Capítulo 23 - O início do fim

826 51 25
                                    

/Anteriormente

- Eu não tenho nada urgente pra falar contigo, Nate. - respirei fundo, e pensei bem.

Se eu tivesse alguma coisa pra dizer pra ele (e eu tinha) tinha que ser agora. Sem ressentimentos, e sem treta por que tipo, a gente ta em um casamento e nossos pais estão aqui.

- Na verdade... Eu até quero falar com você sim. - sorri. /


Becca ON

- Então fala. - Nate disse assim que saímos pra sacada.

Ele encostou nos balaustres de vidro, que reparei pela primeira vez. A cobertura, apesar de ser em um prédio, era sem dúvidas maior que a minha casa. Antiga casa. Só a sala onde acontecia a festa davam umas duas da de lá. A sacada não era muito diferente, mas tinha um sofá de madeira, com o estofado bege encostado na parede do canto, em baixo de uma prateleira que carregava umas flores.

A noite aqui em Sharks era sempre escura, mas o condomínio ficava num local bem iluminado pelos outros prédios, o que me fazia lembrar do Arizona. Comecei a me lembrar de como eu adorava ficar lá com o Nate, olhando pro céu sem fazer nada. Era o único momento em que nós éramos realmente nós. E de repente, tudo acabou.

- Eu queria dizer que... Bom, na verdade eu queria perguntar.

Nate me olhava com atenção, como se estivesse intrigado.

- Fala.

- Por que a Erika?

Ele ficou em silêncio por um segundo, mas respondeu:

- Eu era um moleque. Não sabia a garota incrível que você era.

- Cala a boca, Nate. Sem mentiras.

- Não to mentindo. Eu sempre curti você, Becca, porra. Eu errei mas...

- Errou feio. Errou muito feio. - agora era a hora. Resolvi falar tudo o que estava na minha garganta. - Eu te amei, cara. Mas que merda, você não serviu nem pra reconhecer isso! Eu não sei nem... Explicar uma coisa dessas. Você sempre foi tão único, tão diferente dos outros que eu acabei esquecendo que lá no fundo vocês são todos iguais. Não mudam. Você simplesmente resolveu terminar comigo, e levar tudo o que tinha de bom em mim. Você lembra daquele dia? - comecei a lacrimejar de raiva. - É tenso até lembrar dessa porra, por que você foi na minha casa, caralho, Nate! Você foi na minha casa, e depois de dizer um monte de merda ainda me desejou boa sorte! Eu nunca fui boa em nada, quem dirá sorte. Minha única sorte tinha sido você, e foi você quem estragou isso. Entendeu né? Foi tudo culpa sua, e dos seus erros.

Nesse momento eu já chorava de tanto ódio, mas foda-se. Eu precisava falar, e ele precisava ouvir

- Não fala como se eu fosse o culpado! Você quer mesmo saber o porquê de a gente ter terminado, beleza, eu te conto. - ele fez um gesto com as mãos, como quem não se importasse. - Tu lembra aquela noite que meus pais brigaram não é? Brigaram por minha culpa, aliás. - ele respirou. - Eu nunca me senti tão mal daquele jeito, e era um saco pra mim ter que admitir que a porra da minha família tava me afetando. Eu sempre fui tão forte. Mas mesmo assim doía. Eu queria te ligar, contar pra você. Mas você não tava lá. Tava naquele caralho de shopping com a minha irmã e o Kian. Eu achei que você tinha ficado com ele!

- Mas eu não fiz isso!

- Não foi o que pareceu. - dessa vez quem lacrimejava era ele.

Senti uma pontada de culpa. Não que o Nate fosse a vítima dessa história, longe disso. Mas eu também não tenho coração de ferro. Ele realmente se sentiu mal e eu não tava lá pra dar uma força. Eu poderia estar fazendo qualquer coisa naquele momento, mas eu estava com o Kian. A pessoa que o Nate mais odeia no mundo. E era só pra provocar. Talvez a culpa não tenha sido totalmente dele.

JUST FRIENDSOnde histórias criam vida. Descubra agora