Acordei no meio da noite com o som da chuva batendo com força no vidro da janela do meu quarto. Estava tudo escuro e frio. Tentei me levantar, mas ao tentar fazer isso, uma dor lancinante passou pela minha cabeça, o que me fez voltar para o travesseiro. Aos poucos, as lembranças dos acontecimentos no café começaram a aparecer. O que eu estava fazendo ali, deitada na minha cama depois do que tinha acontecido? Como eu havia chegado lá? Por que eu não me lembrava de ter me despedido de Ben? Ben! Lembrar dele me fez levantar abruptamente e acabei caindo. Me levantei devagar e caminhei até o interruptor, acendendo a luz.
- Quer me fazer o favor de apagar a droga da luz? Não sabe que preciso levantar cedo amanhã?
- O que? -Olho para Chris.
- Está dormindo de olhos abertos? -Ela revira os olhos.
- O que aconteceu? Não... Não me lembro de muita coisa.
- Ahr! Um garoto trouxe você pra casa, Tess. Não se lembra disso? Como pode ter se esquecido de alguém tão atraente?
- Um garoto me trouxe pra casa? Mas do que você está falan... -O garoto que degolou o cara do chapéu, é claro! Agora eu me lembrava dele.
- Ele disse que te atropelou com a bicicleta dele e você acabou batendo com a cabeça no chão. Ben disse à ele onde era nossa casa e ai ele te trouxe. Como um pedido de desculpas.
- Ahn... E... Ben veio com ele?
- Não. Ele disse que Ben ficou para pagar a conta no café. Achei estranho, já que ele é seu melhor amigo.Aquilo não fazia sentido. Por que aquele garoto não contou a verdade? Será que estava com medo de denunciarmos ele por assassinato? Então, por que ele não me matou? Eu poderia testemunhar contra ele. Eu devia estar com uma expressão estúpida no rosto, pois Chris me mandou acordar e depois se virou para voltar a dormir.
...
No dia seguinte, me levantei e fui direto para o banheiro tomar um bom banho. Eu não parava de pensar em Ben. Liguei pra ele inúmeras vezes durante a noite, mas ele não respondeu a nenhuma das minhas ligações ou mensagens de texto. Eu queria ligar para a mãe dele, mas já estava tarde e não achei que fosse conveniente. Por fim, me convenci de que ele estava bem e que o veria na escola.
Após o banho, desci as escadas e vi meu pai sentado na mesa olhando algumas contas que tínhamos que pagar. Eu odiava vê-lo fazendo isso. Odiava porque eu sabia que aquilo o preocupava muito. Tínhamos muitas dívidas e todo mês chegavam mais contas. A cabeça dele devia estar a mil. Pensando nisso, decidi não contar o ocorrido no café. Ele não precisava de mais um item na sua lista de coisas com que ele devia se preocupar.- Bom dia, papai!
- Tess, oi! Se sente melhor?
- Sim, foi só um susto.
- Graças a Deus por isso. Foi muita gentileza aquele garoto ter carregado você até aqui. Ele pensou em leva-lá para o hospital, mas viu que não seria necessário.
- É... Pois é...
- Vocês já se conheciam?
- Não.
- Hum... Entendo. Bom, o café está na cozinha. Vou chegar em casa um pouco mais tarde hoje. Chegou uma peça mais complexa e vou demorar para terminá-la. Sua irmã ficou de dormir na casa da Carol, então acho que a casa é toda sua.
- NÃO!
- Não? Você sempre gostou de ficar sozinha em casa.
- E-eu sei, mas, agora é diferente.
- Diferente? Por que?
- Eu, ahn... quero... quero passar mais tempo com a minha família! -Sorrio exageradamente.
- Aham, claro. Desculpe, mas isso terá que ficar para amanhã. Não se preocupe, você vai ficar bem, Tess. -Ele beija minha cabeça e sobe para o quarto.Na escola, procurei por Ben em todos os lugares: Nas salas, nos banheiros, nos becos, no manicômio (Sala dos professores), na cantina, procurei por ele em todo canto, mas não o encontrei. Na sala de aula, sua carteira estava vazia. Perguntei para alguns colegas se tinham visto Ben matando aula e todos disseram que não.
Depois da aula, passei na casa dele na esperança de que ele abrisse a porta, me desse um abraço apertado e me enchesse de perguntas. Então eu diria que não sabia como responder, nós iríamos rir muito e depois assistir algum filme. Mas não foi isso que aconteceu.
- Tess, que bom ver você!
- Obrigada, Sra. Jones. Ben está?
- Ahn... sim, ele está.Uma onda de alívio me atingiu ao ouvir aquelas palavras.
- Posso vê-lo?
- Não!
- O que? Por que?
- Ele não está muito bem. Está descansando agora, Tessa. É melhor você voltar outro dia.
- Mas, mas preciso falar com ele.
- Outro dia. Preciso entrar agora. Até mais. -Ela fecha a porta rapidamente, me deixando ali sozinha boquiaberta.Chegando na porta principal de casa, me viro, verificando se alguém estava por ali. Para minha sorte, ou azar, não tinha ninguém. É, pelo visto aquela seria uma noite e tanto.
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A Profecia
FantasíaAs vezes, coisas estranhas acontecem. Coisas inexplicáveis. Coisas indescritíveis. Coisas que nos fazem questionar nossa sanidade. E nós temos medo dessas coisas. Temos medo porque não conhecemos, não controlamos e o ser humano teme o desconhecido e...