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Após acordar, eu adoro ter aqueles 10 minutos deitada na cama. São os 10 minutos de preguiça e, não há melhor coisa a ser feita depois de uma boa noite de sono.

"Ema" Gritou o meu irmão mais novo, Pedro, enquanto abria a porta do meu quarto.

Respirar fundo é o essencial. Ainda só tive 9 minutos de relaxamento, não consegui aproveitar o ultimo minuto.

"Diz, Pedro..." Tentei soar o mais calma possível.

"Numa outra altura berras comigo, mas eu preciso de ti."

"Para?"

"O pai saiu e é preciso ir comprar os bilhetes para o jogo do Porto."

"Pede ao Tiago. Não estou disponível."

"Oh Ema, vá lá. O Tiago muito provavelmente estará mais ocupado do que tu."

"Está assim tão ocupado para também não ir comprar um bilhete? Estamos a falar do Porto contra o Sporting... Mas, e se eu for, o que é que ganho em troca?" Pergunto enquanto vou ao meu armário escolher uma roupa.

"Eu irei comprar o bilhete para ele também. E o que ganhas em troca? A vitória do Porto, como é óbvio."

"Eu não devia de ir, só tive os meus nove minutos de preguiça." Umas calças de ganga e um top branco estão perfeitos para o dia de hoje.

"Desculpa, mas é que temos hora marcada com o rapaz que nos vai vender os bilhetes. Eu depois irei recompensar-te."

"Que tipo de recompensa será?"

Não me importo de ajudar esta peste, mas provocar o próprio é uma boa sensação, e tenho em mente o que quero que ele faça em troca.

"Tudo o que tu quiseres."

"Vens comigo ver o jogo do Benfica."

"Nem penses."

"Nada feito." Respondo de volta.

"Pronto.... Eu vou contigo!" Deu-se como derrotado e saiu do meu quarto.

Não relaxei o suficiente enquanto estava na cama, um bom banho irá fazer com que eu relaxe na totalidade.

Já vestida, desci e fui tomar o pequeno almoço. Enquanto comia, navegava pelas minhas redes sociais, onde se mais destacam o Twitter, o Instagram e o Snapchat.

"Pedro, estás pronto?"

"Sim, Emy." Apareceu à minha frente com um sorriso vitorioso na cara.

"O que é estás a tramar, Pedro?"

"Tramar algo? Achas mesmo? Que ideia tonta, Ema." Respondeu entre gargalhadas, abrindo a porta de casa.

"Se tu estás a inventar qualquer tipo de esquema em que eu esteja envolvida, irás sofrer sua peste."

Sempre que olho para o meu irmão Pedro, sinto-me feliz. Feliz pelo facto de saber que não lhe falta amor e carinho. Saber que ele é um miúdo cheio de alegria, acabando por transmitir sempre a mesma. E a relação que ele tem comigo e com o Tiago é algo bastante bonito de se ver. Nota-se o orgulho que ele tem em nós, e eu espero nunca desapontar nenhum dos meus irmãos.

"Posso meter na minha rádio, mana?" Pergunta-me logo após eu começar a conduzir.

"Estás à vontade."

"Bem, o rapaz que nos vai vender os bilhetes chama-se Gonçalo, e está no café Estádio. Segundo a descrição que ele deu ao pai, é moreno e tem 19 anos. Relativamente aos bilhetes, primeiro tenho de olhar bem para eles, sabemos lá se são verdadeiros ou falsos. Não podemos correr o risco de comprar bilhetes falsos."

O Pedro, apenas com os seus 10 anos, é um rapaz bastante esperto e observador. Tem sempre resposta na língua e adora conversar com pessoas mais adultas. Segundo ele, é uma boa forma de aprendizagem e é ótimo para ver o ponto de vista de pessoas mais velhas que ele.
Após estacionar o carro e de me certificar que Pedro tinha trazido o dinheiro que o meu pai lhe deu para a compra, entramos no café. Procurei pelo rapaz que Pedro descreveu à vinda para cá e fomos ao encontro dele.

"Boa tarde. É o Gonçalo, certo?" Perguntei.

"Sim. E você, é?"

"Ema, prazer. Vim efetuar a compra dos bilhetes para o jogo."

"Oh, claro. Aqui estão os 4 bilhetes."

Olhei para Pedro confusa.

"4? Tens a certeza?"

"Sim, sua tonta. Tu vens connosco." Afirmou.

"Nem penses."

"Alguém não é fã nem do Sporting, nem do Porto." Comentou um rapaz, que acabara de chegar à mesa onde Gonçalo se encontrava.

"Todos temos gostos diferentes."

"Oh meu Deus." Tenta sussurrar Pedro. "Tu és o Afonso. Mana, é o Afonso."

"Como te chamas?" O suposto Afonso pergunta ao meu irmão.

"Pedro."

"É um prazer conhecer-te campeão." Diz-lhe e de seguida olha para mim "E tu, como te chamas?"

"Ema Lopes" Respondeu o meu irmão por mim

"Não era necessário divulgares o meu nome." Resmunguei.

"És benfiquista?" Faz-me de novo uma pergunta.

"Sim, sou."

"Nota-se pelo facto dessa pequena arrogância."

"Quem é que tu pensas que és? Que eu saiba não estou a criticar o teu clube, o melhor era teres ficado calado."

"Sou o Afonso Silva, muito prazer."

"Pedro, vamos embora." Peguei na mão dele, tentando dar um fim à conversa.

"Espera mana." Largou a minha mão. "Podes, por favor, dizer ao teu irmão que eu sou um grande apreciador do seu trabalho e que estou a fazer de tudo para um dia ser como ele?"

"Claro que posso. E até te faço mais, no dia do jogo iremos estar nas mesmas bancadas, no final irás estar com ele."

"Estou ansioso pelo dia, então." Disse enquanto transmita a sua felicidade. "Estás feliz por mim, mana?" Perguntou e tanto o Gonçalo como o Afonso olharam para mim.

"Claro que estou, peste." Sorri-lhe "Agora despede-te dos dois, temos de ir embora."

"Obrigada Gonçalo. Até Domingo, Afonso e obrigada." Cumprimentou-os mais uma vez.

"Até uma próxima e obrigada." Despedi-me.

"Até uma próxima, benfiquista." Sorriu Afonso.

Between fields || A.S PARADAOnde histórias criam vida. Descubra agora