Quatro

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Bruna

É estranho. Ele parece tranquilo.

Nicolau é o tipo de cara que não expõe suas emoções, oque torna meu trabalho muito mais complicado.

Ele é uma muralha, é incrivel. Parece nunca se abater.

Eu olho no fundo de seus olhos e tudo que vejo é... nada.

Nada também descreve muito bem oque eu encontrei na minúscula salinha escura que encontrei atrás daquela porta cheia de teias de aranha.

Ele estava aqui, eu sei. Mas parece que o cretino deu um jeito de tirar o cara e se safar, de novo.

É sempre assim: quando eu consigo alguma prova de que ele é um criminoso, ele sempre consegue sair limpo sem ser percebido.

Desgraçado.

Bom, sargentazinha, encontrou oque procurava? -  sinto nojo desse apelido. Mas o infeliz repete toda hora, pra me testar. Suspiro com raiva. Não estou olhando pra ele mas sei que ele sorri. -  É vejo que não. Mas então, a senhora poderia se retirar do meu estabelecimento por gentileza? -  Imbecíl.

-  Sem problemas. - digo e sorrio falso. -  Mas, afinal, oque é exatamente o "seu estabelecimento"? -  me finjo confusa.

Ele umedece os lábios, parece estressado com a situação, mas logo volta a expressão normal.

Uma pequena fábrica de achocolatado.  -  diz seguro e sorri. Sínico.

-  Achocolatado? -  pergunto surpresa. -  Uau, não esperava. -  solto uma pequena risada, mas logo volto a seriedade.

Isso é preconceito. -  ele ri, sarcástico.

-  Oh, imagine. -  digo. -  Mas... -  olho em volta.  -  O senhor poderia me fornecer o ducumento da fiscalização? -  pergunto arqueando uma sobrancelha. -  Vi algumas coisas que, digamos, não são muito legais para uma fábrica alimentícia. -  termino.

Como vai se safar dessa agora, grandalhão? -  penso.

Claro, senhora. - ele diz seguro e se vira para o meliante ao seu lado. -  Traga a autorização pra sargentazinha. -  arg, que homem asqueroso.

Sorrio e aguardo.

Fora da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora