Fora da lei

Sete

Bruna

- Parece tensa. - Vini diz, e eu o encaro.

- Impressão sua, amor. - digo.

- Eu te conheço. - ele diz. - Me conte oque houve. - pede.

- Bati de frente com Nicolau hoje. - conto e ele me leva a continuar. Pego mais uma garfada de macarrão. - Um cara desapareceu, e o delegado me mandou procurar por ele. - beberisco meu suco.

- Êxito? - pergunta animado.

- Não. - suspiro. - Ele se safou de mais essa. - digo e Vini me olha solidário.

- Esse cara nunca é pego? - pergunta inconformado.

- Ao que parece, não. - suspiro insatisfeita. - E eu estou cansada de falhar na missão. As vezes penso até em desistir. - desabafo.

- Meu amor... - Vini se aproxima e me abraça, carinhoso. - Fique tranquila, sua hora vai chegar. - ele se afasta e me lança um sorriso sincero. - E vamos comemorar com champanhe quando isso acontecer. - termina.

Sorrio fraco.

"Mas quando?" - é a pergunta que martela na minha cabeça.

Nicholas

- Chegamos, pequena. - digo estacionando o carro perto de um prédio abandonado, um pouco afastado da comunidade.

- Até que enfim. - ela ri. - Vamos Nico, vamos. - ela me puxa pela mão.

O lugar não é desconhecido para Aninha. Já trouxe ela aqui outras vezes, quando ela insiste muito.

Sinto-me culpado por ter que prender ela assim. Sei que quando se é pequeno, a melhor coisa é ficar na rua, brincar com os amigos, ver o lado de fora da janela. Me dói vê-la todas as tardes vendo as outras crianças jogarem bola lá fora, e ela presa, sozinha. Mas, é necessário. Não suportaria perder mais ninguém.

- A noite tá linda. - ela diz sentando num banquinho, assim que chegamos lá em cima. Eu observo o céu e tenho que concordar, está maravilhoso.

Ela olha o horizonte por algum tempo. E eu observo a pequena entretida com as pequenas luzinhas, tão longe. Ela amava estrelas. Nunca entendi muito bem, mas consentia em lhe trazer sempre que podia para vê-las.

- Papai e mamãe estão lá, não é Nico? - ela me pergunta e eu me assusto sobre ela tocar nas palavras "mãe e pai".