Capítulo 23- Gentileza e de graça e o amor também.

38 5 1
                                    

Lembre-se que gostar de alguém não e o mesmo que amar.
Gostar eu gosto do meu quarto, do meu macacão jeans, da minha cama, dos meus CDs da Beyoncé.
Já amar, amar eu amo o Dagner.
Foi aí que eu me perdi quando achei que gostar do Jason seria motivo suficiente para ama-lo.
Não fantasie uma relação só porque está com medo de arriscar em outra, tira essa mania da cabeça que todo mundo irá magoa-la e a cisma idiota de que sempre será de propósito, afinal, você já magoou as pessoas também não e mesmo? E um dia você também precisou de uma segunda chance.
Então não se contente com o pouco só porque o muito te assusta, você sempre irá se magoar, e só escolher por quem valeria a pena.

Acordo com uma dor de cabeça dos infernos, era hoje o dia da viagem com o Dagner e eu não tenho psicológico para isso.
Me levanto devagar e abro a porta sem fazer barulho.
São 6:47h da manhã e o Rick está sentando no sofá com um pote de sorvete na mão e com uma colher enorme daquelas que usamos em casos de emergências amorosas, seus olhos estavam vermelhos provavelmente por causa do choro é ao mesmo tempo que fixados a nossa TV entendi o motivo. Como eu era antes de você. Esse filme é horrível para librianos.

- Oi amiga - sua voz soava animada - Odiei. - ele disse apontando para a TV.

- Estou cansada de assistir a esses filmes românticos. Só me fazem chorar. - Digo irritada

Sento ao lado do Rick e ele começa a rir

- Você está precisando de sorvete também. - Ele disse me entregando a colher.

- Sorvete engorda! - eu disse enfiando a colher no pote e a enchendo de sorvete

- Tudo bem ser gordinha, amiga. Você já viu um gordinho assassino? - ele pergunta fazendo carinho na minha cabeça

- Não. - eu disse com a boca cheia de sorvete

- Já viu algum gordinho assaltante ou maníaco?

- Não. - eu disse sorrindo enchendo mas uma vez a minha colher

- Então amiga, gordinho e só amor. Fica gordinha comigo, só vamos comer e não faremos mal a ninguém. - Ele disse sorrindo e me dando um beijo na testa

- Porque acordou cedo? - Ele perguntou pegando uma colher cheia de sorvete

- Eu também adoraria saber, não sei oque me deu. E você está acordado porque? - pergunto franzindo a testa

- O Jack me ligou bêbado. - Ele disse revirando os olhos e me contou detalhe por detalhe do vexame pelo celular que o Jack passou.
Não consigo controlar o riso quando o Rick disse que até declaração de amor em público, ele fez.

- Mas agora vai deitar amiga, você tem uma viagem marcada. - ele diz empolgado

- Que eu estou quase cancelando e fingindo um desmaio. - reviro os olhos

- Não começa amiga, não desanima. - ele diz pensando positivo e eu apenas acento com a cabeça. Se tem uma coisa que eu aprendi com o Rick e que ele não lida muito bem com respostas negativas então sorrio e vou para o meu quarto que de repente, parece um paraíso celestial e me jogo na cama para preparar minha mente para o furacão de mas tarde.

Estava tendo um sonho maravilhoso aonde chovia hamburguês e eu não abria o guarda chuva, quando sou acordada. Ah não.

- Em meia hora você tem uma viagem marcada. - Ouço o Rick falar parado em frente à cama com os braços cruzados.
Me levanto lentamente indo em direção ao banheiro o ignorando, tiro a roupa e deixo a água descer lentamente pelo meu corpo na tentativa falha de aliviar a tensão. É preciso de duas horas de banho para que isso aconteça, mas como só tenho meia hora saio do chuveiro.
Visto um roupão branco e escuto o meu celular tocar, o atendo cogitando a possibilidade de ser o Dagner, penso em recusar mas lembro-me que ele me mataria e a minha cota de ligações recusadas está nas alturas.

- Estou saindo do banho. - Digo antes que ele pergunte
- Que bom meu amor, daqui a alguns minutos estou aí. - Dizendo isso desligo o celular.

Visto um vestido preto básico e calço minhas sapatilhas, ajeito uma trança rápida e arrumo as minhas coisas.

- Sua roupa está ótima - Diz o Rick empolgado - Para quem vai para a igreja.. - Ele termina, reviro os olhos para ele.

