Capítulo 5

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Dominic Lennox

Despertei e encarei o teto, será que tudo fora um sonho? Porém ao me sentar na cama de madeira senti uma fisgada no joelho e me dei conta de que aquilo não era um sonho, era bem real. Consegui colocar meus pés no chão e vi a caneca com o chá que Amanda tinha me dado após nosso reencontro. Certamente foi aquela bebida horrorosa para a dor que me fez apagar, isso e os dias em que passei viajando com Ari, será que ele estava com sua filha?

Filha. Isso me fez lembrar que Amanda teve uma filha, com outro homem. Como ela pode? Pensei. Mas também depois do que lhe causei no passado não era de admirar que ela tivesse encontrado outro alguém. A gente se sentia muito solitário naquele lugar, longe dos entes queridos, ficamos carentes e emotivos. Cheguei a ver muitos soldados se consolando nos braços uns dos outros em meio à guerra, tudo para ter um calor humano, um toque carinhoso em meio a toda aquela tortura. Meu calor humano, meu toque de carinho foram as cartas de Amanda, que mesmo depois que cessaram reli e reli as antigas.

— Ah você acordou. — Amanda entrou no quarto e sorriu para mim, ela vestia uma burca e rapidamente a tirou revelando seus cabelos negros. — Como se sente? — Meu coração voltou a bombear acelerado, eu não conseguia acreditar ainda que tinha encontrado ela, sã e salva.

— Estou muito bem. — Fiz um gesto com a mão e ela aproximou-se de mim. — Posso te abraçar um pouco mais? — Pedi. Ela assentiu e então segurei-a firme em meus braços.

— Nem acredito que você está aqui, assim, tão perto de mim. — Disse cheirando seus cabelos.

— Mas eu estou. — Ela afastou-se do meu abraço e me encarou. — Dom, assim que você estiver melhor, precisamos sair daqui. Não é seguro para nós...

— Eu sei. Nós vamos sair, amanhã.

— Mas e o seu joelho?

— Até amanhã já estará bom, temos que partir Amanda...o quanto antes irmos para a América melhor.

— América... — Ela suspirou. — Quem diria que eu sentiria tanta falta de tudo lá.

— Até mesmo do senhor George? — Brinquei.

— Oh Deus principalmente do senhor George com sua casa branca e suas dezenas de bandeiras americanas tremulando em volta de sua casa.

— Você tinha medo dele quando criança.

— Ele usava umas costeletas e se vestia como Abraham Lincoln. — Justificou ela.

— Só porque ele se vestia como o nosso 16º presidente você o temia? — Zombei querendo arrancar dela uma risada. E consegui.

— Ele era assustador Dom. — Ela me deu um soco de brincadeira no braço. — Ah como sinto saudades de casa, nunca mais quero sair de Flagstaff de novo.

— Nunca pensei que diria isso, mas eu também. — Falei.

— Dom, há alguém que quero que você conheça. — Ela disse e assenti, engoli em seco por alguns momentos. Eu iria conhecer a filha de Amanda, suspirei e a encarei.

— Tudo bem. É a sua filha, não é mesmo? — Disse tentando não transparecer que eu havia ficado chateado com aquilo.

— Sim, é a Aisha... tenho certeza de que você irá adora-la, ela completará quatro anos daqui três meses e estou ansiosa para estar em casa com ela para que ela tenha sua primeira festa de aniversário.

— Espere, Amanda. — Encarei-a confuso. — Como sua filha pode ter quase quatro anos e você nunca a ter mencionado? — Fiquei ainda mais chateado por ela nunca ter mencionado a menina nas cartas, ter me escondido isso como se fosse um segredo sujo.

Sempre foi você - Série Lennox - Livro 8 (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora