As três semanas para o casamento de Willian haviam passado como um relâmpago. Willian evitava Maya desde o incidente do filme, já que havia sido humilhante demais se declarar para um cadáver dorminhoco. Ela fingia não ligar para o seu comportamento, mas ainda assim gostaria de verdade de saber o porquê o menino estava lhe tratando daquele jeito.
O prédio inteiro havia sido convidado para a cerimônia e aquilo estava um alvoroço só. Eram floristas e decoradores andando de um lado para o outro, dando piti a todo o momento com Gabrielle e Judith, que estavam encarregadas de fazer toda a parte da decoração, mesmo o casamento sendo em uma chácara. Willian não havia dado as caras durante o dia todo e Débora estava com Diana em algum lugar, colocando o seu novo uniforme de mulher casada.
Jannete e o marido ajudavam no que podiam, mesmo discordando do casamento do filho com aquela – como dizia Jane – estrábica.
Maya ainda usava as botas ortopédicas, o que, querendo ou não, assinava sua passagem de volta para o México sem conseguir concluir o seu objetivo de se tornar uma patinadora de verdade. Aquele dia não poderia ser mais triste.
— É hoje o casamento da Débora com o Willian. – Disse Tália entrando no apartamento de Maya que estava com o pé sobre uma mesinha de centro comendo batata e assistindo televisão. Maya assentiu, tentando parecer indiferente. – E você vai? – Maya fez que não. – Willian vai te matar, você sabe disso, não sabe? – Maya deu os ombros.
— Não me importo. – Disse a garota, mentindo. – Ele não está nem aí para mim, porque eu estaria aí para ele?
— Está com ciúmes, Maya? – Tália perguntou se jogando ao lado dela, puxando o pote de batatas da sua mão. Maya o puxou de volta.
— Eu? Ciúmes do Willian? Por favor, né? – Revirou os olhos. – Eu estou dizendo isso porque ele nem olha na minha cara há dias, porque deveria me importar com esse casamento? Estou lidando da forma que ele lidaria. Fora que a Débora vai ficar bem mais feliz sem minha presença por lá.
— Mas você não é igual a Willian. – Retrucou.
— Não mesmo, por isso vou ficar na minha caminha dormindo, ficando gorda para poder voltar para minha casa. – Disse tentando parecer forte.
— E então você vai mesmo voltar para o México? – Perguntou franzindo os lábios. Maya assentiu.
— Vou sentir a sua falta. – Disse para a menina lhe abraçando de lado. – Muita.
— Eu também vou sentir sua falta, Maya. – Tália começou a sentir um nó na garganta e logo as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.
— Ah, Lia! Não fica assim. – Disse a ex-patinadora se afastando um pouco e limpando as lágrimas do seu rosto grego.
— Não quero que você vá embora. – Disse olhando para baixo com os enormes olhos azuis.
— Mas eu preciso, não tem porque eu ficar aqui. – Suspirou. – Não fica triste, ok? Ainda tenho alguns dias. – Tália assentiu conformada, mas triste.
— Me faz uma última coisa antes de ir? – Ela perguntou olhando para baixo. Maya assentiu. — Qualquer coisa? Promete?
— Prometo.
— Vamos nesse casamento comigo? – Perguntou fazendo com que Maya se afastasse de súbito, ficando de pé com a cara emburrada.
— Não. – Falou batendo o pé bom no chão e cruzando os braços com um enorme bico. – Não mesmo.
— E porque não? Você prometeu! – Disse ficando de pé totalmente inconformada.
— Eu prometi, mas isso não quer dizer que eu sabia no que iria me levar essa promessa. – Falou a menina, se virando e indo arrastando o pé para dentro do quarto. — Nem vem que não tem. Fica chorando aí, me deixando sensível, para depois me apunhalar pelas costas por causa daquele Frost. Você é uma safada sem vergonha! – Abriu a porta do seu quarto e se jogou na cama. A grega vinha atrás dela com as mãos na cintura.
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Sobre eu e você (Concluída)
HumorWill sempre teve tudo o que quis, filho de família rica, passava todo o seu tempo livre (e não livre) com o seu melhor passatempo: dormir. O senhor e senhora Frost percebendo que erraram na educação do filho, decidem que ele precisa tomar responsabi...