Capítulo 28- Siginificado de força

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A vida já te deu uma rasteira? Daquelas que você cai, tropeça, quebra o nariz, borra a maquiagem e estraçalha o coração? Faz você sentir dor, perde os sentidos, mudar o rumo e quando você consegue levantar faz você pensar que é realmente forte. Já?
Já terminou o namoro de anos e seguiu em frente? Parabéns você é forte.
Superou amizades falsas? Parabéns você e forte, tinha razão.
Perdoou alguém que lhe fez mal? Parabéns pois para isso você precisa ser realmente forte.
Já superou a perda de alguém? Ops.. Desculpa, toquei na ferida? Não chora vai, não foi por mal. Quantas pessoas você não verá jamais? Eu sei, não temos controle o tempo passa rápido, hoje você o viu e de repente amanhã não o vê mais.
Não quero fazer você se sentir mal.
Era só para te mostrar que é esse o significado de ser forte não são as coisas que você já superou mas as que você será obrigado a superar dia após dia.. como a saudade.. Ah a saudade.. Saudade dói..

Acordei com o sol batendo na minha cara. Merda!
Olhei para o lado e vi a cama vazia, então ainda estamos brigados? Não teve bom dia? Nem café da manhã na cama? OK.
Suspiro. Frustante isso.
Fiz minha higiene matinal e não encontrei o meu pai perambulando pela casa, estranho.. Pois já são.. Procurei pelo meu celular até o encontrar no meio das cobertas e ver que já passam das 10h.
Eles foram sequestrados!!
Não, ninguém aguentaria esse trio. Devolveriam antes das 11h.
Sorrio com o meu pensamento e vou procura-los pela casa
Acho um bilhete colado na geladeira

"Fui levar os meninos para conhecer a feira, cuide de sua mãe voltaremos antes do almoço. Ps: te amamos e o Dagner já perdoou você. Com amor, papai ".

Não controlei a risada. Isso é sério?
Vou até o quarto da minha mãe vê se ela está bem e lá estava ela dormindo feito um anjinho.

O anjinho mas lindo.

Me deito para assistir a alguns desenhos e me distrair enquanto os senhores homens da casa não chegam para preparar o almoço pois a madame aqui quer relaxar hoje.

Levo um susto com a minha mãe parada em frente a porta do quarto. Respiro fundo pensando cautelosamente no que dizer pois posso falar algo que ela não goste e isso pode virar algo ruim

- Mamãe, quer alguma coisa? - pergunto sorrindo

- Banheiro. - ela disse sem nenhum sorriso, seu semblante sério se endureceu ainda mas quando eu movimentei o corpo para levantar do sofá

- C-claro mamãe, eu levo a senhora. - eu disse

- Sei o caminho. - ela disse fria caminhando até o banheiro

Fui atrás em pequenos passos para não assusta-la e entrei no banheiro com ela

- Eu quero usar o banheiro. - ela disse fazendo sinal para que eu saísse

Mesmo assustada eu fiz oque ela pediu mas antes a ouvi sussurrar "eu me lembro de você, me lembro.. sei que lembro" e então fechou a porta

Fiquei a aguardando sai do banheiro e cada minuto se transformava em horas..

Aquilo me dava agonia.

Uma sensação ruim se apossou de mim.

Não aguentava mas.

Precisava tomar uma atitude

Eu tinha que saber que ela estava bem. Será que ela iria? De novo? Não.. Não.. Mas.. Vamos ter certeza né?

Meu pai havia me dito que tinha uma chave reserva em baixo do vaso de plantas da cozinha corri até lá e peguei a chave

Abri a porta do banheiro em desespero

Não. Não.

NÃAAAAAAAAAAAO.

Minha mãe estava deitada no chão. Ao redor do seu corpo tinha sangue ainda fresco.

Sua pele estava pálida fazendo contraste com o líquido vermelho a sua volta. Seus lábios roxos estavam quase brancos.

Me joguei ao seu lado sem me importar com o sangue pelo chão do banheiro. Trouxe ela para o meu colo.

Eu só conseguia pensar "Mentira, Deus. Por favor, mentira".

Ela estava gelada

- Mãe.. - eu disse cutucando ela

- Mamãe.. - eu disse chorando

- Você não vai me deixar não é? Não é mamãe? - eu disse chorando ainda mais

Coloquei a mão em seu pescoço vendo se ainda tinha respiração.

Ela não estava mas lá.

As lágrimas desciam feito cachoeira e os soluços cada vez mas alto eu a apertava chamando como se ela fosse acordar..

Agarrei o seu corpo é o apertei contra mim...

- Mãe.. - eu disse suplicando para que ela acordasse

- Por favor, mamãe. - eu disse mais uma vez

- Não vá, por favor, não me deixe. Porque? Porque vai me deixar mãe? Sou sua filhinha.. sua garotinha..- eu disse acariciando seus cabelos

- Acorda MÃE! - eu gritei

Senti meu corpo tremer aquilo não podia estar acontecendo não comigo, não agora

Olhei para trás e dei de cara com o choro do meu pai, a tia Naná me olhava enquanto acenava um " não " com a cabeça um não de dor, um não confirmando que aquilo não era um sonho e que você realmente havia falecido.. O Dagner e o Rick estavam em choque para ter qualquer reação e poucas lágrimas escorriam dos seus olhos..
E então só me lembro de ouvir uma sirene de polícia ou bombeiros anunciando a chegada.

Me vi perdida naquele caos e quando olhei para minhas mãos cobertas de sangue, sangue da minha mãe não me aguentei e as lágrimas caiam feito cachoeira.

O cenário era perturbante, nunca imaginei passar por isso, não tão rápido. Eu quase a perdi uma vez e agora por descuido a deixei ir.

Eu corri para os braços do meu pai como uma criança corre para o braço dos seus pais depois de assistir a filmes de terror e não falei nada, só chorei. Chorei feito uma criança que precisava de colo, porque naquele momento era de colo que eu precisava.

Vi a polícia recolher o seu corpo é não pude me conter corri a sua direção abri o saco preto que eles haviam te colocado é pedi pelo amor de Deus, para que Jesus tivesse pena de mim e não a levasse me agachei segurando a sua mão e só conseguia chorar

- Mãe.. Não mãe.. Eu queria tanto que você acordasse. - disse chorando

- Porque logo você, mãe? Não vou aguentar viver sem você. - eu disse suplicando e senti o toque suave da mão do meu pai em meu ombro

Ele se agachou e sussurrou para o policial "pode levar o corpo" parou a minha frente me abraçou e então pude olhar em minha volta a tia Naná chorava mas que o normal, o Rick estava com o Dagner ambos me olhavam sem saber qual atitude tomar e então sinto um beliscado forte no meu braço.
Sinto a dor da agulha e antes de me entregar ao sono vejo o Dagner e o Rick correrem a minha direção e então tudo fica escuro..

E então você percebe que nada e mas certo que aquela bendita frase clichê: "Você só sabe o tamanho da sua força quando a sua única alternativa e ser forte".
E talvez esse seja o significado de força os momentos em que realmente precisamos ser fortes.
Ser forte vai além do que você enfrenta hoje e vence amanhã de manhã força e luta constante, batalha do dia a dia.
Cada um sabe o fardo que carrega e hoje o meu e a saudade.
Eu te desejo toda força para momentos difíceis e o dobro dela para lutas constantes. Fique forte, seja forte.

Desapega, Julieta.Onde histórias criam vida. Descubra agora