Giulia

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16 de janeiro de 2016

Eu estava deitada no chão com as pernas na parede quando Saphira chegou, ela parece estar meio assustada comigo e ainda nem cheguei na parte divertida da história.

- Como está se sentindo? - ela ficou do meu lado.

- Você é irritante sabia? Olha pra mim, acha que gosto de estar presa a uma porcaria de camisa de força? - enclinei a cabeça para a direita e fiquei encarando Saphira.

- Eu só queria saber se ainda vê... o-o que você vê? Ficou gritando para a parede ontem, quem estava lá? - Saphira parecia meio desconfortável.

- Depois eu sou a louca, ta imaginando muito Saphira, eu não falei com ninguém. - comecei a gargalhar e ela deu um passo para trás. - Ai tudo bem, liga ai o teu gravador. Eu nem sempre fui louca sabia? É assim que me definem? Louca? As coisas eram diferentes a um ano atrás.

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09 de janeiro de 2015

Acordei sentindo um cheiro forte perto do meu nariz, Victor estava segurando um vidro com um líquido verde perto de mim.

- Ai caramba quem vomitou aqui?

- Você está bem? - ele segurou meu braço e me ajudou a levantar.

Beatriz e Melanie logo me abraçaram e estavam falando algo que eu não prestei atenção, eu estava do lado de dentro da cabana em um sofá nem um pouco confortável. A sala era pequena, tinha um quadro com uma floresta densa e escura, o sofá que eu estava deitada, uma estante com alguns livros e uma lâmpada fraca no teto.

- Você vai ficar no quarto comigo, já levei suas coisas para lá. - Melanie disse sorrindo. - Você fica na beliche de cima, ah, é o último quarto.

- Tudo bem.

Então o pessoal resolveu dar uma olhada na casa já que eu não queria o foco em mim, fui até a cozinha, era até grande. Tinha uma mesa com 6 cadeiras, geladeira, fogão, um armario bem grande que ocupava uma parede inteira, uma pia e uma janela.

Andei até a janela e percebi que dava para ver uma árvore com um balanço nela, quando eu ia me virar o balanço começou a se mexer, achei que fosse o vento então abri a janela, mas não ventava do lado de fora.

- Oi moça bonita.

Me virei rapidamente, mas não havia ninguém atrás de mim. Mas eu juro que ouvi uma voz infantil perto de mim.

- Algum problema? - Lucas apareceu na porta com uma sobrancelha arqueada.

- Achei ter ouvido algo, mas deve ter sido só minha imaginação.

- Bateu a cabeça em algum canto? - Victor passou as mãos pelo meu rosto e verificou minha temperatura com a mão.

- Eu to bem, acho que só estou cansada. Vou para o quarto. - afastei as mãos de Victor e deu um sorriso fraco.

Subi as escadas ignorando o Victor e indo em direção ao meu quarto, ouvi uma gargalhada infantil e olhei para o corredor, não havia ninguém, isso estava ficando muito estranho. Entrei no quarto e Melanie não estava, minha mala estava próxima a porta e aberta.

- Acho que ela já arrumou minhas coisas.

Havia uma beliche, uma cômoda com um espelho e um guarda-roupa no quarto, era pequeno e acolhedor, a janela tinha uma cortina florida meio desgastada, fui em direção a cômoda. Havia uma caixinha vermelha com detalhes dourados.

- Uma caixinha de música?

Abri a caixinha com cuidado e apareceu uma bailarinha com um tutu vermelho, girei uma pequena chave que estava ao lado e uma música com um som distorcido e uma voz grave começou a tocar, me assustei e fechei a caixinha com força.

- Oi moça bonita.

Aquela voz infantil de novo, mas dessa vez quando me virei havia uma criança olhando para mim.

Dei um grito pelo susto e a garota se aproximou de mim, ela deveria ter cerca de 7 anos, era muito pálida, com longos cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo do lado esquerdo, um vestido azul claro com uma fita rosa que parecia ter saido de um anime, tinha um sapatinho também preto e uma meia branca, parecia uma boneca em tamanho real carregando um ursinho marron nos braços.

- Desculpa, não quis te assustar.

- Tudo bem, q-quem é você? Como chegou aqui?

- Meu nome é Giulia e eu moro aqui.

Um arrepio subiu minha espinha, Beatriz disse ninguém morava aqui há anos. Não era possível essa garota morar aqui, era?

- Quer brincar comigo? - a pequena balançava o ursinho e sorria inocentemente para mim.

- Ah, brincar? Brincar de que? - eu estava assustada, aquilo não fazia sentido.

- De esconde-esconde, você conta até 30 e eu me escondo, depois você tem que me procurar.

- Hum, tudo bem, eu brinco com você.

- Oba. - ela deu alguns pulinho de alegria. - Agora fecha os olhos e começa a contar.

- Tudo bem, 1, 2 ,3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10...

- Violet? Por que você ta contando?

Abri os olhos e vi Melanie na porta me olhando confusa.

- Hum, estou brincando de esconde-esconde com a Giulia. - falei olhando para baixo.

- E quem é Giulia?

- A garotinha que disse que mora aqui.

- Violet, ninguém mora aqui. O homem que nos entregou a chave disse que a família que morava aqui antes foi embora. Isso já faz 30 anos. - Melanie me olhava confusa. - Não tem nenhuma Giulia morando aqui Violet.

- Mas eu vi a garota, ela estava aqui a pouco tempo. - apontei para a porta onde a garota me disse para brincar com ela.

- Não tem nenhuma criança na casa, você está brincando comigo? Quer me assustar? Pois saiba que não vejo graça nenhuma. - Melanie cruzou os braços irritada.

- Desculpa Melanie, devo ter batido a cabeça e imaginado coisas, acho melhor eu dormir.

- Ótimo, faça isso. - Melanie disse saindo do quarto e fechando a porta.

Que coisa mais estranha, subi na minha cama e deitei tentando entender o que estava acontecendo.

- Não gosta de brincar comigo?

Me levantei rapidamente e olhei para a porta, Giulia estava olhando para o chão.

- N-não, quer dizer, n-não é isso. Eu estou cansada e...

- Tudo bem, vou brincar com outra pessoa. - ela parecia bem triste, segurou o ursinho bem forte.

Em um piscar de olhos eu estava sozinha de novo, devo ter batido a cabeça muito forte quando desmaiei acho melhor eu dormir mesmo, nada disso faz sentido. Deitei na cama e dormi rapidamente.

InsanidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora