Inferno

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Feche seus olhos
Me diga quantas vezes pensou em voltar
Me diga quantas vezes rogou por equilíbrio
Me diga quantas vezes o destino te decepcionou.
E se você realmente pudesse voltar?
Se o relógio trabalhasse à seu favor
Trocaria algumas palavras? Anularia ações impensadas?
Feche seus olhos.
Veja através de suas pálpebras a escuridão do dia e a clareza da noite.
Não se sinta assim, não é sua culpa. Não se persiga, não seja seu próprio fantasma.
Abra seus olhos. Olhe ao seu redor, veja o que eles fizeram. Não parece tudo horrível? Não parece tudo assombrado?
Você anda por um mundo sem cor, tem certeza que é o que precisa?
Permaneça sentada, olhe para o céu claro da noite. Não é melhor pensar sobre os ramos amigos da solidão?
Quantas vezes já pensou em fugir? Pare onde está, me dê a mão para eu lhe guiar se assim for fazer.
Você é tão jovem para tantos planetas desarrumados em sua cabeça
Por que deixar que eles vençam? Por que se deixar para trás assim, tão depressa?
Não diga que já desistiu
Podemos parar com tudo agora. Podemos esquecer tudo por hora.
Não volte pra lá. Viva essa noite. As coisas vão voltar a existir com você.

**
Narrador

A leitura de Sam foi interrompida pela voz de Logan que vinha de seu lado. Pelo seu tom, não era a primeira vez que lhe chamava.

A garota ergueu os olhos, lhe dando chance de perguntar novamente. 

- O que é isso? - Ele repetiu, dando um breve riso. Sam piscou levemente, ainda no êxtase da leitura do poema.

- Ahn... São poemas - Explicou, voltando os olhos para os papéis em seu colo. - De Agatha. Ela costuma escrever, mas sempre acha que não estão bons - Riu levemente. - Então... Eu estava vendo esse lado da sala e vi o a caixa que ela guarda o que escreve - Appntou para a caixa com a tampa meio tombada para o chão.

- Pelo visto você gosta de ler as coisas dela - Logan sorriu, se sentando direito do lado da mesma. Não era a primeira vez que a via com tais papéis. 
- São bons. Eles me ajudam, de certa forma - Riu de modo vazio.

- Você está desanimada ultimamente. - Falou, a olhando. Sam deu de ombros.

- Eu perdi meus pais quando tudo começou. Depois meus amigos de lá. Entrei em uma escola com demônios, e meus amigos são fantasmas. Recentemente o namorado da minha melhor amiga morreu, e qualquer um de nós pode ser o próximo. - Falou - Acho que tenho motivos por estar assim. - Se retraiu.  

O rapaz pareceu que iria dar algum tipo de resposta consoladora, mas parou no momento que ouviram um pequeno barulho perto da janela, mais alto do que a água que caia serenamente do telhado.

Arya, do outro lado da sala semi iluminada, ergueu os olhos, sendo puxada de pensamentos internos.

- O que foi isso? - Ela perguntou. Sam olhou para cima, de onde vinha o barulho, se levantando e olhando pela janela sem hesitar. Talvez agora fosse mais fácil. Ela quase já não ligava se fosse morrer, ou coisa parecida.

A vidraça da janela estava levemente trincada. Embaçada pelo frio, fez a garota passar a manga da blusa, tentando visão.

Um cemitério com portões fechados. Esculturas de anjos negros se viam ao longe, cortando a neblina levemente.

No chão, estava um pequeno gatinho siamês. Encolhido pela chuva, provavelmente sentia frio, era apenas um filhote. 

- Ah - Sam deu de ombros - É só um gato. - Voltou a sentar. Arya ergueu uma sobrancelha, levantando e indo até a janela.

- Ele parece assustado e com frio - Observou - A gente pode pegar ele.

Sam franziu o cenho.

- Alguém tem como cuidar? - Perguntou. Arya devolveu um olhar intrigado.

Tem Alguém Ai? - Volume 3Onde histórias criam vida. Descubra agora