Capítulo Dezessete

121 9 2
                                    


Não acredito que isso está acontecendo, não pode ser, estou aqui, no quarto que era da esposa do Calleb, provavelmente na cama onde fizeram amor.
Tanto tempo se passou, mas agora, tudo parece recente.
Tento me acalmar depois do banho, e encontro Frank no corredor.
- Oi linda, e aí, está com fome?
Agora mais que nunca eu preciso saber o que aconteceu, o que Louise fez para deixar o irmão e a mãe tão chateados.
- Frank, a sua irmã não vem?
Ele abaixa a cabeça e passa a mão na nuca.
- Cloe, eu não tenho mais irmã, não fale dela perto da minha mãe também, ela se entristece.
Eu seguro sua mão.
- Eu gostaria de saber o que aconteceu entre vocês.
- Agora não, depois eu te conto tudo tá.

Durante o almoço, ou melhor, durante o banquete, Sam me conta sobre a infância do Frank, e como ele era magicelo, rimos bastante, mas é estranho imaginá - lo assim, já que agora tem um corpo de causar inveja em qualquer homem.
No início ele não gosta muito das histórias, mas logo se junta a nós.
Depois de ajudar com a louça, vou com Frank até o quintal, que tem uma estufa incrível.
- Nossa, sua mãe gosta mesmo de flores!
- Ela adora, e cuida como se fossem suas filhas.
Ouço o telefone tocar, alguns minutos depois Sam aparece na porta, com um olhar preocupado.
- Mãe, estava mostrando suas filhas para Cloe.
Logo ele percebe que tem algo errado.
- Está tudo bem? Quem era no telefone?
- Louise.
Frank respira fundo e a tensão toma conta da sua voz.
- O que ela quer? O Noah deve ter contado que estou aqui.
- Ela quer te ver, disse que vem para o jantar.
Ele chuta de leve um monte de grama.
- Tudo bem mãe, eu prometo que vou fazer o possível para manter a paz.
Sam se aproxima e vejo uma lágrima cair em seu rosto.
- Obrigada filho.

Vai vir para o jantar. Hoje mesmo vou me encontrar com ela, e claro com Calleb, não tive coragem de perguntar sobre a criança. Não sei como ela irá reagir quando me ver, nosso primeiro e único encontro, não foi nada agradável.
Não posso negar que meu coração acelera só de pensar que vou vê - lo novamente, depois de tanto tempo.
Como deve estar, como será seu filho ou filha, se parece com ele?
Como reagirá quando me ver?

Frank me leva em um barzinho na mesma rua no final da tarde. Um lugar muito agradável, com música ao vivo.
O cara barbudo de rabo de cavalo e violão, pede sugestões de música.
O casal ao lado lê meus pensamentos e pede MOMENTS (ONE DIRECTION).

Foram muitas noites que passei em claro, ouvindo essa música.
Muitas lágrimas, hoje eu já consigo ouvir sem chorar, mas á um tempo atrás tive que deletar da minha play list, é como se a letra descrevesse o que eu sinto, uma estrofe em especial me faz cantar baixinho.
"If we could only have this life
For one more day
If we could only turn back time"
(Se nós apenas pudéssemos ter essa vida
Por mais um dia
Se nós apenas pudéssemos voltar no tempo).
Eu desejei voltar no tempo muitas vezes, eu vivi muito tempo sonhando com isso.
- Você está bem?
- Sim, eu só adoro essa música.
Ele me beija, e me sinto péssima, por não ser capaz de amar esse homem que daria o mundo por mim.
- Está quase na hora do jantar, vamos indo? Preciso me preparar, para manter a calma.
Aproveito para continuar no assunto.
- Frank, vai me contar o que aconteceu?
Ele toma mais um gole de wisque.
- Por quê o interesse repentino, você já sabia da minha relação com a minha irmã, nunca se interessou em saber o que aconteceu.
Ele tem razão, nunca me interessei, mas eu não sabia de quem se tratava. Frank também não sabe quem é o homem por quem sofri durante tanto tempo.
- É que agora eu estou aqui, vi o quanto a sua mãe também está chateada, sei lá, só quero poder ajudar.
Ele ri.
- Você não pode ajudar linda, ninguém pode.
- Acho que vai te fazer bem falar.
- A Louise é uma mentirosa, sem caráter.
Fico me perguntando como não desconfiei do fato de a minha cunhada se chamar Louise morar em Boston e também estar grávida na mesma época.
- Ela se casou com um dos meus amigos da época do colégio, mas tudo não passa de uma grande mentira.

Amigos? Calleb e Frank são amigos de infância? Isso não pode ficar pior.
- Mas e o seu sobrinho ou sobrinha? Você nunca fala dele ou dela.
Ele faz uma pausa, e me encara.
- Ela perdeu o bebê, quando estava com 4 meses aproximadamente.

Das tantas coisas que passou pela minha cabeça, não cheguei nem perto de imaginar isso.
- Eu sinto muito, mas ainda não entendo.
- Cloe ela culpa o marido por ter perdido a criança. O pior, é que ele nem se quer era o pai.
- O quê? Não era o pai?Mas o Calleb sabe que o filho não era dele?
Frank me encara novamente, dessa vez, ele quem está com um olhar de assustado.
- Como sabe que se chama Calleb?
Droga! Não estou preparada para contar tudo.
- Você já me falou dele, não é um nome muito comum.
Acho que ele caiu.
- Não, ele não sabe, vive se culpando pelo que aconteceu, é um pobre coitado.

Uma tristeza me invade, quando pensava em Calleb, imaginava feliz, com seu filho e sua esposa, mas pelo que percebi, ele vive preso a uma culpa que não é sua.
- Vamos linda, está ficando tarde.

A caminhada de volta é a mais longa da minha vida.
Estou ansiosa, e muito nervosa.
Estou a alguns minutos de ver o amor da minha vida, depois de dois anos, não sei o que irá acontecer.
Só sei que mais uma vez, perco o controle de tudo, e minha vida está no meio do furacão Calleb.

SEM CONTROLE Onde histórias criam vida. Descubra agora