O clamor dos mortos

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11 de janeiro de 2015

Eu estava encolhida o que para mim pareceu horas, mas infelizmente foram poucos minutos, eu estava com a cabeça entre os joelhos e os olhos fechados enquanto chorava. Senti algo gelado tocar meu ombro e levantei a cabeça rapidamente, um grito de horror invadiu o local quando eu vi Gabriel na minha frente.

- G-Gabriel?, o-o que o que você... ai meu Deus, você está, você está morto. - me afastei rapidamente.

Um calafrio subiu a minha espinha e minha respiração estava descontrolada. Meu coração batia aceleradamente e o medo tomou conta de mim.

- A culpa é sua Violet, olha o que ela fez comigo. - Gabriel tinha um olhar triste e vazio.

Ele olhou para trás e apontou para seu corpo no chão, olhei com pavor para seu cadáver. Voltei meu olhar para o espírito, fantasma ou o que fosse do meu amigo morto, ele andava de um lado para o outro olhando para mim.

- Como você pode fazer isso comigo Violet? Eu sempre fui um bom amigo, sempre te respeitei, por que fez isso comigo?

- M-mas eu não fiz nada, eu não fiz nada Gabriel, eu juro, por favor acredita em mim. - eu chorava e balançava meu corpo para frente e para trás.

- Achei que éramos amigas Vio, como pode nos machucar?

Ouvi a voz de Beatriz e olhei para trás de Gabriel, ela estava ao lado de Bruno segurando sua mão, seus olhos vazios e sem vida me encaravam com tristeza. Era como se a morte deles fosse minha culpa, mas eu era apenas mais uma vítima daquele lugar, mais uma vítima de Giulia. Sim, Giulia, ela era a vilã, não eu.

- Olha o que você fez com a gente Violet. -a voz de Beatriz era chorosa.

- Eu não fiz nada, eu não matei vocês, parem de falar isso.

Coloquei as mãos nas orelhas e fiquei chorando enquanto me balançava, todos estavam falando que a culpa era minha e as gargalhadas de Giulia voltaram a ecooar pelo local.

- PAREM DE FALAR. - gritei para os fantasmas dos meus amigos. - Eu não suporto mais vocês.

Um vento frio preencheu o local e eu me encolhi afundando minha cabeça nas minhas pernas, aquilo era um pesadelo o pior de todos e eu sabia que não adiantava fechar os olhos, por que aquilo era real demais. As vozes fantasmagoricas me pertubavam, eu queria sair, queria sumir.

-Por que está tão triste moça bonita?

As vozes dos meus amigos sumiram e apenas a infantil e deboxada voz de Giulia podia ser ouvida, eu não queria conversar com aquela criatura que havia destruido minha vida e de meus amigos.

- Violet, não ligue para eles. São apenas fantasmas inconforma...

- CALA A BOCA SEU MONSTRO.

Gritei a plenos pulmões, me levantei rapidamente e encarei Giulia que me olhava com um sorriso de satisfação.

- É esse seu plano? Matar todo mundo e colocar a culpa em mim? Ou vai querer me matar também? Vai, me mata. - abri os braços e a encarei com raiva.

- Quanto drama Violet, é claro que não vou te matar. - ela virou de costas e começou a brincar com seu ursinho. - O ted gosta de você, ele disse que é uma garota legal.

- Você fala com um ursinho? - a olhei com um sorriso deboxado.

- Você fala com pessoas mortas Violet, o que há de normal nisso? - Giulia me olhou séria e se virou para Ted.

Olhei em volta e peguei a laterna, foquei no teto e percebi uma fresta de luz, me aproximei e percebi que era uma porta. Olhei de volta para Giulia, mas ela estava ainda conversando com Ted, levantei a mão e com certa dificuldade consegui abrir a porta. Estava tudo escuro e muito frio, um vento gelado fez meu corpo arrepiar, sai do porão e fechei a porta lentamente.

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