Capítulo 14 - Nunca dê o primeiro gole

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Se estivéssemos em uma época onde uma promessa quebrada fosse crime e a pena seria de morte, eu já estaria em decomposição àquela altura do campeonato.

Mesmo prometendo a mim mesma que não iria a festa alguma, eu estava ali, sentada em um sofá tomando minha água de coco gelada. Amélia havia me dado um perdido cinco minutos depois que chegamos e eu não estava nada feliz com aquilo. Primeiro porque foi ela quem me convenceu a vir, segundo que era uma festa na casa de Elliot e eu não estava disposta a reviver os acontecimentos da primeira festa em sua residência que tive a infelicidade de comparecer.

Segundo a minha amiga, Elliot não era aquele tipo de garoto e só havia feito o que fez porque estava bêbado. Os Céus sabiam o quanto eu sabia sobre efeitos alcoólicos e como eu não tinha propriedade alguma para julgar, mas minha intuição continuava a apontar que na mais extrema verdade, Elliot era só um babaca mesmo. Amélia não ficou feliz quando eu disse aquilo e começou a citar inúmeras coisas boas que ele supostamente fazia que o isentava daquele título, só que eu já havia notado que todo aquele esforço da irmã de Gregory em construir uma imagem benéfica de Elliot era só uma fachada para os sentimentos escondidos da minha amiga. Eu queria, claro, poder chegar nela e sacudir seus ombros até que Amélia esquecesse Elliot de vez, mas eu sabia que aquilo não seria possível.

Tive que sair do confortável sofá porque dois idiotas bêbados sentaram-se ao meu lado e começaram a encher meu saco. Eu já os tinha visto algumas vezes nos corredores do colégio e sabia que eles eram atletas de algum esporte da West Coast, mas como prestar atenção em pessoas estúpidas nunca foi meu forte, eu não saberia dizer seus nomes.

Fiquei rodando aquela casa enorme por bons minutos até achar finalmente um rosto conhecido. Peter estava agachado em frente à um dos isopores térmicos pegando alguma coisa para beber e eu fui até ele. Tive que me desviar de algumas pessoas deitadas no chão e de outras que estavam dançando a música eletrônica alta, mas felizmente consegui atingir meu objetivo.

— Eu juro que serei sua guarda particular de graça por um dia inteiro se você me tirar desse tédio sufocante – falei séria. Peter olhou para cima e sorriu.

Seu sorriso era desestabilizador de tão lindo. Algumas marcas de expressão apareciam de cada lado de suas bochechas grandes e rosadas, seus dentes eram meio tortinhos e aquilo deixava o meu amigo ainda mais lindo.

— Acho que de todas as coisas que eu esperava acontecer hoje à noite, essa é com certeza a mais surpreendente.

Pete se levantou e me deu um abraço de urso o qual retribui de bom grado. Ele era um pouco mais alto que eu e seu abraço me esquentava e protegia de toda aquela massa adolescente.

— Eu sou antissocial a esse ponto? – brinquei.

— Um pouquinho – Peter respondeu rindo. — Vem, vou te apresentar para alguns amigos.

A pessoa quem disse que a companhia faz a festa e não o contrário, estava terrivelmente certa. Uma hora e meia depois nem eu mesma me reconhecia como a jovem emburrada e antissocial que havia chegado na companhia de Amélia. Os amigos de Peter eram incrivelmente divertidos e simpáticos, faziam piadas legais e tentavam me deixar por dentro de tudo a todo instante, preocupados em não me excluir de nada. Àquela altura eu nem me importava mais em ter sido abandonada por Amélia. Bem, pelo menos não muito.

Peter havia me puxado para a pista de dança e eu me surpreendi em estar me divertido tanto. Digo, eu dançava igual um macaco com sarna e não estava nem ligando sobre o que iriam dizer sobre isso! Algumas músicas depois, consegui identificar a silhueta pequena de Ames sentada não muito distante da onde eu estava. Falei para Peter que iria até ela e ele me garantiu que não sairia dali.

Por trás do gelo [Em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora