Capítulo 11

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Francesca é o tipo de pessoa que não para de falar. Hoje, a peguei falando sozinha na sala de canto, mandando calar a boca. Comecei a rir e dei graças por ela não ter escutado a minha risada escandalosa. Logo o Maxi, outra pessoa com quem eu contava muito, apareceu e me olhou confuso. Levei o dedo indicador a boca, pedindo silêncio e o puxei para fora da sala.

– Finge que você não viu aquilo – falei.

– Ué? Mas por quê? A Fran não estava falando com você?

Apontei para ela através da enorme janela de vidro da sala. Ela estava sentada em um puff amarelo e gesticulava coisas para si mesma. Acho que não aguentou me esperar. Quando finalmente deve ter se cansado, respirou fundo e baixou a cabeça. Olhei para o Maxi que apontou para a porta.

Entramos juntos e ela nos encarou.

– Vocês viram, não foi?

– Digamos que sim...

– Acho que não estou bem.

– Nós percebemos – Maxi disse e nós dois começamos a rir, ela, por sua vez, só deu uma risada fraca.

– Tenho me sentido só depois que o meu irmão voltou para a Itália... Sei lá, não é a mesma coisa. Quando ele estava aqui, eu tinha alguém que me desse ordens, que brigasse comigo ao fazer algo errado, que eu achei que sempre teve inveja de mim por estudar música, mas eu sei que apesar disso tudo ele me apoiava, me elogiava, me amava.

Por um momento, eu não soube como reagir. Nunca tive um irmã que estivesse comigo, mesmo com todos os problemas que nos separam. Se já tive, não me lembro. Eu não sentia falta, sentia vontade, mas acho que é impossível ver uma Ludmila boazinha.

– Vocês sabem que eu não tenho irmão e nem irmã de sangue, então não entendo como é se sentir assim. No entanto, tenho três irmãs de alma que eu amo muito e espero que isso as console, pois não é de hoje que vejo a Fran triste por causa do Luca e a Vilu por causa da Ludmila...

– Mas eu nem falei nada – notei rindo.

– Ainda – eles falaram em uníssono.

– Cá entre nós, Vilu: sua irmã é uma cobra – ela continuou.

– Por se defender antes que lhe façam algum mal?

Ela abriu a boca para falar alguma coisa, mas o Maxi não deixou e disse que daqui a pouco a aula de dança começaria. Choraminguei pela preguiça que sentia em trocar de roupa, mas logo fui buscá-la no armário. Um papel caiu quando eu o abri. Apanhei e li:

É arriscado te enviar isso, mas nem tanto quanto dizer que quero te ver. Podemos hoje à tarde na minha casa? Te espero. Um beijo!

– León

Mal podia esperar para que chegasse logo a tarde.

+++

Cheguei na casa de León às três horas depois do meio dia. Eu estava ansiosa por ser a segunda tarde que vamos passar juntos sem fazer trabalho do Studio. O que iríamos conversar? Já falamos de nós dois, sobre as nossas famílias e inclusive que o seu pai já deseja um neto. Respirei fundo antes de tocar a campainha. A mãe dele que atendeu e admito que foi um prazer conhecê-la. Ela disse que ele estava na varanda tocando, então fui até lá. Diminui o ritmo dos passos quando escutei a voz de Ludmila.

– Não reconhece que esses dias não temos nos dado muito bem?

– Reconheço, mas preciso dizer o porquê?

– Diz que é por causa da chata da Violetta – falou mordendo o lábio dele.

– Ela não é chata, eu gosto dela – ele a envolveu pela cintura e em seguida ela sentou em seu colo.

Céus!

– Não como gosta de mim, não é?

– Você veio aqui só para dizer isso?

– Não. Por que não agimos como um casal normal?

– Como um casal normal?

– Dar abraços e beijos, ir ao cinema juntos, coisas do tipo – explicou.

– Com você é difícil, não acha? Talvez eu pudesse te dar uma chance, mas você sempre coloca culpa...

– Eu também sinto ciúmes dela, sabia?

Ciúmes que parece mais com despeito. Não acredito nela e tão cedo vou acreditar.

– E eu já te disse que você é única para mim, não se rebaixe a ela.

Gelei. Ele falava de mim?

– Acho que eu te amo – ela disse.

– Eu também... – ele se aproximou mais e a beijou.

De repente senti o meu chão cair. Sou iludida, fui iludida e continuaria sendo se não tivesse vindo. León não arriscaria seu namoro de tantos anos por minha causa. Nada fazia sentido agora. Todas as palavras que ele dizia para me ajudar, os abraços, as vezes que saímos juntos, o bilhete... Claro que era mentira. O beijo parecia ficar cada vez mais intenso, por isso resolvi sair de lá. Só eu vi aquilo, eles não perceberam a minha presença.

Parabéns, Ludmila! Você conseguiu arrancar de mim algo que nunca foi meu.

Não duvido que com aquilo, os pais dele não fiquem felizes, aliás é um neto. Meu pai não iria gostar nada disso.

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Hey, eu disse que ia continuar o mais rápido possível! Até me atrasei na hora de me arrumar para um compromisso.

Rindo até agora da Fran, mas eu entendo. Vocês já
Não me matem pelo final desse capítulo, okay? Logo tudo vai se esclarecer e vocês vão perceber que essa história de netinho é mentira. 

Pobre Vilu... Em breve o seu segredo será revelado. O único palpite até agora é  da Love_Promises: ela matou alguém por acidente ou tentou suicídio. E qual o de vocês? Quero saber! Vou dedicar esse capítulo da revelação para quem acertar.

Vocês têm noção do quanto fico feliz em saber que estão gostando? Por favor, não se esqueçam de deixar o voto e o comentário.

Laryssa.

Um Amor Quase ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora