Por trás do gelo [Em revisão]

Capítulo 37 - O grande dia

Eu sabia que alguma coisa estranha estava acontecendo quando o primeiro Maddox invadiu meu quarto bem cedo pela manhã e se infiltrou entre minhas cobertas. Depois de Valentim, veio Apolo e por mais que meu cérebro insistisse para que eu levantasse da cama para saber o que estava acontecendo naquela casa, meu corpo estava confortável demais para eu obedecer ao comando. Minha cama, a qual eu sempre julguei ser imensa, estava parecendo uma cama de criança de tão pequena que estava acomodando três corpos em cima.

Outra pessoa invadiu meu quarto e abriu as persianas, deixando que a claridade daquele dia chegasse até meus olhos e queimasse minhas retinas.

— Pelos deuses, alguém fecha essa coisa – murmurei cobrindo a minha cara com o lençol.

— Nada disso – a Maddox mãe falou. — O nosso dia está cheíssimo e não temos tempo a perder.

Fiquei sem entender sobre o que minha madrasta estava falando e só fui ter uma noção quando Tito abriu a boca.

— A mãe e o pai vão se casar – disse. — Hoje.

Voltei a cobrir o meu rosto e fechei os olhos, certa de que não passava de um sonho bem realístico. Outro peso surgiu em cima de mim e quando me dei conta que era meu pai, fiquei ainda mais certa de que tudo não passava de um fruto da minha imaginação.

—Alexander! – minha madrasta esbravejou. — Você tem que dar exemplo para as crianças! Levante-se! O pessoal da decoração já chegou e você ainda nem experimentou sua roupa!

Meu pai murmurou alguma coisa, levantando-se. Somente quando ele fez isso, foi que me permiti abrir os olhos e encarar aquilo como real, não como um sonho lúcido bizarro.

— Alguém pode me explicar o que está acontecendo? – perguntei sonolenta.

— Sol acordou hoje às cinco da manhã decidida a realizar nosso casamento daqui a pouco – meu pai respondeu sem esconder que também achava aquilo uma loucura.

Já minha madrasta o olhou de cara feia, mas suavizou sua expressão quando se dirigiu a mim.

— Está fazendo um dia lindo lá fora, as pessoas que eu mais amo no planeta estão aqui comigo e finalmente o processo com Simon chegou ao fim – começou a explicar. — Além disso, antes da vaca, digo, antes de Clarisse resolver alegar que seu pai não tem condições de criá-la por ser um homem solteiro – ela falou aquilo demonstrando que achava isso um absurdo. —, nós vamos estar adiantados e provar que Alexander não só pode, como já cuida de três adolescentes sem problema algum.

Diante de tudo aquilo, foi impossível ficar deitada. Quero dizer, ali estava a minha madrasta disposta a fazer de tudo para Clarisse não conquistar a minha guarda, além de dizer, mesmo que indiretamente, que eu era uma das pessoas que ela mais amava! Levantei da cama e sacudi os gêmeos para que eles fizessem o mesmo.

— É disso que eu estou falando, garota! – Sol exclamou animada. Seus filhos, no entanto, sentaram-se na cama visivelmente contrariados. — Você, você e você – ela apontou para mim e os meninos. —, vão ligar para todos esses números aqui e informar que acontecerá um casamento nessa casa hoje, às sete e meia da noite – minha madrasta jogou um papel dobrado para mim. — Eu e Alexander vamos ajudar o pessoal da decoração no que for possível até a hora de nos arrumarmos. Alguma dúvida?

— Eu tenho uma – Tito levantou a mão. — E se as pessoas não puderem vir?

— Aí sobra mais comida para nós – respondeu como se fosse óbvio. — O que estão esperando? Mexam-se!

Minha madrasta soava como uma general, por isso tratei de levantar e ir para o banheiro. Depois de fazer xixi, escovar os dentes e amarrar o cabelo, desci para o escritório dos meus pais, onde encontrei Valentim e Apolo tomando suco e comendo bolacha.