Coração de Gelo(Hyoga&Shun)

Capítulo 10 - Chances

Milo retirou seus óculos e com um suspiro abandonou seu livro. Tinha decidido passar uma tarde tranquila de leitura em sua casa naquele dia mas parecia que seus planos não iam se concretizar, ele só esperava que não fosse um de seus amigos querendo arrasta-lo para algum lugar. Mesmo após um mês desde seu reencontro com Camus, ele não estava no clima para farrear como antes, mas o loiro nunca ia admitir que na verdade todo o seu desanimo era porque que ele tinha uma ponta de esperança de que o ruivo ia procura-lo. De repente sua campainha começou a tocar continuamente e aborrecido ele marchou a porta pronto para uma discussão quando deu de cara com um Shun assustado.

− O que aconteceu? - Perguntou Milo puxando o garoto para os seus braços. Shun já tinha vinte e cinco anos mais para Milo ele sempre seria aquele garoto de quinze anos assustado, depois de estar só no mundo ao perder os pais, que ele encontrou dez anos atrás.

− Nós nos beijamos. - Murmurou Shun tremendo um pouco nos braços do tio.

Milo sorriu. Só Shun mesmo para estar tão assustado por causa de um beijo, no entanto as palavras que escutou em seguida o fizeram fechar o semblante.

− Acho que estou apaixonado por Hyoga.

− Tem certeza? - Perguntou o loiro, pegando a mão de Shun e o puxando para o seu quarto o sentando em sua cama e sentando-se de frente para ele. Quando Shun não tinha falado nada sobre Hyoga, nem mesmo quando ele perguntava, achou que o sobrinho já havia superado sua obvia paixonite pelo vizinho e resolvido levar a relação apenas como amizade. Como ele não conseguiu ver aquilo acontecendo? Mas pensando bem ele tinha estado mais desligado desde Camus do que queria.

− Eu não sei. - Respondeu Shun. - Passamos esse último mês praticamente todo juntos e pude conhecer o Hyoga por trás da fachada de sedutor. Sabia que ele é médico? - Perguntou Shun com um pequeno sorriso.

− Um médico tesudo. - Disse Milo para causar graça e ver seu sobrinho relaxar. - Aposto que aquele loiro fica uma delícia em seu uniforme.

Shun concordou corando um pouco, lembrando-se do dia que o tinha visto sair para o trabalho pela primeira vez, tão lindo em seu uniforme branco, os óculos de grau com moldura preta de nerd tinha sido uma surpresa mas que definitivamente só havia deixado o loiro mais bonito.

− Ele é muito comprometido com o trabalho, assim como eu sou, mas fora isso e algumas pequenas coisas somos tão diferentes como o sol e a lua. Hyoga é uma borboleta social. Quando não está no trabalho ou comigo está fora em algum lugar e apesar dele não saber que eu sei sai quase todas as noites e só volta na manhã seguinte, aposto que faz sexo quando quer, ele é exatamente igual a Afrodite.

Milo inspirou audivelmente a menção do ex namorado de Shun. Nunca mais o sobrinho havia falado de Afrodite após o termino e assim como ele havia previsto, o jovem Yukida parecia ser a chave para a liberdade de Shun de sua concha.

− Shun, você está sendo injusto. Não pode comparar o Hyoga com o Afrodite. Até mesmo eu que estou de longe sei que Alexei não é igual a ele. Afrodite desde início sempre foi...

− Promiscuo. - concluiu amargamente Shun.

− Talvez. - Disse Milo e se odiou o que ia fazer agora que Shun havia se aberto. - Mas apesar de estar amando que você finalmente está falando sobre o seu ex não é ele que precisamos discutir agora.

− Eu sei, porém não é a mesma situação que eu vivi com Afrodite que estou vivendo com o Hyoga? Eu não sabia desde o início que habitávamos mundos diferentes e ainda sim quis me aventurar em um romance para no final ser traído e abandonado?

− Talvez sim, talvez não. Apesar de algumas semelhanças já disse que é injusto você comparar os dois, mas o mais importante de tudo é que se você não tentar nunca vai saber o que poderia ter sido.

− E se eu tentar e me machucar? Eu nem sei quais são as intenções do Hyoga além do fato de que quer transar comigo.

− Então eu estarei aqui para você como sempre estive. - Afirmou Milo. - Mas estarei torcendo pelo seu final feliz.

Milo observou várias expressões passarem pelo rosto de Shun, sorrindo quando ele assumiu uma expressão determinada naquele rostinho belo. Shun tinha tomado finalmente sua decisão.

− Obrigado Milo. - Falou Shun se erguendo. - Também estarei torcendo para o seu final feliz.

Milo não entendeu as palavras do sobrinho até que o mesmo pôs a mão no bolso e tirou a carteira, retirando um cartão dela e entregando a ele. Milo arregalou os olhos vendo o nome Camus Chevalier impresso no cartão e levantando os olhos para perguntar a Shun aonde ele havia conseguido aquilo, no entanto seu sobrinho já tinha partido. Baixando os olhos ele olhou novamente para o objeto em sua mão, na última vez Camus disse que queria conversar e talvez estivesse na hora de seguir seus próprios conselhos e deixar aquela conversa finalmente acontecer.