Tem Alguém Ai? - Volume 3

Não há saídas

Uma gota daquela chuva,

e tudo desmoronaria facilmente.

Passos lentos em baixo do guarda chuva,

talvez eles estejam me vendo por trás dos muros.

Uma rápida faísca daquele fogo,

e eu gasto meus sonhos,

porque não tenho por onde ir.

Eu desejaria apenas estar em um lugar diferente,

onde essa chuva não ameaçaria cair.

Agora meu corpo inteiro é frio,

uma faísca daquele fogo,

e eu me perco nos sonhos.

Talvez uma tossida

para sentir se meu coração ainda acompanha,

ou apenas para ver se ele não sucumbiu à alguma das doenças.

Um volta pelo caís,

e um dia aquelas árvores serão cortadas por quem às plantou.

Um circo para diversão,

porque lá fora os palhaços são aqueles despreocupados das tardes de domingo.

Algumas bebericadas no vinho e já estamos prontos para pagar de adultos

daqueles que esbanjam o dinheiro ganho com muito orgulho,

eles realmente devem saber o que estão fazendo.

Uma rápida faísca daquela chama,

e todos se agitam

em transformadora ganância hipócrita.

Há um vasto rio de lama,

preciso me esconder daqueles que pensam demais,

talvez eles estejam me vendo por trás dos muros pobres.

Não adianta ver os esqueletos agora,

não adianta ver e apenas anunciar em notícia,

não adianta ver

talvez eles estejam vendo por trás dos muros.

**

Narrador

Arya chega primeiro que o pai na porta, rindo. Haviam apostado corrida do carro até ali, e aquele tipo de interação não era muito comum entre eles. Principalmente com ele. Mas a garota percebia que agora que não havia muita saída, a distração estava sendo a melhor de todas, afinal, a vida não estava parando para eles.

- Eu quero ir logo - A voz da menor soa pela casa agora silenciosa. Logo em seguida a risada de Carlos.

- Vai passar rápido até semana que vem. Não faltam muitos dias. - Argumentou - Será melhor. Há muito ninguém aqui se diverte direito - Balança a cabeça, como se tivesse pensado naquilo todos os últimos dias, deixando algumas sacolas em cima da mesa da sala.

- Acho que ninguém tinha ânimo direito - Arya corrigiu, suspirando e tirando o celular do bolso - Acho que muita loucura aconteceu - Ergueu os olhos para o pai, que se virou, levemente pesaroso.

- Eu sei, minha filha - Tentou sorrir - Mas tudo que podemos extrair disso por enquanto, é nós mesmos. Sua mãe sempre se preocupou com a união da família. Você também. - Lembrou, bagunçando de leve os cabelos da garota, que sorriu de leve, olhando para o chão.