• nineteen •

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19/03/2017

A minha madrugada foi passada às voltas na minha cama, não havia meio de adormecer... (não só devido à discussão com o André mas também porque estava com uma indisposição)

São, neste preciso momento, 14h e estou seriamente a pensar em ir dormir. Até agora, o único contacto entre mim e o André foi feita apenas através dos posts no Instagram.

"Querida?" Chamou-me o meu pai. "Já falaste com o André?"

"Não, pai. Irei falar após o jogo, devo-lhe pedir para ele vir até cá..."

"Fazes bem. As tuas olheiras estão enormes..."

"Não consegui dormir nada, vou ver se descanso daqui a pouco. Eu acho que o sushi caiu mal e depois a discussão deixou-me ainda mais nervosa e acabei por não conseguir dormir."

"Vais ter a casa em silêncio para dormires. Vou passear com os pais do André e depois irei ao estádio ver o jogo."

"Rica vida, sempre fora de casa." Gargalhei. "Oh pai?"

"Sim?"

"Dá-me mimos até eu adormecer."

"Voltaste a quando eras pequena?" Riu-se. "Foi a melhor fase da tua vida. Tenho tantas saudades do passado. De quando a tua mãe estava connosco, de quando vocês eram umas pestes e não nos largavam..." Suspirou enquanto me mexia no cabelo

"Ainda tens muito tempo pela frente para encontrares um outro tipo de felicidade, papá." Sorri-lhe. "E nós nunca te vamos largar. Sabes que sou a menina do papá, não vivo sem ti." Olhei para ele. "Tu sentes medo? Por causa do Pedro e do acompanhante da mãe?"

"Eu só não quero que ele ocupe o meu lugar. O Pedro irá conviver sempre com ele e quero que ambos tenham uma boa relação até para ele se sentir bem quando está em casa da tua mãe. É bastante importante o teu irmão estar bem."

"Ele não irá ocupar o teu lugar, pai só há um! O Pedro está a adaptar-se bem, ontem conversei com ele e ele disse que estava a gostar do ambiente e estava a ser bem tratado." A cada minuto que se passava eu arrastava cada vez mais a voz de estar tão cansada.

"Ainda bem. Já te dei mimos suficientes, descansa agora, querida."



Eu gostaria de continuar a dormir mas, pela segunda vez, o meu telemóvel acorda-me com alguém a tentar contactar-me.
Ainda com os olhos fechados, e com algumas tentativas falhadas, pego no meu telemóvel e atendo a chamada o mais rápido possível sendo que já não aguentava mais ouvir o som.

"Ema?"

"Sim, quem fala?" Pergunto com uma voz bastante ensonada e sem olhar para o ecrã para ver com quem falava.

"André. Desculpa, devo ter-te acordado, eu ligo-te depois." Respondeu-me todo atrapalhado.

"Eu depois volto a adormecer, não te preocupes. Que horas são?" Perguntei com preguiça.

"16:55"

"Ok, obrigada. Depois do jogo podes passar aqui em minha casa? Precisamos de falar."

"Sim, claro. Era isso que te queria perguntar." Suspirou. "Vou-te deixar dormir, até logo."

"Até logo. E boa sorte para o jogo!"

"Obrigada."

A chamada é desligada e o Ed salta para a minha cama.

"Amor, a tua mãe quer descansar mais um pouco... Aceitas esperar um pouco? Prometo que não irei adormecer, irei apenas ficar aqui deitada a relaxar."

De relaxamento não foi nada porque não aguentei e andei a brincar com o Ed levando várias lambidas por sua parte.

"Que tal irmos num instante ao parque? Tu mereces esse pequeno mimo."

Depressa vesti um fato de treino e saí de casa com o Ed.


De volta a casa.... rapidamente atiro-me para o sofá soltando um enorme suspiro de cansaço. Supostamente fui até ao parque para passear o Ed, mas o Ed é que acabou por me passear. Eu não aguento o ritmo dele, ele só quer correr.

Neste preciso momento são 19:40 e estou no sofá a jantar enquanto acabo de ver o jogo do meu namorado. Até agora está empatado: 1-1.
Após o apito final, vou até à cozinha e arrumo o que utilizei para o meu jantar incluíndo lavar a louça que sujei. Com isto, fiz tempo para não apanhar uma seca enquanto esperava pelo André que deverá estar desiludido perante o resultado final do jogo.

O som da campainha ouve-se por toda a casa, fazendo-me ir até a porta.

"Posso entrar?" Pergunta-me.

"Sim, claro." Abri caminho para o deixar passar.

"Vieste direto para aqui ou paraste para comer alguma coisa?"

"Vim direto. Não estou com fome." Respondeu-me.

"Não vais ficar sem comer, André. Sobrou comida do meu jantar, estás à vontade para a comer."

"Depois vejo isso. Eu quero falar contigo. Quero fazer-te um pedido de desculpas bastante sincero, tu não me mereces miúda. Não medi a gravidade das palavras. Eu não fiz aquilo para te deixar chateada porque não quero que a nossa relação acabe nem quero que fique um ambiente "estranho" devido à minha atitude." Suspirou.

"Desculpas aceites e é claro que te mereço. Eu sou uma sortuda por te ter comigo, é um privilégio." Sorri-lhe. "Não irá ficar um ambiente estranho, é normal haver algumas discussões. As relações não são 100% perfeitas, André."

"Desculpa-me amor, relativamente àquela minha atitude: irei melhorar bastante. Irei pensar antes de falar." Beija-me.

"Agora vais comer alguma coisa que acabaste de gastar as tuas energias no jogo."

"Fiz um jogo de porcaria. Eu sou capaz de melhor, não sei o porquê de não ter marcado." Suspira.

"Tu jogaste bem. Lá por não teres marcado, não quer dizer que tenha jogado mal! Odeio quando pensas assim, André. Valoriza-te, amor. Tu e a tua equipa deram os possíveis para manter um bom jogo."

"Mais uma razão para não me mereces... O Porto empata e tu, mesmo sendo benfiquista, estás a suportar-me e a apoiar-me perante o Porto."

Sorri-lhe e meti um prato com arroz e carne estufada à frente.

"Sou um sortudo, jesus. Amo-te."

"Eu também te amo, bebé." Digo e dou-lhe um beijo na cabeça.

Between fields || A.S PARADAOnde histórias criam vida. Descubra agora