Capitulo 47 - Percebendo a realidade

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Just Friends CAP 47

JACK ON

E lá estava eu: paradão no jardim, sorrindo pra uma mina que não me ama mais. A situação seria um pouco mais patética se ela não tivesse sorrido de volta. Poderia ficar aqui por horas só descrevendo o efeito daquele sorriso sobre mim, mas vocês já sabem: ele tem a capacidade de foder comigo e me fazer bem em questão de segundos.

— Eai, Jack Daniels!

E por falar em foder...

— Sam.
— Mano, tu viu a Sofia por aí?
— Não.
— Que saco.
— Tu já falou com a Becca?
— Falar o que?
— Sei lá. Agradecer.
— Osh, agradecer o que, mano?
— Nada, Sam. Esquece.

Ele ficou em silêncio um pouco, mas depois voltou a falar.

— Ah, velho. Eu sei que ela ficou no hospital comigo e pá, só que tu não entende.
— Então me explica.
— Tipo, tu lembra que a gente tava ficando antes dessa parada toda né? Então, eu também tava pegando a Sofia.
— Mano...
— Espera. E pela primeira vez, eu me sentia bem, velho. Eu não precisava de um milhão de gurias pra pegar, só as duas tavam de bom tamanho.

"Só" as duas. Nem questionei. Por ser o Sam, aquilo até que fazia sentido.

— O foda era que eu não conseguia decidir entre nenhuma delas. A Sofia... Mano, a Sofia é uma mina que me mostrou um sentimento que eu não fazia ideia que podia ter, muito menos merecer. Já a Becca... Eu não preciso nem dizer que ela fode bem pra caralho.
— Sam, mano!
— Foi mal! Mas tu sabe... Ela tem esse jeitão de quem nunca quer nada com nada, mas na verdade quer e sabe tudo o que quer. Isso fode comigo, e não é no bom sentido.
— Na moral, onde tu quer chegar com tudo isso?
— Calma, velho. To quase lá. - ele retomou. — Uma noite antes do acidente...
— Você é a Becca tavam vivendo um filme, eu sei.
— Exatamente. Foi bom pra caralho. Mas aí aconteceu tudo, e quando eu acordei a Sofia tava lá. E ela me falou umas paradas insanas. Que me fizeram pensar bem sobre o que eu to fazendo nessa porra de vida. Diferente da Becca. Então eu meio que comecei a enxergar as coisas desde o começo. Eu e a Becca não começamos certo. Então nós provavelmente não vamos acabar do jeito certo. Talvez o que eu mais precise... - ele olhou pra Sofia, que estava dançando perto de umas gurias da nossa sala. — Sempre estivesse na minha frente. Desde o caralho daquela festa de Halloween.

Fiquei quieto só pensando naquilo tudo. Era meio impossível acreditar que o Sam, meu Sammy, estava mesmo se abrindo comigo com um assunto tão extinto da sua vida: sentimentos. Por parte eu tava mal por saber que ele realmente viveu coisas legais com a Becca, mas por outro lado eu tava feliz por ele estar realmente gostando de alguém que não fosse ela. A Sofia sempre gostou do Sam, e isso não é nem nunca foi uma novidade. Isso só prova o quão superficial foi eu ter traído a Becca com ela. Porra, ela devia me perdoar. Tanto pela traição quanto por ter deixado ela ir embora. Eu não deveria ter feito isso. Eu devia ter pedido para ela ficar. Ou insistido, implorado, ajoelhado aos pés dela e até mesmo ter aparecido com um cartaz escrito "fica, por favor". Eu devia isso a ela, depois tudo que a gente passou, no minimo isso.

— Eu fico feliz, Sam. De verdade.

Ele sorriu pra mim dando uns tapinhas nas minhas costas, depois saiu andando e gritando qualquer coisa pra um cara fumando narguilé.

Que merda de bad. A Mayra continua com o JJ, a Sofia com o Sam, até o Nash ainda tá com a Isabela. A Becca seguiu em frente, e eu to aqui. Parado no tempo, como se nada tivesse mudado nunca. Meu maior desejo era fugir dali, de tudo aquilo. Mas em meio a toda vontade de desaparecer eu pensei; para onde iria? E foi então que caiu a ficha: não tenho um lugar pra ir. Caso tudo dê errado eu não teria para onde correr. Foi então que eu cheguei à conclusão de que precisava de um ponto de partida. Algo novo, algo que fosse mudar essa cena toda. Nova Iorque era a resposta.

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