Capítulo 30- O preço do último adeus

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Qual o preço que pagamos pela última despedida? Dezenas de multas, carro apreendido, inúmeras conversas com o senhor delegado, brigas repetidas com o Dagner, dormir embreagada todas as noites e acordar fedendo a alcool e tropeçar em garrafas de whisky pelo quarto. Isso não duraria muito, eu sei. Eu que sempre me achei equilibrada estava tentando achar algo para me apoiar, sempre me considerei cabeça firme e naquele momento estava de cabelos em pé, eu que sempre me achei pé no chão procurava por braços para me segurarem por que os meus pés estavam em qualquer lugar menos no chão, eu sempre me considerei uma pessoa justa e séria e nesse momento eu estava completamente sem razão alguma. Quando e que eu deixei as coisas ficarem desse jeito? Não podemos se entregar a tristeza. Aceitar a queda, muito menos ficar com ela. Hoje eu ouvi do Rick que ele não me reconhecia mais, ele me perguntou repetidas vezes oque eu estava fazendo da minha vida e eu não sei. Oque adianta todos os whisky se quando o efeito passa você só se sente mas destruída e as lembranças vem a tona? Eu sei, ninguém está preparado para perder alguém mas você querendo ou não, eu querendo ou não tenho que aceitar porque a vida continua. Ela não para e nem vai parar só porque eu acho que preciso de tempo para me recuperar e eu tive que entender isso e a parte mas dolorosa e quando você precisa entender, porque se acostumar com a vida de embriaguês sem ligar para nada e muito fácil o dificil e levantar depois e naquele momento eu percebi que eu perdi a razão e quando perdemos a razão queremos se jogar no chão, gritar, berrar até conseguir se levantar. Vergonhoso, eu sei. Mas esse e o preço que paguei pelo último adeus.

Alguns dias depois...

Alguns dias se passaram e eu precisei voltar para casa, minhas aulas na faculdade começaram e percebi que a minha vida precisava continuar.
Confesso, que antes de entender que a "vida continua" e que "devo recomeçar" ou qualquer outra daquelas frases clichês que sempre dizem eu devo ter saído no meu carro algumas vezes em busca de paz. A paz que me redou inúmeras multas, oque foi melhor que ter sido detida por estar dirigindo embriagada.
Ótimo sou um péssimo exemplo para a sociedade agora.
Eu sei, eu sei tudo oque eu fiz, essa reação rebelde foi uma tolice digna de vômito.
Conforme os dias iam passando tentei manter a minha mente ocupada cada vez mais para eu não enlouquecer felizmente faltava apenas alguns meses para a minha formatura, oque significa que além de me preocupar em arranjar um emprego para pagar as multas ainda tinha que me preocupar com as burocracias da universidade. Ótimo.

Hoje eu e o Dagner iríamos para um jantar na casa de sua mãe e lá estariam o presidente, sua filha, senadores, aristocratas e tudo oque se possa imaginar estaremos comemorando a inauguração da empresa do Dagner.
Não, ele não deixará de ser professor mas também será dono de uma empresa que foi inaugurada a dois dias e já e uma das mais famosas do mundo consequências de quem e filho de pais ricos e famosos.
Ele também teve a idéia de colocar os seus alunos formados para trabalhar lá, será uma ótima oportunidade para que cada um ganhe tempo para chegar ao seu objetivo ou o seu próprio negócio. Confesso, será dificil fingir que não o conheço afinal, ele e o meu professor e será o meu chefe também. Isso pararia em todas as capas de revistas e jornais sem contar as piadas enfamês e o preconceito entre outras coisas e por outros motivos continuaremos escondidos da mídia e eu irei somente como uma convidada normal para esta festividade.

Olhei ao redor do meu quarto procurando por algum vestigío do Rick. Mas não havia nada ali, além de umas boas garrafas de whisky jogadas pelo chão do quarto. Ótimo, minha cabeça já não doía pois eu já estava acostumada com a ressaca. Levantei imediatamente e vesti o meu roupão, o espelho acima da minha mesinha me mostrou uma Maia com olheiras escuras, cabelos encaracolados e grandes borrões pretos abaixo dos olhos. Odeio não ser como a Mega Fox ou aquelas mulheres da televisão que acordam lindas e maquiadas, mas aí lembrei que isso só acontece em novelas ou nos livros do Nicholas Sparks.
Tudo bem acordar feia de manhã, mas eu estava destruída.
Sai do quarto procurando pelo Rick e o encontro no sofá com o Taylor, lembram do menino da boate que uma vez o Rick me largou para dar uns bons beijos nele? Pois e, era ele.
Estavam os dois sentados no sofá comendo pipoca e assistindo a alguma baboseira na televisão.
Parei na porta da sala desejando que eu pudesse dar meia volta e sair da sala sem que eles possam me ver.

Desapega, Julieta.Onde histórias criam vida. Descubra agora