De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.
- William Shakespeare.✟__✟__✟__✟__✟__✟__✟__✟
O atrito causado pela pressão em que mantinha seus joelhos sobre o piso de madeira era um tanto quanto incômodo. Densas gotas d'água afloravam de suas duas grandes orbes esverdeadas, constratando com o suor que escapava feroz e descontrolado por sua pele nua, que era banhada pela luz pálida que emitia da Lua pela janela aberta. Era uma belíssima cena a ser apreciada; Seu corpo esguio e suavemente curvilíneo, sua pele branca que comicamente poderia ser comparada à cor de papel, seus lábios entreabertos e avermelhados como a intensa cor de sangue que corre sob suas veias eram adornadas pela luz gélida e insinuante do luar. Seu corpo estava inclinado, seus cotovelos postos sobre a cama e seus rebeldes cachos moldando sua face, mais desordenados do que o costume. As maçãs de seu rosto estavam fortemente rosadas, a respiração ligeiramente ofegante e seu corpo numa alta temperatura devido a libertação do êxtase que acabara de ter, e os dedos longos entrelaçados enquanto pedia perdão a Deus pelas barreiras da decência que foram vigorosamente ultrapassadas.
A culpa prevalecia em seu semblante amargamente como folhas mortas após o veranizar do clima, como sempre acontecia quando finalizava. A sensação de imundície já tão provada precocemente por sua alma ressurgia aceleradamente, a angústia invadindo seu peito com o retrocesso que seu psicológico tanto sadicamente parecia prezar. Mas ao mesmo tempo, a ventura do pecado era tão deslumbrante. Ele propõe uma emoção que apesar de fadada, é imensamente tentadora. É como uma maré de desejo sem fim, as ondas se chocam e quebram em seu corpo com uma força majestosa que espreita diversas emoções, acolhe o navegador desprevenido, reflete no lago a estrela cadente que carrega consigo o brilho da luxúria, e quanto mais fundo você mergulha, mais remenda os retalhos que a cansativa promessa de castidade lhe causa.
No compasso desse profundo desejo, o garoto não conseguia controlar nenhuma ação. Mesmo que tocar a si mesmo fosse muitas das vezes alucinante, o tipo de toque que lhe purifica a alma e desfruta de todo o prazer luxurioso, era ao mesmo tempo o necessário para a sua tormenta diária. A sua vida era uma contradição de ideias que não parecia ter fim, uma batalha de garras e gritos ferozes que era travada todos os dias. O único acordo de paz, como se fosse uma trégua em um campo de batalha que atenuava a desordem que se encontrava os dias da incoerência de sua vida era o pranto silencioso que insistia em vir todos os dias, como um parasita que furta suas afirmações e valores. A sensação de ter um grito pronto para saltar a qualquer momento das paredes de sua garganta presente, mas sendo impedido por dedos invisíveis que atravessavam sua carne para lhe silenciar, mas não com a pretensão de acabar com tua vida e consequentemente com teu sofrimento... Os dedos se mexem tortuosamente, rindo do escarnio que é te ter mobilizado, quieto e silenciado, sem poder pronunciar-se até para murmurar um pedido de socorro.
Um exemplo da contradição de sua existência podia ser encontrada no que ocorria no momento; Harry pedia veemente a Deus que a pureza atingisse seu corpo, que o tornasse como o beijo dos rios ao se encontrarem, que retirasse o pecado que andava traiçoeiramente por sua consciência. Mas é vista a oposição de ideias sendo que minutos atrás lamuriava aos céus enquanto seus dedos contorciam-se envolvendo os lençóis de sua cama, sua visão se tornava turva ao que dedava-se a si mesmo procurando sujar-se com a luxuria que era ter seus próprios dedos lhe causando diversas sensações delirantes. Não sabia como iniciava, o garoto navegava nos desejos profundos à fio e quando sua mente clareava como um flash de uma câmera fotográfica num ambiente escuro, encontrava-se gemendo deploravelmente repetidas vezes o nome Louis, como se os seus três dedos envolvendo suas paredes internas não fossem mais o suficiente para saciar o rigor do pecado que emanava e aguçava diversos sentidos de seu corpo. Ele precisava de mais. Negava amargamente o que seu corpo lhe implorava a anos, mas estava começando a se tornar uma tarefa mais difícil do que já imaginara.
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This is Heaven ✞ [lwt & hes]
Hayran KurguO intuito de Louis ao pisar num local sagrado não passava do simples ato de blasfemar e ouvir um discurso muitas das vezes ignorante. Mas seu encontro com o divino foi proporcionado assim que seus olhos foram de encontro a cachos negros como uma des...