rasgado. Pelos surgiam por todo seu corpo e sua forma humana deu lugar à de um lobo muito grande. O jovem Lupin começou a se levantar e Sirius caminhou alguns passos para trás me forçando a afastar junto com ele.

De repente o lobisomem, sem conseguir se equilibrar direito, chegou perigosamente do espelho, o portal com mais chance de me levar de volta para casa.

Não pensei nas consequências e eu saí da proteção de Sirius encurtando minha distância até o objeto. Lupin, transformado, imediatamente notou minha aproximação e me encarou. Eu senti como se tivesse tomado um golpe de vento gelado e paralisei.

— O espelho — sussurrei olhando para ele. — Cuidado.

O imenso lobo olhou para a superfície de vidro, depois de novo para mim, acenou com a cabeça e se afastou lentamente pela direção oposta. Fiquei aliviada. O fato de ele estar consciente era sinal de que a Wolfsbane havia funcionado mais uma vez. Um enorme sorriso tomou conta do meu rosto.

— Deu certo de novo! — falei para Sirius.

Ele mal conseguia acreditar no que estava acontecendo.

— Vem mais pra perto da gente Remus — chamei.

Marotos ReunidosOnde histórias criam vida. Descubra agora