Uma viagem nada tranquila

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16 de janeiro de 2016

Eu tomei um longo banho e procurei uma roupa de Saphira que pudesse usar, coloquei um vestido azul florido que ficou um pouco justo no meu corpo e um tênis preto que por sorte coube direitinho em mim. A casa estava silenciosa demais, penteei os cabelos rapidamente e sai do quarto, fui pelo corredor em direção ao quarto de Luna, estava vazio.

- Luna querida, cadê você?

Não houve resposta.

- Não acredito que aquela inútil acha que pode fugir de mim. - resmunguei baixo.

- Tava me procurando?

- Oi Saphira. - me virei e encarei Saphira que estava com as mãos para trás.

- Tenho uma coisa pra você. - ela sorriu sem jeito e ergueu uma faca.

- O que? Vai me esfaquear até a morte? - comecei a gargalhar alto. - Até parece que você tem coragem.

Saphira hesitou e deu um passo para trás, sorri vitoriosa, afinal ela não teria coragem alguma nem de machucar uma formiga. Dei um passo para frente e tirei a faca da mão de Saphira.

- Vem, você precisa arrumar suas coisas.

- Não, você não entende? Isso é loucura, eu não vou fugir com você.

- Saphira querida, isso não foi um convite. - segurei seu braço com força. - Você vai comigo, por bem ou por mal, você não tem escolha, ta tão difícil assim de entender? Achei que fosse mais inteligente.

- Como assim não tenho escolha? É lógico que eu tenho, posso muito bem ligar para a polic...

- Ligue e verá de camarote eu esquartejando a sua doce e adorável filhinha.

Senti apenas uma dor no lado esquerdo do meu rosto, um tapa forte que provavelmente deixou uma bela marca vermelha. Eu ri do seu gesto espontâneo e Saphira me encarou incredula.

- Sabe Saphira, eu to começando a perder a minha paciência com você. Acho que já está na hora de você perceber quem está mandando nessa porra toda.

As luzes do corredor começaram a piscar projetando sombras distorcidas pelas paredes, gargalhadas infantis invadiram o lugar e Saphira olhava por todos os cantos tentando entender o que estava acontecendo, as luzes foram ficando cada vez mais fracas até se apagarem de vez, já estava tarde, por volta de 2h da madrugada e agora o silêncio era pertubador, a única coisa que eu ouvia era a respiração falha de Saphira que tomada pelo medo ficou imóvel fitando a janela que foi aberta rapidamente e um vento congelante invadiu o local. Uma voz infantil e doce começou a cantarolar perto de Saphira que arregalou os olhos quando percebeu a letra da estranha melodia.

1, 2... Te mato depois

3, 4... Não faça teatro

5, 6... Vai chegar sua vez

7, 8... Quer um biscoito?

9, 10... Cuidado com os pés

Saphira deu um grito estridente quando algo tocou seus pés, fazendo-a perder o equilibrio e caiu no chão, várias mãos em carne viva tentavam arrastar Saphira que gritava cada vez mais. Depois de muito lutar ela se livrou das mãos e saiu correndo pelo corredor tentando chegar até as escadas, Saphira passou a mão pelos pés e tornozelos que agora doiam como se tivesse quase em chamas.

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