Prólogo

7.9K 854 76
                                    



Dominic Lennox

Uma lesão no joelho. Quem poderia dizer que uma lesão no joelho me tiraria da guerra? Eu que já havia me machucado de tantas formas, seria afastado por causa de uma lesão estúpida no joelho. Fora da tenda encarei aquela vista arenosa e feia, havia escombros para todos os lados, memórias de mortes e dor; o vento soprava forte e assoviava, eu tinha a sensação de que aqueles que matei em campo estavam ali assoviando ao vento, seus fantasmas zombando de mim.

Ao menos você voltará para a casa inteiro – disse um deles.

Inteiro? Eu voltaria para a casa inteiro? Depois de tudo o que vi e fiz, eu duvidava que um dia ficaria inteiro de novo. Uma parte de mim ficou para trás quando fui embora do Arizona, uma parte de mim foi embora com Amanda, uma parte de mim foi perdida com a morte de Raphael; o maldito realmente não permitiu que eu fosse morto em campo, e agora outra parte de mim foi perdida naquele campo de batalha.

Peguei o celular via satélite que encarei pela última meia hora, precisava avisar minha família que eu estava voltando, poderia trabalhar na fazenda, afinal montado em um cavalo eu poderia me locomover sem problemas, caminhando também claro, mas sempre que eu caminhava demais a dor em meu joelho ficava excruciante. Tão excruciante que me cegava. Por isso a dispensa.

— Como você está? — Luke estava ofegante, algo estava errado.

— Oi cara, eu estou bem. O que aconteceu?

— Vimos o que aconteceu na TV, estávamos preocupados com você. Mas que bom que está bem.

— O que Diabos aconteceu?

— O bombardeio, em vários lugares...mas fico feliz em saber que você está bem. — Ele parecia evasivo.

— O que você não está me contando Luke?

— Nada cara.

— Porra cara é melhor me contar logo. — Pressionei.

— È a Amanda cara. — Meu coração deu um salto e então foi como se parasse por alguns milésimos de segundo.

— O que aconteceu com ela?

— A área em que ela estava foi bombardeada...— Sentei-me em um caixote encarando o nada, foi como se tudo ao meu redor ficasse em câmera lenta, até mesmo o vento estava soprando mais devagar, como se temesse a próxima palavra de Luke, tanto quanto eu.

— Ela está...? — Não consegui pronunciar a próxima palavra, não concebia a ideia de viver em um mundo onde Amanda não estivesse.

— Não sabemos, ela e a filha estão desaparecidas, não conseguimos contato com ela.

— Filha? — Agora eu entendia o porquê as cartas cessaram no último ano, ela deve ter se apaixonado e teve uma filha.

— Sim ela...

— Não importa! Onde aconteceu isso? — Eu estava cagando e andando se Amanda tinha se apaixonado, eu iria tentar salva-la ainda assim.

— Dom porque você quer saber?

— Me diga onde diabos ela está Luke! — Exigi.

Ele me disse a área que fora bombardeada e onde Amanda estava na última ligação que ela fizera para Travis. Ela estava retornando para a casa com sua filha quando tudo aconteceu. Ela estava indo para a casa sozinha com a filha, será que ficou viúva? Diabos isso não importa. O que importa é que não contei ao meu irmão que fui dispensado, eu simplesmente esperei o pelotão sair para patrulhar a área.

Vesti-me como um civil e pedi que um dos meus companheiros me levasse até o Cairo, disse-lhe que minha família iria me esperar lá com seu jatinho. Ele não acreditou muito em minha palavra, mas me levou até lá. Lá eu pretendia conseguir uma condução até a Líbia.

Eu iria resgatar Amanda e sua filha, as levaria para a casa, ela estava viva eu sentia isso. Ela não poderia estar morta... não poderia. Sem Amanda eu não conseguiria viver... eu iria me juntar a ela.

Limpando as lágrimas dos olhos, lembrei-me das palavras de meu melhor amigo Raphael.

— Essa guerra vai acabar e vamos vencer e então; vocês dois vão se casar em uma tarde de primavera e terão um amontoado de filhos e seus filhos vão brigar com meu Devon, mas como ele será mais velho irá ignorar aquele monte de pivetes ranhentos, você vai ter sua Amanda de volta cara. Te garanto. — Disse ele.

— Espero que você esteja certo Raphael, espero mesmo que esteja certo.

— Eu sempre estou certo. Sempre.

Encaramos as estrelas naquela noite, foi duas semanas antes de Raphael dar a vida por mim. O maldito tinha um filho e uma mulher que amava e ainda assim deu a vida por mim. E o idiota me disse "obrigado" antes de morrer. Eu queria mata-lo por fazer isso, mas ele já estava morto.


Um ano e alguns meses antes...


Caro Dom,

Sinto muito por Raphael, ele era um bom homem e sempre gostei muito dele, apesar de toda a influência que ele teve sobre você. Daisy deve ter ficado devastada em perde-lo, quando eu for visitar o Arizona uma vez mais irei vê-la, ela deve estar precisando de conforto. Mas ao menos ela tem o pequeno Devon, uma parte de Raphael, o resultado do amor de ambos.

Temo meu querido Dom que se um dia você partir para sempre eu não terei um pedaço de você junto comigo como tem a Daisy. Um filho é um legado. Algo que sempre nos fará lembrar do querido amor que partiu. Uma pena que o amor de Daisy não curou o desejo de Raphael de vingar a morte dos pais.

Isso nos faz pensar na vida e se o que estamos fazendo vale mesmo a pena. Minha vontade de ajudar as pessoas não diminui, mas devo dizer que essa vida aqui em meio ao caos está me cansando. Um dia você irá se cansar da guerra meu amado Dominic? Será que um dia iremos nos reencontrar? Mantenho em meu coração a esperança de que essa resposta seja um belo sim.

Sinto saudades.

Sempre foi você Dom. E sempre será.

Com amor...

Amanda O'Connor


CAPÍTULO 1 SEGUNDA-FEIRA

AS POSTAGENS DESTA HISTÓRIA SERÁ TODAS AS SEGUNDAS, QUARTAS E SEXTAS.

ADICIONEM NA SUA BIBLIOTECA O LIVRO 9 TAMBÉM, QUE AS POSTAGENS SERÃO TODAS AS TERÇAS E QUINTAS.

OBRIGADA AMORES POR EMBARCAREM NESSA NOVA HISTÓRIA COMIGO.

AMO-OS 

Sempre foi você - Série Lennox - Livro 8 (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora