Willian lutou para não afogar aquela menina e fazê-la engolir aquele chiclete irritante até descer para o térreo da agência. Conseguiu descansar a coluna, já que parecia que tinha tijolos dentro de suas malas, pegando um táxi e logo chegaram ao prédio.
Will arrastava as malas pelo chão do piso claro e pensava como iria acabar com a garota de modo limpo e silêncioso até ouvir um gritinho fino vindo atrás dele. Ele parou e olhou para a recepção. O porteiro do seu prédio, o seu Emanuel, um senhor baixinho e roliço, meio careca e de bigodes pintados de acaju fez uma careta, dizendo não.
Willian jogou as malas no chão e se virou vendo seu Emanuel ainda negar com a cabeça e se arrastar para fora dali, com a ajuda de sua bengala, como se estivesse fugindo do que estava por vir. Willian desejou poder fazer o mesmo ou que visse qualquer pessoa naquele momento, menos Tália.
Tália era uma mulher linda, tinham por volta de uns 22 anos, os cabelos negros e ondulados caiam por suas costas, destacando os olhos azuis na pele branca. Tinha um corpo perfeito, assim como toda sua beleza, mas tinha um único defeito: Ela era grega. E fanática.
— Will, Will, Will! – Disse ela se aproximando chorando, passando por Maya e colocando a cabeça no ombro do rapaz fingindo soluços. Maya olhou para a menina e fez um beicinho maneando a cabeça de um lado para o outro, antes de cruzar os braços para observar a cena. – Eu vi, eu vi!
— Tália, quem foi que você viu dessa vez? – Perguntou ele, já acostumado com as loucuras da amiga.
— Harpias! – Disse arregalando os enormes olhos azuis. – Elas estavam na minha janela quando eu acordei - Falou como se estivesse sozinha, antes de voltar a cair no choro – e elas grunhiram para mim.
— Eu chamo isso de pombo, sabia? – Maya atacou, se virando e indo em direção ao elevador puxando as bolsas, mas ao chegar lá, viu que estava quebrado e bufou, puxando as mochilas de rodinhas, pela escada que ficava do lado.
Tália pareceu não ter ouvido o que a menina disse, mas Willian a ignorou enquanto tentava explicar para a grega que harpias não existem. Harpias, para quem não sabe, são bichos da mitologia grega, com corpo de mulheres, asas enormes e pés de galinha — no caso, não no rosto —, digamos que são mulheres rapinas, que normalmente são más. Muito más.
— Tália, meu amor. – Disse segurando o rosto da menina entre as mãos, a olhando nos olhos. – Harpias não existem. – Disse calmamente.
— Existem sim! – Disse ela. – Eu vi. – Willian revirou os olhos, e viu quando no outro lado do local, três pessoas desciam. Uma delas, veio na frente, um garoto musculoso e magro, de olhos muito verdes. – Stark, porque ninguém acredita em mim? – Ela perguntou se aproximando do garoto, e assim que se aproximou o suficiente, ela fingiu um desmaio, colocando a mão na testa e o garoto a segurou.
— Tália? – Disse uma voz atrás dele. Essa era loira, pequenina e magra, e seu nome era Gabrielle. Era uma das melhores amigas de Will, mas no momento não lhe deu atenção, apenas se aproximou da morena "desmaiada" e desferiu duas bofetadas em sua face. – Ei, menina! Acorda!
— Eu vou morrer! As Harpias vieram me buscar. – Disse ficando mais mole. – Stark, chame uma ambulância, pois quando eu sair daqui, eu irei ser morta por harpias mandadas por Afrodite, ela não me ama mais, a deusa me deixou.
— Se eu fosse você, deixava ela ai. – Respondeu outra menina. Essa tinha os cabelos curtos, na altura do ombro e lisos. Um nariz arrebitado e era um pouco mais alta que Gabrielle, mas muito pouco. Judith. — Quando ela resolver acordar, vai dizer que foi Apolo que a curou. – Disse revirando os olhos e saindo junto com Gabs e Willian em direção as escadas. – De quem são essas malas? – A menina perguntou sem entender, enquanto eles ouviam os berros de socorro de Stark lá embaixo.
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Sobre eu e você (Concluída)
HumorWill sempre teve tudo o que quis, filho de família rica, passava todo o seu tempo livre (e não livre) com o seu melhor passatempo: dormir. O senhor e senhora Frost percebendo que erraram na educação do filho, decidem que ele precisa tomar responsabi...