Prólogo

342 26 7
                                    

Meus olhos finalmente se acostumaram a claridade dos faróis da viatura, estava tudo tão escuro, mas aqueles faróis me incomodavam. Dois policiais conversaram longe de mim e uma médica me examinava.

- Sente algo? - ela falou tocando meu braço. - Está me ouvindo?

Neguei com a cabeça, eu estava coberta de sangue e não fazia a mínima ideia de onde estava, eu não sentia dor alguma mesmo parecendo haver alguns cortes em minha pele. Os policiais finalmente chegaram perto de mim, ambos eram altos, um era moreno com uma barba meio grande e tinha aquela típica pose de policial master, já o outro era branco e conferia algo em alguns papéis, deveria ser novato pelo jeito completamente desenfonçado de ser.

- Boa noite Senhorita Clark, pode nos relatar o que aconteceu aqui? - o moreno me perguntou.

- Eu não lembro. - olhei para ele e depois para minhas mãos.

- A senhorita nos ligou afirmando que algo a perseguia e que seus amigos sumiram. - o branco olhava para alguns papeis.

- Eu não lembro de nada. - olhei para ele. - Quando eu liguei?

- Ela bateu a cabeça, talvez tenha perdido a memória. - a médica disse enquanto enfaixava minha cabeça.

Levei a mão ao local onde ela estava enfaixando e senti uma dor aguda, gemi de dor e ela logo terminou de enfaixar. Fiquei olhando para minhas mãos, estavam tremendo e com cortes superficiais.

Os policiais olharam para mim e depois para a médica, falaram algo que não presteu atenção e seguiram para a viatura. A médica me ajudou a levantar e guiou até a ambulância, antes de entrar olhei para trás e vi uma garotinha dando tchau para mim, ela estava sorrindo com a cabeça inclinada para a direita. Tentei focar em seu rosto, pois estava muito escuro, dei um grito quando notei aqueles olhos completamente negros e aquele sorriso sinistro.

- Não, não pode ser, me tira daqui, me tira daqui, eu não quero mais brincar. - falei cobrindo meus olhos com as mãos.

A médica me olhou confusa e tentou tocar no meu ombro. Corri em direção a viatura e comecei a socar e chutar sem parar, os policiais sairam correndo e tentaram me tirar de lá e eu apenas gritava.

- Ela está ali, eu não quero mais brincar com ela, por favor.

Os dois se olharam sem entender nada. Olharam ao redor e o moreno saiu com sua lanterna focando para todas as direções, voltou seu olhar para mim e arqueou uma sobrancelha.

- Senhorita Clark, somos os únicos aqui, não há mais ninguém nessa estrada. - ele se aproximou de mim e ajudou o branco a me segurar.

- Como não? Ela está ali, me tira daqui. - apontei para uma direção e todos olharam.

- Posso lhe afirmar que não há perigo algum, ninguém irá machucá-la, deve estar nervosa e confusa por causa dos ferimentos. A Dr. Peterson irá levá-la para um hospital onde você estará aos cuidados de profissionais, não se preocupe, está em boas mãos. - o branco sorriu para mim gentilmente.

A médica se aproximou de mim e injetou algo no meu braço, minha visão foi ficando turva e meu corpo cada vez mais mole, senti os braços dos policiais me segurando e me levando em direção a ambulancia. A garota chegou perto de mim e sorriu, assim que entramos na ambulancia e eu fui colocada na maca.

- Não se preocupe Violet, a gente vai brincar mais.

Ela passou a mão gelada no meu rosto e uma lágrima involuntária desceu pelo meu rosto, eu não tinha mais forças e logo tudo ao meu redor sumiu, menos as risadas infantis e aquela música maldita que nunca mais sairia da minha cabeça.

InsanidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora