Capítulo 6 - Pegadinhas do Universo

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Cosmos, temos que conversa, de verdade. Não é justo, realmente não é. De todas as centenas de milhares de garotos tinha que ser logo ele? Vamos com calma, pequeno gafanhoto.

— Vocês já se conhecem? – meu pai perguntou confuso, forçando-me a virar o rosto para encará-lo.

— Sim, nós nos conhecemos na... – fui cortada por uma onda nauseante que se apoderou de mim. Merda! Onde eu poderia fazer aquilo?

Corri os olhos pela enorme sala de estar do meu pai e achei o que eu queria logo ao lado da escada. Fui literalmente voando para o lavabo e não esperei para jogar tudo o que meu estômago tinha a oferecer no vaso. Ouvi passos correndo em minha direção enquanto aquele líquido viscoso e nada cheiroso descia pela minha garganta. Era uma mistura de álcool, refrigerante, batatas fritas e alface. Não sei se eu seria capaz de comer alface novamente.

— Filhota, você está bem? – revirei os olhos. Quem em perfeito estado de saúde está bem enquanto vomita?

— Está tudo bem – falei limpando a boca com papel higiênico ainda sentada.

— Você não acha melhor ir ao médico? – Sol perguntou prestativa.

— Ela não precisa de toda essa atenção, pessoal. Deve ser só uma consequência – vovô enfatizou a última palavra.

— Consequência do quê? – Alexander estava visivelmente confuso.

— De tomar leite estragado com cereais de manhã cedo – falei apressada. — Está tudo bem, mesmo. Não há nada com o que se...

— De onde você o conhece, Brise? – meu pai perguntou, referindo-se ao enteado.

— Da festa que eu fui ontem, eu o conheci por lá – respondi confusa.

— Eu nunca vi você em toda minha vida – ele, que até então tinha se mantido neutro e recuso diante de todo o incidente, se manifestou.

Dessa vez eu que fiquei confusa. Como ele podia falar uma coisa dessas? Será que ele tinha algum tipo de síndrome de memória ou algo assim?

— Você não de lembra de mim? – perguntei incrédula. — Você não se lembra nem do...

— O quê que está acontecendo aqui embaixo, pessoal? – fui interrompida por uma outra voz masculina, fazendo com que todos do pequeno lavabo virarem-se para ver de quem se tratava.

Esbugalhei meus olhos, pasma. Como se não bastasse uma onda de vômitos, eu estava vendo tudo duplicado. Eu sabia disso porque eu não estava vendo apenas um, mas dois Valentins bem atrás de mim. E de todas as coisas que eu poderia ter desejado no momento, encarar Valentim me encarando tão incrédulo quanto eu, vomitar como reação, com toda certeza, não era uma delas.

— É melhor vocês saírem, eu cuido dela – vovô disse e ninguém pareceu ter algum tipo de objeção. Após todos saírem, ele agachou-se ao meu lado e começou a limpar a minha boca com papel. — Quem era aquele e por que havia uma tensão sexual entre vocês dois?

Grunhi frustrada e chocada.

— Valentim, nós nos conhecemos na festa de ontem e... Acabamos beijando-nos – distorci um pouquinho, já que eu o beijara e não ao contrário.

— Ah, isso explica a confusão com o outro garoto.

— Que outro garoto? – perguntei com as sobrancelhas franzidas.

— O irmão gêmeo de Valentim, ora essa! – exclamou. — Como não percebeu? Eles são idênticos.

Então minha visão duplicada não era resultante de uma ressaca, hein? Havia mesmo dois deles! Ponto pra mim!

Por trás do gelo [Em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora