Dez

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Nicholas

Duas semanas se passaram, hoje é sábado. Acordei num pulo com Aninha chorando no seu quarto.

- Ô meu anjinho, oque é que tu tem? - pergunto sentando ao seu lado na cama.

- Minha cabeça dói. - ela diz manhosa.

Eu coloco carinhosamente a mão em sua testa, e ela está quente. Vou até a gaveta e pego o termômetro, em seguida, vejo a sua temperatura. Trinta e nove graus.

- Droga Ana, você tá ardendo em febre. - digo preocupado.

- Nicholas, oque houve? - diz Rosa assustada entrando pela porta.

- A Aninha tá com 39 de febre. - digo e ela coloca a mão na testa da garota.

- Meu deus, ela tá queimando. - diz. - Vamos ter que leva-la ao postinho. - sugere.

- Não podemos correr esse risco, Rosa. - digo me referindo a tirar Ana de casa. - Alguém pode ver. - extimo.

- E prefere deixar a garota doente em casa? - se zanga.

- Não, dona Rosa. É só que... - começo mas sou interrompido.
- Vou leva-la. - diz e vai pra sala pegar sua bolsa e eu a acompanho.

- Eu vou mandar Kayque acompanhar vocês. - digo e ela consente.

Bruna

"Vida, me desculpe por não me despedir antes de sair, hoje de manhã. Recebi uma ligação do meu patrão, e tive que resolver uns problemas de finança em outra cidade. Então, levantei cedo e parti sem me despedir. Volto daqui a dois dias, então, na segunda provavelmente já devo estar com você novamente. Já estou morrendo de saudades, até logo.
                                     -  Vini"

Era isso que estava escrito num papel amarelo em cima da minha cômoda, hoje quando acordei.

Vini anda trabalhando muito. Sei que não sou digna de cobrar nada, afinal, eu vivo naquela delegacia. Mas ultimamente Vini tem me deixado de lado, e cuidando apenas dos problemas da empresa. Não tem vindo mais ao meu apartamento para o jantar, nem dormido aqui. Ele sempre tem um jantar com investidores, ou uma reunião de última hora. Sempre está ocupado demais pra mim. Na semana passada, combinamos de ir tomar um suco depois do trabalho, e eu fiquei exatas duas horas esperando sozinha na mesa da lanchonete, e Vinicios nem se quer deu as caras.

No dia seguinte ele me ligou pedindo milhares de desculpas, mas tivemos uma briga. Reclamei da ausência dele, mas ele, paciente até de mais, me disse que "é só uma avalanche de problemas  acumulados na empresa, e logo logo tudo retornaria a ser como era antes."

Uma semana se passou e a rotina de trabalho dele continua a mesma. E eu estou cansada disso.

Quando ele voltar de viagem resolvermos essas pendências.

Mas por enquanto, eu vou me arrumar e comer em algum lugar, não estou com ânimo de preparar café.

Visto uma roupa despojada, já que estou de folga hoje. Pego a chave da moto e saio.

Nicholas

- Tu parece preocupado. - diz Ph colocando a mão no meu ombro.

- A Ana estava queimando em febre hoje de manhã. - desabafo baixinho, pois estamos no galpão e podem ouvir. - Tô mó preocupado. - digo.

- Calma irmão. - tenta me acalmar. - A Anazinha tem uma saúde de ferro, vai sair loguinho dessa, tu vai ver. - sorri sincero, e ele realmente me passa essa calma. - Mas aí, conheci uma gata que trabalha num café aqui perto. Tá afim de ir comigo? - sugere.

- Não, Ph. - nego. - Tô sem ânimo pra qualquer coisa. - concluo.

- Sai dessa, cara. - insiste. - Tua mana é osso duro, vai ficar boa logo. - diz. - Bora comigo.

- Tá legal, tu venceu. - suspiro.

Bruna

Assim como o café, os sentimentos também se esfriam.
É exatamente assim que eu me sentia em relação ao Vini.

Não que eu não gostasse mais dele, mas, aquilo que nós insistimos em chamar de amor é uma chama que a cada dia vem se apagando. Ele não me ligava mais durante o dia, nem mandava mensagens de boa noite como fazia antigamente, no começo do nosso namoro. Ele passava o dia todo na empresa, e quase não dormia mais lá em casa.

Quando completamos 3 anos de namoro, Vinicios resolveu vir morar comigo. Eu inventei uma desculpa dizendo que gostava de morar sozinha, e que tinha medo de nós acabarmos enjoando um do outro. Então, concordamos dele dormir no meu apartamento toda noite.

E funcionou sempre. Era muito bom acordarmos e tomarmos café juntos. E eu acabei me acostumando, tanto que quando ele não podia vir por algum imprevisto - coisa que só acontecia uma vez a cada dois ou três meses - eu sentia muita falta da sua compahia.

Mas de uns tempos pra cá ele vem se afastanto pouco a pouco, e eu posso notar isso.

Talvez ele esteja certo, e seja só uma maré de ocupação exagerada. Mas talvez, ele acabou enjoando de mim. Normal, acontece.

Agora eu estou sentada no balcão de uma cafeteria, apreciando meu amargo café puro e observando como a atendente dá em cima de quase todos os clientes.

- A senhorita deseja mais alguma coisa? - ela pergunta sorridente.

- Não, obrigada. - digo e ela vira as costas.

Nicholas

- Olha ali a minha gata. - ele diz e aponta uma garota do cabelo vermelho, que conversa com uma moça sentada em um dos bancos do balcão.

- É, bonitinha. - brinco e ele ri.

- Vou falar com ela e tu senta ali naqueles bancos. - diz assim que a ruiva sai de perto do balcão e entra numa salinha.

Concordo e me aproximo do banco onde a outra garota está sentada.

- Com licença, eu posso me sentar aqui? - pergunto educadamente.

O local e público, senta onde quiser. - ela diz sem rodeios.

Aquela voz, ah, sei bem quem é.

- Me diga, oque faz aqui? - pergunto me sentando ao seu lado, sem mostrar espanto.

Fora da leiOnde histórias criam vida. Descubra agora