Capítulo Três

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Duas coisas estão bem claras para mim.
Primeira: Eu me apaixonei pelo meu primo.
Segunda: Eles não voltaram por acaso, vieram em busca de algo.
Quanto mais penso, mais confusa eu fico.
Eu precisava de respostas.
Anoiteceu e Calleb não voltou para casa. Encontro minha tia na cozinha e não resisto, preciso saber.
- Oi tia!
- Oi querida.
- Está tudo bem? Parece preocupada.
- Não é nada, estou só pensando na vida.
- Tia, sei que algo está te preocupando, gostaria de poder ajudar. Eu já sou uma mulher de 19 anos, não precisa me poupar.
- Calleb não voltou para casa e não consigo dormir quando ele sai assim.
"Quando ele sai assim"
- isso acontece com frequência?Ele tem 20 anos, deve ter seus motivos para passar a noite fora, mas ele nunca avisa?
- Calleb sempre foi muito amoroso comigo, e mesmo já sendo um homem, nunca me deu dor de cabeça.
Mas as coisas mudaram, agora ele só sente desprezo por mim.
Seus olhos se enchem de lágrimas.
- Não pense isso tia, Claro que ele te ama muito.
Decido que esse não é o momento para perguntas.
- Não se preocupe, ele só deve estar conhecendo a cidade, vá descansar.

São duas da manhã, quando Calleb entra batendo a porta e rindo alto.
Mas ele não está sozinho, tem uma loira, alta e com grandes seios abraçada á ele.
Ouço quando fecham a porta do seu quarto.
Ele está com uma garota no quarto ao lado, eu estou morrendo por dentro de ciúmes. Por quê ele está fazendo isso? Especialmente depois que deixei claro o que sentia.
Resisto a tentação de ir até lá e colocar essa vadia para fora da minha casa, e levá - lo , se quisesse .
Ok, ele fica.
É impossível dormir com esses ruídos que mais parecem animais.
Finalmente amanhece e aqui estou eu, com muito sono e com olheiras, resultado da péssima noite que tive.
Desço em busca de uma xícara de café forte, minutos depois, ouço a voz da minha tia.
- Filho, Você não pode simplesmente trazer garotas para a casa da sua tia.
- Minha tia? Ela não é minha tia!
Quê?
- Eu entendo a sua revolta, mas não pode me tratar assim pelo resto da vida.
- Eu não quero ficar nem mais um segundo nessa casa, eu não tenho nada haver com essa gente, nem com você, chega de mentiras!
- Calleb, volta aqui!
Ele passa por mim como um furacão, carregando suas coisas, nem se quer me olha.
Quando chego ao quarto, minha mãe está consolando a minha tia.
- Elle, ele está confuso, dê um tempo para ele.
- Ele me odeia, quer ir atrás de alguém que nunca quis notícias dele.
Do que estão falando? Quem é essa pessoa que Calleb está procurando?
- Alguém quer me explicar por favor o que está acontecendo?
- Cloe a sua tia não está em condições de explicar nada agora, depois conversamos.
Ligo para Jane, preciso sair, respirar.
- Amiga, podemos sair para alguns lugar? Preciso conversar.
- Cloe está chorando? O que aconteceu?
- Só preciso que diga sim .
- Sim, claro! Vou com o carro do Jake te buscar e te sequestro ok?
Meia hora depois estou no Starbucks, chorando sem parar.
- Cloe, você precisa se acalmar, para poder me contar o que aconteceu.
Uma garrafa de água depois, e eu ainda estou esperando alguma reação da minha amiga, ao saber de toda a confusão.
- Então o seu primo gostoso é Gay, mas te jogou na parede, e te fez tremer como vara verde?
-  Ele não é gay, só precisava da calcinha para mostrar para uma garota que ele deixou, queria que ela pensasse que estava com outra.
- Uau!
- O problema é que tem algo por trás desse retorno. E agora ele saiu de casa.
- O problema é que você está completamente apaixonada por ele.
- Sim, esse é o maior dos problemas.
Jane sempre consegue me acalmar, muitas vezes eu nem preciso falar, só deixar que faça tranças no meu cabelo.
Na noite do acidente que levou meu pai e o meu irmão, ela estava comigo em casa, e ao receber a notícia, me colocou no colo, e diminuiu um pouco da minha dor.
Jonas era para mim o perfeito irmão caçula, chato, e sempre tinha razão em tudo.
Mas além de irmão, ele era meu amigo, adorava ficar no quarto comendo pipoca e jogando vídeo game com ele.
Meu pai sempre foi mais carinhoso que a minha mãe, ele dizia que assustaria todos os meu pretendentes, para que eu nunca deixasse de ser a boneca dele.
Já se passaram cinco anos, mas a dor ainda é a mesma.
Jane me deixa em casa, e quando estou me preparando para entrar, meu celular toca, o número já não é desconhecido.
- Calleb, você está bem?
- Cloe, pode vir até mim?
- Sim, eu vou, mas você está bem?
- Só preciso te ver.
Ele quer me ver? Ou melhor, precisa me ver. Ele vai me enlouquecer antes que eu possa entender.
Em um momento passa por mim, sem me olhar na cara, em seguida me liga e diz que precisa me ver.
Vou até meu quarto para pegar minhas chaves e dirijo ao som de Simple plan, minha banda preferida desde os 16 anos.
Quando chego ao endereço, vejo que é bem familiar, a rua da casa da Jane.
Um condomínio não muito grande, no final da rua, entro e pego o elevador até o quinto andar.
Calleb abre a porta do apartamento e me convida para entrar.
- Vai morar aqui? Por que saiu daquele jeito?
- Por quê faz tantas perguntas?
- Se me chamou aqui, é por que pretende me responder algumas.
- Te chamei aqui para explicar uma coisa.
Meu coração já estava se preparando,  como se sentisse o que estava por vir.
- Cloe o que aconteceu entre a gente não vai se repetir.
- E o que te faz pensar que eu quero que se repita?
Estou tentando não chorar.
- Cloe, eu não sou um cara legal, você é o tipo de garota para se apresentar ao pais, eu eu não sou do tipo que apresenta.
- Calleb eu...
Ele se senta no sofá, e me coloca entre suas pernas, seus lindos olhos verdes estão diferentes, tem muita dor neles.
- Aquilo não foi só um beijo, foi surreal. Eu nunca senti tanta vontade de ficar perto de alguém como sinto de você. Meu corpo responde a cada olhar seu.

Eu não tenho mais forças para segurar as lágrimas, e agora sabendo que ele sente o mesmo que eu, só quero poder sentir seu cheiro sem medo.
- Sei que sente o mesmo, mas isso tem que parar.
- Por quê? Não foi uma escolha, mas é como se eu tivesse te esperado a vida toda.
Entre lágrimas e soluços, eu o beijo, sem medo, sem pudor. Somos só eu e ele.
Sempre sonhei com um beijo daqueles que dão um frio na barriga, e aqui estou eu, sentindo arrepios pelo corpo inteiro.
- Cloe...
Antes que ele possa protestar , encaixo minhas pernas em cada lado do seu colo e afago seus cabelos.
Ele aperta minha bunda, e geme na minha boca.
Consigo tirar sua camisa e fico em chamas ao ver seu abdômen tão definido, e suas tatuagens espalhadas até o peito.
-  Deus Cloe... Não faz isso
- Eu quero você, mesmo sabendo que não deveria, por que somos primos, mas é mais forte que eu.
Ele imediatamente me tira de cima do seu corpo, e me olha fixamente.
- Eu não sou seu primo!

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