< continuação de "Enfermeira sapeca" >
A cirurgia fora um sucesso, uma amiga lhe contara.
Ele passara bastante tempo fora de seu alcance. Mas, Liliane jurou a si mesma que assim que tivesse uma folga na emergência, que parecia um festival de casos agora, iria visitá-lo na internação. Caso aquela mão não possuísse aliança, ela daria um jeito de lhe dar o seu número de WhatsApp e combinar alguma coisa.
E assim o dia seguiu. Atendeu mais alguns pacientes, nada muito sério, saiu para almoçar com as amigas e até comeu pouca sobremesa, já que estava animada com a ideia do homem, cheiroso e másculo, ligar para ela na próxima semana. Era a hora de cuidar de si, de se preparar para noites efervescentes de amor...
Olhou para os céus e sorriu...
Liliane voltou ansiosa do almoço e não via a hora de ter uma folguinha para visitá-lo no pós-cirurgia. Quando ela finalmente teve um intervalo, já era horário de visitas. Resolveu ir assim mesmo, talvez conseguisse um tempinho entre um familiar e outro.
Outro pensamento lhe ocorreu. Talvez aquele tipo de homem não recebesse visita de familiares. É tão viril que poderia simplesmente dispensar qualquer tipo de mimo, pensou enquanto se encaminhava para o quarto.
Abriu a porta do quarto e lá estava ele, deitado sobre a cama reclinada, sem aliança e com a camisola cirúrgica. Ela sorriu e foi em sua direção, já com o papelzinho na mão dentro do bolso do jaleco.
Enquanto ela falava alguma coisa sobre a operação e preparava mentalmente uma abordagem sobre seu contato, ouviu passos saindo do banheiro atrás de si.
Virou-se rapidamente e sua face empalideceu.
Uma mulher elegantíssima saía do banheiro, aparentemente, com o batom recém-retocado. Seus cabelos eram curtos, mal cobriam a orelha, eram sedosos e volumosos, com cachos bem modelados de um cobre vibrante, quase televisivo.
Ah, os olhos! Eram da cor do mar. Por sorte, para diminuir a afronta, a beldade estava vestida de maneira casual.
A dama a cumprimentou, foi até o homem e disse:
— Querido, deseja que eu traga algo de casa? Soube que ficará aqui até amanhã.
Liliane saiu do quarto, arrasada, e no corredor não se conteve:
— Maldita sortuda. Tão mais velha!?
Enquanto isso, o homem disse:
— Mãe, acho que a senhora irritou a enfermeira, sabia?
A mulher franziu as sobrancelhas num sinal de espanto.
(fim)
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Mini-histórias Sobre Mulheres
Short StoryOs dilemas que a maioria das mulheres enfrenta ao longo da vida, desde a prostituta até a empresária de sucesso, são narrados aqui de forma irreverente, arrebatadora, com desfechos que vão do drama à comédia em poucas páginas.