Capítulo 2

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Dominic Lennox

Oásis de Siuá,

876 quilômetros de distância de Líbia

Foram quase oitocentos quilômetros do Cairo até onde eu estava agora, foi uma longa estrada no calor escaldante de quase 50 graus; Deus quando eu voltasse para a casa convidaria Amanda para passear em Londres, como eu desejava a chuva, o frio e as nuvens cinzentas de Londres. Amanda Iria adorar conhecer Londres.

Eu me sentia exausto dentro daquele Jipe, estava acordado há cinco dias, tirando pequenos cochilos, mas sempre atento a qualquer atividade suspeita. Eu havia me misturado a eles, usava vestes árabes e minha barba estava tão grande que em pouco tempo eu seria confundido com o falecido Bin Laden.

O Egito não era tão bonito quanto eu imaginava que seria, era seco, e quente demais; mas era muito melhor do que o Afeganistão. Lembro-me de quando Amanda e eu éramos crianças e sonhávamos com as pirâmides, ou quando brincávamos que ela havia sido capturada pela múmia e eu o príncipe do Egito iria salva-la. Aquilo me fez sorrir. Lembro-me que Luke sempre se queixava, afinal ele sempre fazia o papel de múmia, e minha mãe sempre nos dava bronca pelos rolos de papel higiênico vazios, afinal Luke precisava se parecer com uma múmia.

Dirigi pela estrada seca e árida, com nada a minha frente a não ser areia, peguei a garrafa de água no banco do carona e bebi com vontade, haviam quatro garrafas de dois livros de água no banco traseiro e galões de gasolina cheios no porta malas, não sabia quanto tempo ainda iria dirigir, só sabia que deveria prosseguir sempre e sempre. Amanda esperava por mim, eu sentia isso.

Um homem apareceu na estrada, pedindo carona, ele usava roupas parecidas com as minhas e em sua mão estava um pedaço de papelão com escritas em árabe, eu não entendi o que dizia, mal entendia o que eles falavam quanto mais o que escreviam. Eu acelerei o carro, iria passar direto por ele, poderia ser uma grande emboscada e eu não iria correr esse risco. Porém o homem parou em frente ao carro, bem no meu caminho e não pude fazer nada a não ser pisar firme no freio. Já matei homens demais para ter mais um em minha consciência.

— Ajuda! Ajuda! — Disse ele em árabe. Encarei o homem que parecia desesperado vir até o meu lado.

— O que você quer? — Perguntei no idioma dele.

— Minha esposa! Minha filha! Preciso salva-las. — Ele falou mais algumas coisas mas entendi apenas isso, não saberia dizer o que mais ele falou já que ele tagarelou sem parar e rápido demais.

— Entre, Líbia...eu...vou....Líbia. — Eu não sabia falar quase nada naquela língua estranha, e esperava que ele me entendesse.

— Líbia. Sim, minha filha e minha esposa estão lá. — Disse ele e sorriu.

— Vamos logo. — Ele logo sentou-se ao meu lado, ofereceu-me água de seu cantil, mas recusei com um gesto com a cabeça.

Estaria esse homem procurando a mesma mulher que eu? Bem seria uma ironia e tanto do destino se isso estivesse acontecendo comigo.


*******

Jalu, 517 quilômetros de Líbia

Estava tarde já e resolvemos parar para acampar, descobri que meu companheiro de viagem se chamava Ari, demorei a entender o que ele dizia, mais aos poucos conseguirmos nos comunicar, ele carregava uma bolsa com água e alguns alimentos, como salada de trigo, Kafta e outros. Típicos alimentos árabes.

Sempre foi você - Série Lennox - Livro 8 (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora