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16 de janeiro de 2016Saphira desligou o gravador e ficou me observando intrigada, passou a mão nos cabelos e finalmente resolveu falar.
- Isso é loucura. - ela se levantou e ficou andando de um lado para o outro.
- Ironia?
-O que? - ela me olhou confusa.
- Lembra onde está não é? - arqueei uma sobrancelha e ela abriu a boca, mas não disse nada. - Foi o que imaginei.
- Me desculpa, não quis dizer isso. Eu só... -ela passou as mão pelo cabelo e olhou para baixo. - É muito coisa para assimiliar, entende?
Olhei para ela e respirei fundo, eu sabia que seria difícil de acreditar em toda essa história, ainda mais acreditar em algo que você não vê.
- Eu sei, mas precisa acreditar em mim, você é a única que pode me tirar desse lugar.
- Como assim? - ela me olhou confusa e foi andando em minha direção.
- Você pode me ajudar a sair daqui Saphira, mas precisa acreditar em mim. - olhei para ela e em seguida para a porta que estava se abrindo lentamente. - Você é minha única esperança, por favor não me abandona.
Saphira se ajoelhou e segurou meu rosto.
- Não vou abandonar você Violet, eu sei que muito já fizeram isso. Mas preciso de um tempo para entender tudo isso que você está me contando.
A porta foi aberta e um homem alto, branco de cabelos grisalhos entrou. Ele estava com um jaleco branco e óculos, parecia um cientista maluco, andou em minha direção e deu um sorriso falso.
-Vejo que está melhorando senhorita Clark. - sua voz tinha um tom sarcástico e nada convidativo.
Olhei para ele confusa e Saphira apenas fitava o chão enquanto mexia as mãos nervosa, parecia estar com medo dele.
- Precisamos fazer alguns exames para nos certificar de sua lucidez, se importa de se retirar da sala senhorita Evan. - ele olhava para Saphira com aquele sorriso sarcástico.
- Oh, claro, desculpa, e-eu já estava mesmo de saída. - Saphira me olhou de canto e saiu.
Dois homens entraram na sala com uma cadeira de rodas, um deles estava com uma seringa na mão. Olhei para o homem ao meu lado e ele deu um sorriso que me fez arrepiar, algo estava errado em tudo aqui.
- Sabe Violet você vai receber um tratamento muito bom aqui. - ele tocou meu ombro e fez um sinal com a cabeça para os homens.
Arregalei os olhos com aquele comentário. Os caras chegaram perto de mim também com um sorriso sarcástico, me colocaram na cadeira de rodas e me levaram pelo corredor escuro daquele lugar, entramos em uma sala parecida com o meu "quarto", era completamente branco, mas havia várias ferramentas encima de uma mesa. Aquilo ia acabar muito mal e eu precisava fazer alguma coisa, uma loucura talvez.
- Giulia?
Os homens me olharam confusos, talvez achando que fosse um delírio meu. Eu estava suando, meu corpo tremia e meus olhos se arregalavam cada vez mais quando aquele homem grisalho mostrava cada uma de suas ferramentas, havia tesoura, machado, serrote, agulhas, alicate, e outros que eu não consegui ver.
- Giulia, qual é, aparece. -minha voz estava tremula, eu estava com medo do que esses caras fariam comigo.
- Perdão senhorita Clark, mas eu nem me apresentei. - o grisalho me olhou e sorriu. - Meu nome é Dr. Nicolas Moore e esses são meus ajudantes, Jhonatan e Vincent Simon.
Olhei para os dois e percebi a semelhança neles, ambos altos e morenos com olhos castanhos, um tinha os cabelos lisos e grandes o outro tinha o cabelo bem curto.
- O que vão fazer comigo?
- Calma, eu vou cuidar bem de você. - Dr. Moore se aproximou de mim com um sorriso maníaco no rosto.
Ele passou suas mãos ásperas no meu rosto e apertou minha bochecha, depois eu só senti meu rosto virar bruscamente para a direita e uma dor brotar na minha bochecha esquerda. Ele me deu um tapa, um tapa forte que me arrancou uma lágrima.
- Oh querida, eu esperei tanto por esse momento.
- O que? - me virei desesperada e o encarrei com os olhos arregalados por entre as lágrimas.
- Venho te vigiando desde que chegou aqui, sua beleza logo despertou algo em mim. - ele passou seus dedos pelo meu cabelo. - Essa pele perfeita, esses lábios carnudos, esses olhos negros, ah como amo seus olhos negros.
Um calafrio subiu minha espinha e um sensação de nojo invadiu meu ser, o que aquele pervertido estava querendo fazer o que comigo?
- Giulia, por favor, aparece. - eu estava quase implorando.
- Não importa o quanto implore, ninguém vai te ajudar moreninha, você está sozinha aqui.
Eu estava indefesa e presa em um quarto com três malucos, o único ser que poderia me salvar é aquele que já quis me matar. Estou em meio a insanidade não é? Por que não se jogar de uma vez por todas?
- Vamos brincar? - falei para o médico maluco.
- O que? Você quer brincar? - ele recuou e olhou para seus ajudantes com um olhar de deboche.
Eles se olharam meio confusos, enquanto conversavam entre si, eu reparei que havia um movimento na mesa. Giulia estava sentada admirando as ferramentas e balançando as pernas pálidas.
-Giu...
-Shh. - ela apareceu na minha frente com sua mão gelada na minha boca. - Quer que eles escutem você me chamando de novo? Você não sabe ser discreta sabia?
Apenas balancei a cabeça negativamente, Giulia riu e pegou o ursinho, correu de volta a mesa admirando cada ferramenta. Ela pegou uma corrente e colocou seu ursinho na mesa, saiu correndo arrastando a corrente no chão.
- O que foi isso? - os três falaram quase que juntos.
Olharam para mim e depois para todos os lados, uma gargalhada infantil invandiu a sala, os três correram em direção a porta, mas ela estava trancada. Dr. Moore veio em minha direção e me deu outro tapa.
- O que você está fazendo garota?
Comecei a rir e a gargalhar descontroladamente e os três apenas me olhavam com pavor nos rostos.
- Eu? Eu sou o menor dos seus problemas agora.
Giulia parou de correr e pegou uma faca, veio em minha direção e cortou as mangas da minha camisa de forças, me levantei lentamente olhando para o chão e depois encarei o grisalho.
- Dr. Moore? Vamos brincar?
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Insanidade
HorrorCinco amigos em uma cabana afastada de tudo, o que daria errado? Algo maligno habita aquele lugar, e eu descobri da forma mais cruel que você não deve brincar com ela.