Capítulo 19 - Espírito competitivo masculino

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Apolo e eu demoramos cerca de duas horas na delegacia mais próxima.

Eu entrei com a denúncia e o Maddox como testemunha. A delegada pareceu sentir na pele o que eu passei e nos atendeu prestativa e atenciosa.

— Eu lamento que tenha passado por isso, senhorita Whitford – falou. — Infelizmente por questões sexistas estamos destinadas a sofrer tentativas como essa, mas fico feliz que tenha dado tudo certo para você.

Tive que me submeter a exames de corpo delito a fim de registrar provas contra o agressor, e como ele realmente havia me segurado com força, seus dedos estavam marcados em meus braços, o que confirmava toda a minha denúncia. A delegada informou que seria feita uma investigação e que entraria em contato o mais breve possível.

Saímos de lá por volta da meia noite. Até o momento, nenhum de nossos amigos tinha entrado em contato, seja para saberem onde estávamos ou para dar sinais de vida. Eu desconfiava que eles já tinham ido embora, uma vez que nenhum deles postou nada no Instagram nas últimas duas horas.

— Eu acho que sei onde eles podem estar – Apolo disse depois de engolir seu sorvete. Ambos saímos com fome da delegacia e tivemos a ideia de comer alguma coisa. Eu pedi torta de maçã e o Maddox o cardápio praticamente inteiro.

— Onde?

— Lá em casa – sorriu. — É onde sempre tudo acaba. É como se nossa casa fosse o pós festa de todos os lugares que vamos.

Nossa casa.

Apolo não tinha ideia de como aquilo mexeu comigo. O simples pronome que me incluía em sua vida, em seu cotidiano, mostrou que para eles, os gêmeos e sua mãe, eu já fazia parte de tudo aquilo.

— É, vou ter que me acostumar a ter nossa casa sempre cheia – falei por fim.

Por dentro eu estava radiante.

<•>

Chegamos em casa e comprovamos que Apolo estava certo. Nossos amigos estavam na área da piscina tomando banho na água aquecida e comendo batatas fritas. Todos relaxados e habituados a usufruir da casa do meu pai, sem demonstrar nenhum tipo de timidez.

— O que houve com vocês dois? – Sally perguntou assim que nos viu, bocuda como era. — E por que você está sem as suas roupas?

Iludida como sou, achei que ninguém perceberia a minha troca de roupas. Mas Sally Daphne del Vicent era uma observadora nata, nada passava através de seus olhos de águia, e agora eu estava em apuros. Digo, não em apuros, mas em uma situação embaraçosa.

— Derramaram cerveja em mim e o Maddox me levou para trocar de roupa, você sabe como eu odeio ficar suja – respondi tentando transparecer naturalidade.

Eu menti tão bem que me parabenizei por dentro, e, se eu pudesse, teria dado-me um Oscar de melhor atuação.

— E por que demoraram tanto? – Oliver perguntou de dentro do ofurô.

Eu sei, muito chique.

— Não demoramos – dessa vez Apolo respondeu. — Assim que voltamos vocês não estavam mais por lá e fomos comer.

Era quase uma verdade, já que eles não estavam lá realmente e nós fomos matar a fome.

— Hum – Sally murmurou, afundando na água.

Era claro que eu seria interrogada logo depois sobre, mas eu teria tempo de sobra para pensar em uma desculpa boa o suficiente para tirar seu radar sobre mim, e, principalmente, de Apolo.

Por trás do gelo [Em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora