Doze

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Bruna

Por mais que eu me sinta sozinha sem Vini aqui, eu não estou sentindo falta dele. Talvez eu esteja sendo dura demais, mas eu só não consigo dizer que ele "faz uma falta enorme".

A cada dia eu me convenço mais de quê não o amo.

Eu não sei o porquê de andar pensando tanto nisso. Eu já tinha me conformado com o nosso relacionamento. Mas parece que se tornou insustentável, e eu não aguento mais. Preciso esquecer isso, e só há uma forma: beber.

As vezes é necessário.

Fui até o banheiro e tomei um banho demorado. Saí e fui até o guarda-roupa; peguei uma calça geans, uma blusa vermelha e minha jaqueta de couro.

Prendi o cabelo num rabo desajeitado, pus um salto alto e peguei uma bolsa pequena.

Não sou fã de maquiagem - só uso em ocasiões especiais - mas hoje resolvi passar alguma coisa. Usei base, lápis de olho, delineador, e máscara de cílios. Um batom escuro pra completar e só.

Peguei as chaves da moto e o capacete, saindo em seguida em direção a balada.

O lugar estava lotado. Não gosto muito desse tipo de ambiente, mas confesso que estava animado. Porém só vim para encher a cara mesmo, nada de perder a linha.

Passei pelo monte de loucos e fui até o open bar, onde avistei o barman que é um conhecido meu. Chego mais perto e sento em um dos bancos vermelhos do balcão.

- Me trás uma garrafa de vodka, Jayson. - digo a ele que sorri e vai em direção a prateleira de bebidas.

- Seria uma maré de azar?  - pergunta uma voz masculina ao meu lado.

Ah não, não pode ser.

- Fala sério. - olho para Nicolau e reviro os olhos.

- Você tá me perseguindo fora do expediente, sargentazinha? - ele enfatiza o "sargentazinha".

Argh, que ódio desse cara.

- Vem cá, tu não cansa de me encher? - digo explosiva.

- Hey, calma aê gata. - eu poderia socar a cara desse animal.

- Gata é o caralho, entendeu? - segurei a gola da polo preta dele. Eu estava fora de mim.

Nicolau não parecia assustado em nenhum momento. Mas olhando em seus olhos eu vi uma ponta de frustração.

- Bruna, vai com calma. - o barman, meu amigo, colocou a mão em meu ombro. - O cara não fez nada.

Suspirei fundo. Droga, essa não sou eu.

Inspira, expira. Inspira, expira.

Tudo bem, calma. Calma.

Soltei Nicolau e me sentei novamente no banco. Ele voltou ao seu lugar também, e me encarava.

- Essa é a minha garota. - Jayson sorriu. - Aqui tá a sua vodka e, vai com calma ai. - aconselhou me entregando a garrafa e saiu.

- Você é bem explosiva. - Nicolau disse tranquilamente.

- Você não sabe o quanto. - digo mais calma, mas ainda grossa.

- Aí, gostei. - sorriu.

Ah eu mereço.

- Desde quando mesmo eu preciso que tu goste? - pergunto mas ele apenas ri.

Trocamos alfinetadas por um tempo, até que eu já havia bebido tanto que não respondia mais por mim.

Nicolau bebeu apenas quatro doses e parecia completamente em si. Ao contrário de mim, que estava louca.

- Desce mais uma aí! - gritei pra Jayson que fazia cara de reprovação.

- Bruna, tu já bebeu três garrafas. Não acha que tá bom por hoje? - pergunta.

- Para de reclamar e desce outra! - grito e ele suspira.

- Sargentazinha, já chega. - Nicolau diz ao meu lado.

- Quem é você pra me dizer oque fazer? - pergunto grossa e ele revira os olhos.

Estou estressada e completamente fora de mim. Me levanto e vou em direção ao banheiro deixando Nicolau e o Barman pra trás.

Entro no banheiro e sinto uma ânsia grande. Corro em direção ao sanitário e começo a vomitar tudo oque bebi.

Ouço um tumulto lá fora e em seguida, a porta do banheiro onde eu estava é aberta.

- Droga, sargentazinha. Tu vai vomitar as tripas aí. - ele segura me cabelo enquanto eu jogo o líquido amargo dentro do vaso.

Há uma pausa no vômito, e eu imagino que tenha terminado. Nicolau me ajuda a levantar a cabeça, e eu me sento no chão do sanitário.

- Tu tá péssima. - ele diz olhando o meu rosto. - Tem que ir pra casa.

- E é isso que eu vou fazer. - rosno e tento me levantar. Em vão, pois não aguento nem as pernas, oque me faz sentar novamente.

- Acha mesmo que vai conseguir dirigir? - ele ri de mim.

- Para de rir de uma bêbada e me ajuda a sair daqui. - digo brava e ele me ajuda a levantar.

Eu tenho uma tontura e quase caio, mas ele me segura e me leva pra fora do banheiro.

- Droga, eu vou ter que te levar em casa. - ele reclama me carregando.

- Não mesmo. - digo. - Até parece que tu vai me levar em casa. - rio.









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