Oito

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- Onde? - a pergunto, receoso.

- Lá. - ela aponta para o céu. - Juntinhos com as estrelinhas.

Eu não sou emotivo. Nunca fui. Meu pai me ensinou que um homem nunca deve chorar, não na presença dos outros. Mas confesso que uma gota quente rolou pela minha bochecha, quando a pequena apontou fascinada para o céu estrelado.

- Eu posso ver eles. - ela diz me chamando atenção.

- Pode? - pergunto curioso, e ela aponta para duas estrelas afastadas, com certeza, as mais brilhantes.

- Eles estão cuidando de nós, Nico. - ela diz. - Lá de cima. E mesmo longe, nunca vão nos esquecer. Eu sei. - ela coloca a mão no peito. - Eu sinto.

- Estão sim, Ana. Estão. - a abraço.

Bruna

Vinicios é um cara incrível. Compreensivo, paciente, companheiro, doce, carinhoso. Qualquer um gostaria de ter alguém com todas essas qualidades ao lado. Inclusive eu. Agradeço todos os dias por ter alguém como ele. E, fisicamente, cá entre nós que ele não deixa a desejar. Loiro, olhos azuis, e um físico maravilhoso. Ele é um príncipe encantado.

Mas, não foi o cara que eu escolhi.

Meu pai me obrigou a namorar com Vinicios. Ele é filho de um grande amigo dele, então, queria selar a amizade.

Então, depois de longos debates, eu acabei cedendo. Comecei a namorar com ele, e fui o conhecendo com o tempo.
Quando completamos dois anos de namoro, meu pai colocou na cabeça que nós deveríamos nos casar. Mas eu, com o apoio de mamãe, consegui o convencer de que não era o melhor momento. Afinal, eu não o amava.

Só fui começar a gostar de verdade do Vini depois de dois anos e meio. Talvez meu coração tivesse se acostumado com a idéia, e jogou a toalha.

Depois disso, as vezes ele tocava no assunto do casamento, mas eu sempre me esquivava. Eu gosto do Vini, muito, mas não me sinto pronta. Eu sou apenas uma garota de 24 anos, não estou preparada psicologicamente.

- Está no mundo da lua... - ele diz, e eu me desvencilho dos meus pensamentos.

- Ah, desculpa. Oque estava dizendo mesmo? - pergunto.

- Que quando nós nos casarmos, eu quero ter 5 muleques. - diz e eu me assusto.

- Ah... Tudo isso? - tento não aparentar o quanto estou surpresa por ele estar tocando nesse assunto.

- Temos que compensar. - diz e sorri fraco. Eu não entendi a colocação.

- Compensar oque? - pergunto com medo da resposta.

Vini apenas ri e balança a cabeça fazendo um "não".

-  Boa noite meu amor. - ele me dá um beijo rápido.

- Boa noite. - digo e ele sobe as escadas.

- Vini? - digo chamando sua atenção. Ele para no meio da escada, e me olha fixamente.

- Feliz aniversário de namoro. - digo e ele sorri.

- Pra você também. - responde. - Eu te amo. - completa.

- Eu também te amo. - digo e ele sobe as escadas.

Um "será?" ecoa na minha mente mas eu me afasto desses pensamentos.

Fora da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora