Capítulo Dez

129 8 2
                                    

Dois meses depois...

Hoje é o grande dia.
Minha mãe e Tom decidiram se casar apenas no civil, e fazer um jantar em nossa nova casa, para alguns familiares e amigos.
Vamos morar com meu padrasto até que fique tudo certo para a abertura do restaurante.
Ela preferiu alugar a casa que eu cresci, já que vai construir uma nova vida, quer começar com uma página em branco.
- Mãe, eu vou subir, tenho que arrumar minhas roupas no armário. Você está linda, boa viagem, divirta - se.
- Obrigada filha, vamos ficar três dias em Las Vegas, mas qualquer coisa me liga, se cuida, amo você.

Meu novo quarto é grande demais, estranho de mais. Depois de desfazer as minhas malas, me jogo na cama e fico olhando para o teto, ainda não contei para minha mãe que tranquei a faculdade, vou esperar até que volte da lua de mel, administração definivamente não é o que eu quero fazer. Preciso de um tempo, tudo que aconteceu me deixou muito confusa.
Me apaixonei pelo meu primo, que não é meu primo, mas que vai ser pai em breve.
Calleb me liga diariamente desde que deixei o seu apartamento, quando a Louise chegou, mas eu o ignoro, ele provavelmente foi na nossa antiga casa, não sabe que nos mudamos, pedi que a tia Elle não contasse onde estamos.
Jane encontrou o casal no supermercado do bairro, já são praticamente vizinhos. Eu a proibi de me dar notícias deles, não me interessa, só quero virar a página e seguir com a minha vida, nunca vou esquecê - lo, mas não temos a menor chance juntos.

CALLEB

Vou ficar louco, não aguento mais, Cloe não me atende, e se mudou.
Sua amiga Jane não quer me contar onde ela está, mas eu não vou ficar parado, preciso encontrá - la.
Sei que estou sendo egoísta, mas preciso dela, nunca senti isso por nenhuma garota, não posso deixá - la ir assim.
Esse sofá está me matando, preciso resolver a minha situação com a Louise, mas não sei como.
Vou tomar um banho e vou até a casa da Jane, ela tem que me ajudar.
- Bom dia amor!
Louise está dormindo no meu quarto, não posso manda- lá embora nessa situação, sei que seu irmão mais velho faz faculdade e mora aqui na cidade, então pretendo levá -la até ele.
- Louise não se esqueça que amanhã terá consulta.
- De novo com esse papo de consulta, está duvidando de mim?
- Tenho direito de acompanhar a gestação, certo?
- O que pretende? Você diz que não quer nada comigo, mas vamos ter um filho, como será isso?
Eu me levanto para ir tomar banho, ela entra na minha frente e aumenta a voz.
- Me trocou por aquela garota sem sal? O que vai fazer Calleb? Me abandonar e correr para os braços dela?
- Isso não é da sua conta, vou te acompanhar na consulta, e encontrar um lugar para você morar.
- Vai fazer o mesmo que o seu pai fez? Vai me abandonar, vai deixar que seu filho cresça sem um pai, assim como você?
Minha mãe nunca me falou muito sobre o meu pai, ela sempre tentou suprir a sua ausência. Nunca fui de me queixar sobre ele ter feito muita falta, mas de certa forma ele fez. Eu nunca soube o que responder quando me perguntavam sobre ele. No dia dos pais, eu sempre faltava na escola, não fazia muito sentido entregar o desenho da aula de artes para minha mãe.
- Cala a boca Louise!
Eu entro no banheiro e de repente a minha ficha cai.
Ela tem razão, a Cloe tem razão, eu não posso fazer isso. Não posso deixar que a história se repita.

Meu filho merece ter a chance que eu não tive.
Mesmo que isso custe a minha própria felicidade.

Depois do banho, entro no quarto para pegar uma roupa, e ouço a Louise no telefone.
- Eu vou ficar bem tá, não se preocupe.
Ela desliga quando me vê parado na porta.
- Era o seu irmão?
- Por quê quer saber? Por acaso está com ciúmes?
Ela tenta tirar a toalha enrolada na minha cintura.
Vou até o armário e pego uma cueca uma calça preta e a primeira camisa que encontro.
- Era o seu irmão?
- Sim.
- Onde ele mora? Faz tempo que não nos vemos, seria muito bom vê-lo de novo, não tenho amigos aqui.
- Ele disse que quer me apresentar alguém com quem está saindo finalmente, nos convidou para ir ao cinema, os quatro.
Não estou no clima para cinema, muito menos dessa forma, como se fôssemos um casal. Mas o Frank e eu sempre fomos amigos, e depois que ele se mudou por causa da faculdade, nos afastamos, mas seria muito bom ter alguém para conversar.
- Vou pensar. Agora preciso sair.
- Vai atrás da...
- Não precisa terminar a sua ofensa desnecessária. E não, eu não vou atrás da Cloe, só preciso respirar.
Jane mora na mesma rua que eu, conversamos algumas vezes, ela e o namorado Jake são legais.
Vou até a casa dela, tentar arrancar alguma notícia da Cloe, mais cedo ou mais tarde teremos que conversar, então que seja logo.
Me sinto um pouco mal por vir sem avisar, mas não tenho seu número, então, vou arriscar.
Fico parada em frente à porta alguns segundos até que crio coragem e toco a campanhia. Por sorte, a própria Jane abre.
- Calleb, oi!
Ela me olha sem entender o que estou fazendo ali.
- Jane, desculpe aparecer assim, podemos conversar?
- Sem problemas, só estou surpresa, está tudo bem?
- Sim, só queria conversar um pouco.
- Entra por favor, o Jake está na cozinha, estamos tentando preparar uma lasanha.
- Posso voltar outra hora, não quero atrapalhar.
Ela me puxa pelo braço e fecha a porta atrás de mim.
- Nada disso, você fica. Jake, temos companhia para o lanche da tarde!
Entramos na cozinha e Jake está de avental e touca de cozinheiro, admiro a forma como eles parecem se dar bem.
- Calleb, que surpresa!
- Pois é, estou carente de amigos, para o azar de vocês.
- Jane, trás um pouco de licor para o nosso amigo carente aqui.
- é pra já!
O tempo passou rápido, eu realmente aprecio a companhia dos dois, até consegui sorrir.
Quando finalmente tenho a oportunidade de perguntar sobre Cloe, a porta da sala abre e uma mulher alta com cabelos castanhos e olhos claros entra.
- Oi Mãe!
A mulher cumprimenta Jane e Jake com um beijo no rosto e então olha para mim.
- Calleb essa é minha mãe Julie.
- Mãe esse é Calleb, ele é primo da Cloe, filho da Elle, você deve lembrar dela, eram vizinhas né?
Julie fica calada por alguns minutos, e seu olhar muda de sereno para preocupado. Eu continuo de pé com a mão estirada, até perceber que ela não vai me responder, ela se vira para sua filha.
- O que ele faz aqui?
- Mãe, o que é isso? Ele é nosso amigo, já disse, é primo da Cloe.
- Isso não me importa, não quero essa gente aqui, já me basta ter que aguentar aquela garota!
Ela sobe as escadas com a cabeça baixa.
- Calleb por favor me desculpe por isso!
Jake lhe entrega um copo com água, e eu continuo de pé, sem entender nada.
- Desculpe cara, ela não suporta a sua família.
- Por quê?
- Minha mãe morava ao lado da casa da Emma, e a Elle morava na rua de trás. Eu e a Cloe não éramos nascidas quando começou a briga entre elas. Quando eu nasci elas já não se falavam. Nove anos depois, meu pai nos deixou, e viemos para cá.
Não sabemos o que aconteceu.
Sua mãe se mudou para Boston dois anos antes do meu nascimento, e só sei de tudo isso por que o pai da Cloe nos contou.

Que loucura, o que essa mulher pode ter contra minha mãe e a minha tia?
Depois dessa confusão, prefiro falar sobre a Cloe outra hora.
Me despeço deles, e quando passo pela sala, algo chama a minha atenção.
Um porta retrato com a fotografia de um homem com uma garotinha no colo.
Eu já vi aquele rosto antes.

SEM CONTROLE Onde histórias criam vida. Descubra agora