Capítulo Um

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Ella:
Depois de um tempo, todos nós humanos fomos condenados a viver em uma prisão. Não se sabia quem eram as boas pessoas e quem eram as ruins. Nós mesmos nos destruímos e nem percebemos isso. Não sofremos qualquer tipo de mutação, a não ser a qual nós mesmos criamos. A capacidade de matar sem dó. A capacidade de não amar o próximo. A capacidade de não sermos humanos.
A minha mãe se chamava Ashley e ela se foi há quatro anos, já meu pai há dois anos, e meu irmão sequer chegou a nascer. O nome dele seria Henry e ás vezes é a única pessoa em quem eu penso, pois penso em como seria a vida depois que ele estivesse aqui. Penso como seria se a humanidade não tivesse enlouquecido e acabado. Se ainda estivéssemos prestes a sair neste sábado e ir até o centro de NY ver as belas roupas em frente a vitrine. Agora, se você encontrar alguma vestimenta pelo chão desse mundo destruído, é muito. Se você encontrar qualquer árvore frutífera ou água um pouco limpa, você está no paraíso.
Eles estão chegando e eu sei disso. O Serviço de Inteligência Nacional vai vir á esse mundo para checar qualquer sinal de vida. Digamos que os governos em si não terminaram seu serviço na terra. Eles tentaram acabar com boa parte da humanidade, mas existem alguns, ainda, nenhum que eu saiba especificamente, mas alguns. Estou nesta terra há um bom tempo "sozinha" e realmente não sei dizer nem que dia é hoje, pois tudo simplesmente se perdeu, e a única coisa que faço é vagar por aqui á procura de comida e um pouco de água. Tenho medo da morte. Por mais que existe vezes que eu a desejo, eu a temo e a temo muito, e talvez seja por isso que estou hoje vagando á procura de algo para fazer neste mundo destruído. A minha rotina se resume em: acordar, beber um pouco de água e comer algo (caso tenha), sair para caçar e me "divertir". Lhe pergunto o que seria diversão em um mundo acabado, então resumidamente eu fico sem fazer nada a não ser ler um velho livro de antropologia, a fim de saber algo mais, mas não encontro nada importante já que é antigo e não relata nada sobre como ficamos loucos, apesar de que eu não me considero louca, porém acho que ficarei assim logo depois de tanta solidão.
Minha estação favorita é o outono, quando todas as folhas ficam caídas no chão, lindas e avermelhadas, justamente a última vez que lembro de ter tomado chá com minha avó Hillary, ela era engraçada e quebrava qualquer clima ruim, eu odiava chá, mas fazia isso para passar um tempo com ela já que o mundo estava tão próximo de seu fim e nós sabíamos disso, mas não queríamos ver, na verdade ninguém queria. Não queríamos ver um futuro iminente a dois palmos do nariz, simplesmente porque não aceitávamos.
Vou dormir já que não encontro nenhum alimento e nenhuma água para guardar de reserva. A noite cai, fria e linda, com as estrelas brilhando mais que qualquer pôr do sol, e é neste momento que vejo que estou delirando. Como pode uma estrela tão distante desse mundo ser maior e mais brilhante que o Sol? Mas como pôde os próprio humanos se extinguirem? Essa é uma questão que jamais responderei.
Provavelmente sou a única pessoa sã que ainda habita este mundo. Será que as pessoas do Serviço Secreto Inteligente virão aqui com tantos armamentos para apenas me matar? Que perca de tempo.
O dia amanhece frio e chuvoso, o que dificulta ainda mais a minha investida em caminhar e caçar. Pego minha bolsa toda rasgada que contém algumas frutas e uma garrafa de água para levá-la caso eu decida escolher outro lugar para dormir. Correndo entro debaixo de uma árvore já que há chuva mas não há trovões. Distante vejo algo no céu incrivelmente belo, e não é possível que aquilo seja um pássaro tão grande e... MEU DEUS. Aquilo não é nenhum pássaro. Aquilo é apenas uma nave, um avião ou eu sei lá o que seja aquilo, o importante é saber que o Serviço de Inteligência Nacional está aqui, e isso indica que EU preciso sair o mais depressa possível. Então corro até não sentir mais minhas pernas, até perceber que não estou respirando, até perceber que estou tremendo, e até perceber que a água que escorre pelo meu olho não é a água da chuva. Qual seria a diferença entre morrer e viver neste inferno? Eu não sei. Não sei mais de nada e então caio para não levantar tão cedo.
Gostaria de dizer que os governos deste mundo destruído se mataram, mas seria burrice. Eles simplesmente criaram uma nova espécie de humanos. Não. Eles criaram máquinas. E então fizeram uma pequena mudança á outro mundo para morar com essas máquinas. Um dia, uma suposta carta chegou enviada de lá, desse planeta que chamamos de "The new World", estava em um tipo de caixa mecânica que descobri estar lá há 5 anos. Depois de seguir as regras e abri-las encontrei esta carta da qual falo.
"Os últimos seres humanos que dizem ter nos criados foram extintos e em breve, os que restaram neste mundo miserável, também será"
Era só isso. Hoje faz exatamente dois anos que a encontrei, ou seja, faz 7 anos que eles enviaram este aviso e eu sequer me lembrava a todo momento dele. Nem o temia. Pensava que que eles nos esqueceram com sua vida maravilhosa e eterna naquela paraíso artificial.
Acordo com muita dor na perna e sinto um gosto horrível em minha boca. Deixo a mochila de lado após avistar algo muito longe de onde estou, porém decido ir até lá. Não aguento correr, o que me deixa a cada segundo mais curiosa. Não era o Serviço de Inteligência Nacional vindo me matar, não ainda. Era outra mensagem em outra caixa que dessa vez era maior ainda. Fico com medo do que vou encontrar ao abrir a caixa, então respiro e expiro diversas vezes. E decido abri-la. Novamente encontro uma carta, mas não está sozinha. Automaticamente uma "aranha mecânica" sai da caixa e é neste momento que me escondo o mais rápido possível. Pelo que entendo é basicamente uma aranha que circula com uma câmera representando seus olhos. Acho que eles resolverem dar uma olhada no mundo antes de vir para cá. Parece até engraçado pensar que eles, tão inteligentes e demais para nós, estão com medo. Afinal, para que enviariam uma câmera? Para saber se ainda há árvores? Não. Para saber se há humanos, e se essa caixa foi aberta, isto indica que há sinal de humano. No caso, eu. Que sorte a minha.

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