- Ótimo, talvez ela tenha uma aparência boa de mim. - digo fechando a minha mala

- De brega? - ele diz revirando os olhos - Separei seus remédios. - ele disse indo em direção a sala

Eu tenho um probleminha com viagens, quase sempre, me faz mal e não ajudava o fato de eu não estar nem um pouco afim de ir ou coisa do tipo, eu só queria dormir até tarde e hoje, justo hoje minha cama tirou o dia para estar mas atraente.

O Dagner não demora a chegar e eu me despeço do Rick com um abraço demorado como se eu fosse passar anos fora e vou em direção ao carro enquanto ele grita "qualquer coisa me liga" "tome os remédios, caso passe mal" "fique bem" "EU TE AMO" ele disse mas alto, sorrio.
Vou em direção ao carro apertando minha bolsa contra mim, assim que entro no carro o Dagner sorri e prende o cinto em mim e logo em seguida beija a minha testa.
Aconchego me ao banco e sinto as mãos do Dagner segurarem as minhas e as apertarem forte, o ouço sussurrar "vai ficar tudo bem" e então viro-me para a janela.
Repito para mim mesma que carros são seguros, legais e bonitos tentando evitar qualquer tipo de coisa.

- Você está bem? - virei a minha cabeça e vejo o Dagner preocupado, aceno que sim e volto a olhar para a janela.

Eu decidi que olhar para a janela só me deixaria mas enjoada então fiquei encarando a minha imagem no espelho. Piorou.
Parei para prestar atenção na música que tocava no rádio mas tudo que vinha à minha cabeça era a palavra, enjôo.
Comecei a apertar a palma da minha mão e uma sensação agoniante tomou conta de mim então deitei novamente a minha cabeça no banco e respirei fundo tentando lembrar-me de uma musiquinha que a minha mãe cantava para mim quando eu era criança

1,2,3
4,5,6
7,8,9
O 10 e quem responde, por que?

Coloquei a minha mão sobre as minhas pernas e só assim me dei conta, eu estava soando.

-Você quer o remédio agora?

- Não. - respondi - Depois eu me acostumo e somente no início.

- Maia? - o Dagner me chamou novamente abri meus olhos e me deparei com a sua imagem me encarando com uma espécie de preocupação

- Está tudo bem. - eu disse

Foi então que o senti tocar a minha mão e logo em seguida aperta-la, levantei minha cabeça para encara-lo e os seus olhos estavam vidrados na estrada enquanto sua mão fazia força para eu parar de tremer, eu queria tirar a sua mão da minha perna e gritar para que ele me deixasse tremer em paz, mas logo uma sensação de bem estar tomou conta de mim, senti um calor percorrer o meu corpo como se ele estivesse me pegando no colo.
Pude perceber que minhas pernas pararam de tremer, senti o choque do toque dele em mim e um tempo depois adormeci, mas as suas mãos continuaram ali.
Como se ela estivesse no lugar certo.

Quando chegamos a Filadélfia eu estava tão exausta da viagem que daria tudo para me deitar e dormir o restante do dia inteiro.

A rua era composta por mansões, quase não haviam carros estacionados nas esquinas. A movimentação nas ruas era visível.
Contemplo a fachada bonita do prédio com uma pequena placa escrito 203.
Um portão enorme de vidro e um telhado embutido dava o ar de elegância.
Ele para o carro em direção ao enorme portão de vidro até um senhor sorridente aparecer e abri-lo para que o Dagner entre e estacione o carro.
Saio do carro olhando para o prédio, isso é enorme.
Vejo uma porta se abrir e uma senhora loira vestindo um traje elegante sai dali, percebo que o seu vestido e verde musgo e a deixa linda ela se aproxima em pequenos passos e percebo que e a mãe do Dagner. Meu coração dispara.
Ela vai em direção ao Dagner ignorando totalmente a minha presença ali

- Meu filho, quantas saudades eu senti de você. - ela disse o abraçando
- Mãe, essa é a Maia. - ele diz apontando em minha direção, pude perceber a sua feição mudar, ela me olhou de cima abaixo e eu não pude deixar de perceber o seu desgosto em me ver ali mas não mudo a minha postura pelo contrário a olho firme e estendo a minha mão para ela.
- Prazer, sou a Maia Sangernão.

Desapega, Julieta.Onde histórias criam vida. Descubra agora