Capítulo Dezoito

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CLOE

Nada é capaz de descrever como me sinto neste momento.
Minhas mãos estão suando, não sei como vou me comportar diante deles, especialmente, diante dele.
Em frente a casa, percebo que ainda não chegaram, sou tomada por uma breve sensação de alívio.
Sam abre a porta com uma expressão serena.
- Como foi o passeio? Espero que esteja gostando da cidade Cloe, gostaria que viessem morar aqui após o casamento.

Casamento? Oi?

Sei que Frank me ama, e sei que sonha em casar e constituir uma família, mas nunca pensei sobre isso, e não pretendo pensar agora, muito menos agora.
- Mãe!
Ele lança um olhar de constrangimento, e ela sorri.
- Só quero que ela saiba que já tem meu afeto querido.
- Obrigada Sam, é sempre muito gentil.
- podem ir tomar banho, logo logo o jantar estará pronto.
Frank pega minha mão e quando estamos na metade dos degraus:

- Eu quis dizer tomar banho separados heim... sou muito nova para ser vovó.

Não consigo controlar o riso, principalmente depois de ver as bochechas coradas do meu namorado.
- Mãe!

A minha preocupação em ficar bonita hoje está ao extremo, vou reencontra - lo.
Dois anos sem nenhum contato, dois anos tentando esquecer cada segundo que passamos juntos.
Aqueles olhos verdes que me faziam tremer, aquele riso torto que muitas vezes me deixou irritada e feliz ao mesmo tempo.
Seco meus cabelos e faço cachos, aplico rímel, pó, e um pouco de glos.
Gosto do modo como o vestido marca minha cintura, seu cumprimento até o meio das coxas, me deixam sensual na medida certa, na medida que a ocasião pede.
Quero que ele sinta que estou bem, que eu cumpri com a promessa de continuar a minha vida da forma mais natural possível.
- Cloe te espero lá em baixo!
Frank grita através da porta.
Antes que eu possa responder, ouço a campanhia e entro em pânico.
O meu autocontrole se escondeu em baixo da cama.
Todos já estão lá em baixo, isso significa que vou entrar na cozinha sozinha, que a atenção será voltada para mim quando isso acontecer, mil coisas passam pela minha cabeça.

E se eu disser que não me sinto bem, e vou ficar no quarto?

Não, isso só adiaria o inevitável.
Respiro fundo e quando finalmente abro a porta do quarto meu coração pula ao ouvir a voz dele.

CALLEB

- Frank, sinto sua falta cara! Quando termina a faculdade afinal?
- Ano que vem, se tudo der certo.

Eu fiz bem em ceder a insistência da Louise em vir até a casa da Sam, mesmo sabendo que a nossa presença não é muito bem vinda.
Ela e Frank costumavam se dar bem, mas depois que perdemos o nosso bebê, de alguma forma a relação deles foi afetada.
Não posso negar que ver o meu amigo me deixa animado, gostaria que estivesse por perto mais vezes, talvez isso devolvesse um pouco mais de cor para minha vida.
Nem sei se posso chamar o que tenho, de vida.
Convivo com uma culpa, ou melhor duas culpas.
As duas mulheres que se aproximaram de mim, tiveram suas vidas marcadas de forma negativa.
Sei que estou pagando por minhas escolhas, mas o meu maior castigo é viver sem ela, sem a minha Cloe.
Já são dois anos sem ver aquela cara de brava toda vez que eu fazia algo idiota de propósito. Dois anos sem sentir seu cheiro, sem ouvir sua voz.
Sei que deve estar bem, melhor do que poderia estar comigo.
Mas temo que eu a tenha transformado em uma mulher incapaz de ser feliz, incapaz de acreditar no amor novamente.
- Vamos Jantar, devem estar com fome!
Sam é sempre muito educada, tenta deixar o nosso encontro em família o mais pacífico possível.
- Espere! tem alguém que quero que conheça Calleb.
Louise dá um tapinha no ombro do irmão.
- Alguém é? Até que enfim sua namorada veio conhecer a sua família maninho.
Ele tenta relevar a provocação.
- Já volto.

Alguns minutos depois, meu melhor amigo está na minha frente, segurando a mão da mulher que eu mais amo no mundo.



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