30 anos atrás

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Dezembro de 1984

Marie narrando

Meus pais iriam me levar para uma cabana fora da cidade, seria férias em família e eu estava muito empolgada com a ideia.

- Marie, filha, temos uma surpresa para você.

Meus pais estavam muito cheios de segredos nos últimos meses e hoje tem uma surpresa para mim. Desci as escadas correndo e fui em direção a sala.

- Que surpresa papai?

Papai e mamãe sorriam e de trás deles saiu uma garotinha de longos cabelos castanhos e olhos azuis, ela estava com um vestido azul bebê e uma mala vermelha.

- Essa será sua nova irmã, Guilia. - mamãe colocou as mãos nos ombros da garota.

- Irmã? - perguntei intrigada olhando para meus pais.

- Sim querida, nós a adotamos. - papai falou alegremente.

Cheguei perto de Guilia e apertei a sua mão, deu um sorriso forçado e me afastei.

- O que foi filha? - mamãe me perguntou.

Me virei e subi as escadas correndo, não era bem o que eu queria e algo naquela garota me dizia que ela não era um amor de criança. Entrei no meu quarto e fiquei abraçando o meu ursinho Ted, ouvi meus pais falarem algo pelos corredores. Provavelmente estavam vendo quem iria falar comigo, eu tinha 10 anos e não queria uma nova irmã quase a minha idade, era tão difícil entender isso?.

- Marie querida, posso entrar? - papai falou enquanto batia na porta do meu quarto.

Não respondi, eu não queria aquela garota na minha casa. Depois de algumas tentativas frustradas, papai desistiu e voltou para a sala.

Passamos dois dias ainda em casa, arrumando as coisas para levarmos para a cabana, duas amigas minha foram se despedir de mim e minha mãe insistiu para que a gente brincasse com a Guilia, depois de quase uma hora minhas amigas estavam querendo ir embora por causa da Guilia, elas estavam com medo e depois eu percebi o sorriso sinistro daquela garota e a faca que ela carregava nas costas.

Tentei evitar ao máximo o contato com ela, mas seria inutil já que iriamos para uma cabana no meio do nada. No dia da nossa viagem meus pais estavam muito animados e Guilia parecia bem feliz até, eu tive que ficar sentada a seu lado no carro e percebia aquele sorriso, um sorriso que me dava medo.

- A gente vai se divertir Marie. - a voz de Guilia me tirou de meus pensamentos.

- Você acha? - perguntei sem animação.

- Sim, nós vamos brincar bastante.

Algo na voz de Guilia me fez temer essas palavras, mas continuei olhando pela janela durante toda a viagem.

- Chegamos. - minha mãe falou em um sussuro.

- O que? - falei sonolenta.

Eu havia dormido quase a vigem toda e estava sem animação alguma por ficar longe da cidade com meus pais e aquela garota estranha. Normalmente eu adoraria ficar com meus pais, mas não gostei de Giulia.

- Vamos filha, temos que entrar para arrumarmos as coisas lá dentro. - papai falou enquanto retirava nossas malas.

Sai do carro sem muita empolgação e entrei na cabana, era aconchegante, subi as escadas e fui para a terceira porta.

- Uau. - arregalei os olhos quando entrei.

O quarto era lindo, tinha uma beliche, uma cômoda, cortinhas rosa com flores brancas na janela e um guarda-roupa na parede. Pensei que teria que dividir o quarto com a Giulia, então meu sorriso sumiu e eu sai do quarto correndo e abri a segunda porta que para meu alivio só havia uma cama.

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