Capítulo 8

505 28 5
                                    



Violetta:

– O que você está fazendo aqui? – meu pai perguntou.

– Vim concluir um exercício da escola –  justifiquei.

– Certeza? – perguntou desconfiado, tendo como referência o que ele acabou de ver e o que quase aconteceu.

– Pai, isso tem explicação!

– Claro que tem, não é León? – insinuou o pai dele, dessa vez.

– Eu espero que sim. Já pensou na sua irmã?

– Não tivemos a intenção.

León estava de cabeça baixa como mais cedo, não estava corado, devia estar mais preocupado. Desde que o conheci, trago problemas. Quando o papai falou em Ludmila, o sorriso largo estampado no rosto do pai de León desmanchou-se. Agora olhava severo para o filho. Logo eles saíram, me deixando a sós com León. Nós dois arrumamos uma confusão grande com os nossos pais. Ele não se mexeu, não falou nada e sequer me olhou.

– Eu não tive a intenção, você sabe disso. Mas caso aconteça alguma coisa, a responsabilidade é toda minha.

– Está me pedindo desculpa? Isso não resolve muita coisa! Se fosse a sua irmã e não o seu pai?

– Não mudaria nada. Se quiser eu me retiro agora e prometo não me aproximar. Tudo volta a ser como antes, pode ser?

– Também não exagera Violetta!

– Não estou exagerando! Só quero que pelo menos uma vez desde que te conheci... – controlei as lágrimas para que não caíssem ali, doía muito só de pensar em falar isso a ele.

E acabei por não dizer, corri até a porta e abri-a.

– Violetta – ele chamou.

– O quê?

– Não vai... - engoliu em seco – esperar o seu pai?

Eu sabia que ele não ia me pedir para ficar, mas também não respondi. Sai e fechei a porta.

León:

– Onde está a Violetta? – o senhor Germán perguntou quando voltou e não a viu.

– Ela já foi, achou que o senhor fosse demorar.

– Podemos conversar então?

Hesitei antes de responder. Temia o que ele me falaria ou me pediria.

– Claro.

– Porque fez aquilo? – indagou.

– Eu sempre tive o maior respeito pela Ludmila - mesmo com todas as besteiras que ela faz -, o que acabou de acontecer não foi com intenção ninguém sofrer, senhor.

Ele assentiu, olhando para o chão. Espero que esteja prestando atenção no que estou falando ou ao menos escutando. Vi a Violetta pela primeira vez há alguns anos, não a conheço muito bem, mal converso com ela, mas também não quero que sofra. Ela vai levar a culpa por isso e eu vou escapar pelo rodo. Não é justo. Será melhor para todos – até para a Ludmila – que isso tenha um ponto final aqui.

– Não quero que a culpe por isso, ela não merece. Já não basta a forma como ela é tratada pela irmã... Só pioraria tudo.

– Brigas entre irmãs é comum!

– É comum, claro que é. Só não é comum uma irmã rebaixar a outra sem motivo algum. Várias vezes escutei Ludmila a chamando de lixo, de sem-talento, de asteroide, de qualquer coisa que seja menor que ela.

– León eu...

– Já escutou sua filha mais nova cantar e tocar? – perguntei.

– Não – sussurrou, cabisbaixo e envergonhado.

– Pois deveria. Desse modo vai perceber o quão divina é a sua voz e que não há motivos para que o seu valor seja diminuído. Se o senhor desse pelo menos o mínimo de sua atenção a ela, acredite que já seria suficiente.

Violetta:

Quando cheguei a casa, rezei para que Ludmila não estivesse na sala e as minhas preces foram atendidas. Subi para o meu quarto, fechei a porta e deitei na cama.

Eu e León nunca estivemos tão próximos quanto nesses dois últimos dias, quanto hoje... Nunca fomos amigos que vivem se falando desde os meus catorze anos. No dia em que nos conhecemos, eu estava voltando do cemitério e duvidava da capacidade de atender aos pedidos de minha mãe – ser feliz, ser forte e amar -, de repente ele apareceu e mudou tudo. Ele me deu esperanças. Minha irmã o conheceu depois de mim e meses depois eles assumiram o namoro. Depois disso, minhas esperanças só diminuíram e o máximo que conversávamos era um "oi" e um "tchau". Ontem havia aquela timidez, nem a conversa interessante queria sair. Hoje foi tudo diferente e estava perfeito até eu bater a porta da casa dele. O que me afetou nem foi isso, uma porta se concerta – ainda espero não tê-la quebrado – mas um coração partido não se junta com cola, León me evitou e com certeza vai continuar me evitando.

– Ele nunca mais vai querer olhar na minha cara – pensei alto. Escutei algumas batidas na porta – entra!

Meu pai entrou no quarto, fechou a porta em seguida e me olhou, enquanto eu me sentava na cama.

– E-eu já... já expliquei tudo o que tinha para explicar – gaguejei.

– Não quero que me explique nada - sentou-se na cama de modo com que o fizesse estar cara-a-cara comigo.

– Como não?

– O León me explicou absolutamente tudo o que eu deveria saber – sorriu fraco.

– O senhor vai contar para a Ludmila?

– Não, mas tem algo que eu gostaria muito de saber.

– Se eu puder responder...

– Desde quando você e sua irmã brigam?

– Já faz tempo, pai até já me acostumei com isso! – baixei a cabeça.

– Por quê?

– Ora, não sei e nunca te contei porque o senhor não me deu oportunidade. A sua outra princesinha sempre vem em primeiro lugar, não?

Ele respirou fundo e várias vezes abriu a boca para falar alguma coisa, mas nada saia. Queria saber o que ele sentia naquele momento, mas eu também não deveria ter falado daquele jeito.

– Eu sei que nunca fui um pai perfeito para você, Vilu, mas isso não significa que eu não te ame o bastante para poder te defender... – ele segurou minha mão.

– O que quer dizer?

– Você não está sozinha, está comigo e enquanto eu viver farei de tudo para te proteger.

Então ele me abraçou pela primeira vez em oito anos, pela primeira vez desde sempre.

###

Se demorei? Só um pouco!

Vão me perdoar?

Espero publicar com frequência a partir de agora. Eu estava ocupada (de novo) e aproveitei o dia que não tem aula para estar aqui com vocês.

O que acharam desse capítulo? Opinem e não se esqueçam de comentar e votar (quanto mais deles tiverem, mais rápido eu posso continuar).

Beijão!

Amo vocês!

Um Amor Quase ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora