Dormiu bem?

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 Prometa para sua vida 

 que nada que eles disseram, 

 está certo. 

 É irônico pensar, 

 que meras palavras irão ferir quem já se fere sem ver. 

 Pequena criança, 

 eles não, 

 eles não decidem por todos, 

 porque ninguém ali foi alguma coisa, 

 e ninguém nunca será; 

 uma vez que se um for, 

 automaticamente todos seriam, 

 porquanto se as pessoas são únicas, 

 como generalizar um mundo onde todos morrem no fim? 

 As vezes o que dissermos, 

 pode ser duro demais para os que são duros como a realidade, 

 exatamente porque eles não

 sentem. 

 Dor, 

 Sim, todos a tem.

 mas poucos são os que conseguem 

 se comunicar com ela. 

 Eles não sabem, 

 o quanto aprendemos 

 sentindo e vendo o que os outros não veem. 

 Eles acham que vivem, 

 mas não sabem que ficam apenas com as migalhas dos dias míseros que vivem. 

**

Sam

Os meses voltaram.

Eu estava no pátio da antiga escola.
Ouvia risos abafados, como se fossem dados em baixo da água. Mas até então, eu estava sozinha.
A luz de festa inundava o ambiente com abundância. Parecia um lugar feliz e contagiante.

Aos poucos, a música começou a tocar. Parecia uma valsa, era lenta e envolvente.

Como no dia do baile, a noite caía. A música inebriante permanecia no mesmo volume, mas dessa vez, risadas e falas aumentavam de tom.

As pessoas iam se desenhando como uma memória apagada. Eu não havia visto como estavam felizes naquela noite.

Eu não me via. Mas me sentia com um copo nas mãos. Não via meus amigos. Apenas os outros estudantes. Brincavam, riam, mas nenhum estava triste.

Meus olhos se estreitaram. Se eu tivesse prestado atenção naquele baile...

A visão parou como em câmera lenta. A imagem foi ressaltada como em um telescópio. Lee andava no canto, colado à parede. Olhava para o chão enquanto dava passos lentos, com um sorriso largo.

Arrastava o machado.

A cena mudou como se eu estivesse programa para ver coisas que não vira, sentindo meu estômago revirar ao ver Kate, sentada em um dos bancos, no canto do pátio, olhando a multidão, como se gostasse de ve-los sorrindo, em ironia.

Em seguida eu vi um palhaço. Mas ele não parecia estar como os outros fantasmas. Parecia meio apagado. Como se sua alma estivesse longe. Mas ainda ali.

Senti que poderia vomitar.

Se eu tivesse prestado atenção...

Os fantasmas estavam rondando ali!

Tem Alguém Ai? - Volume 3Onde histórias criam vida. Descubra agora