Capítulo 14

448 35 11
                                    

León estava parado na porta do quarto completamente confuso com o que estava acontecendo. Não sei o que ele escutou, mas, pela cara que tinha, foi o bastante.

– León, eu posso explicar! – Ludmila procurou se justificar.

– Eu escutei tudo, não preciso de explicação! – Ele respondeu seco.

– Eu não tive a intenção, não dava pra saber que o León escutaria isso!
Em minha defesa sai do quarto e só então comecei a chorar mais. Eu queria silêncio, paz e um momento a sós comigo. Pena que não consegui.

– É mais ele escutou! É como eu disse agora pra você: VOCÊ ESTRAGA TUDO! – Ludmila gritou indo atrás de mim.

– Ludmila, eu te peço que pelo menos hoje você me trate como sua irmã, não como sua inimiga! – implorei com lágrimas.

– Devo mesmo tratar a pessoa que acabou comigo por irmã? Eu acho que não, Violetta – ela riu irônica e foi para o seu quarto. Involuntariamente, acabei seguindo-a.

– Você fez de tudo para me magoar, não fez? No fim, conseguiu. Mas eu nunca deixaria de te chamar de irmã e jamais pensaria em te fazer chorar. Mesmo que você me odeie eu ainda sou sua irmã e nada vai mudar isso, nem querendo. Sempre teremos o mesmo sangue.

Sai do seu quarto, batendo a porta e fui para o meu. A porta estava entreaberta, o que não é estranho por que saímos de lá sem dar importância. Ao entrar, vi o estranho: duas embalagens de presente da livraria – obviamente, eram livros – e um buquê de flores acompanhado de um cartão. As flores eram gardênias e isso me fez questionar quem era. Nunca disse a ninguém que gostava dessas flores. Rapidamente peguei o cartão e li:

“Uma vez me disseram que os presentes mais simples são os melhores! Feliz aniversário, princesa!
– León”

Era mais uma mentira? Da última vez que recebi um cartão dele acabei me magoando. Dei de ombros. Deixei os livros e as flores em cima da cama. Mas quando me virei para trás, lá estava León.

– O que faz aqui? – Perguntei assustada.

– Vim te ver, ué? Você também é aniversariante! – León respondeu como se fosse óbvio.

– Você quem me trouxe? – Perguntei referindo-me as flores.

– Sim. Me perdoa? – Ele pediu.

– Pelas flores? – Perguntei.

– Não, pela carta que você recebeu. Eu não te chamei para ir na minha casa, nem muito menos chamei a Ludmila. Por favor, me perdoa? – León implorou me olhando nos olhos.

Procurei a verdade em seu olhar e lá ela estava insistindo para que eu o perdoasse. Eu sentia que era isso que devia ser feito agora.

– León... Tudo bem, eu te perdoo! – Falei por fim.

– Aquilo que você e a Ludmila estavam conversando era verdade? – Ele perguntou.

– Sim. – Falei baixo, mas acho que ele escutou.

– Não posso acreditar! – León disse passando a mão em seu cabelo.

– Você nunca mais vai querer olhar na minha cara. – Falei com cabeça baixa.

– Violetta...

– Só escuta – pedi.

– Uhum.

– Eu realmente pensei nisso, mas foi porque a Ludmila fez coisas horríveis comigo e sofri muito. Já não aguentava mais chegar na escola e escutar pessoas rindo de mim pelas características absurdas que ela dizia que eu tenho. Ela fazia questão de espalhar tudo sobre a minha vida. Além disso, eu era insultada, humilhada e excluída. Isso machucava e eu só pensava que com a minha mãe ao meu lado seria melhor.

Um Amor Quase ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora