Comecei a arrumar a casa ao som de Coin. Eu geralmente não faço isso, mas naquela noite eu precisava manter minha cabeça ocupada. Depois de limpar tudo, fui até a cozinha preparar um lanche. Nesse meio tempo, eu me senti bem. Estava fazendo coisas comuns em uma casa comum onde vivia uma família comum. E foi ai que tudo foi por água abaixo quando ouvi batidas na porta.
Parei onde estava, encarando a porta como se aquilo a impedisse de ser aberta. Apertei meus dedos contra as palmas das mãos com tanta força que suspeitava que elas estivessem sangrando. Eu temia que o dono daquelas batidas fosse o mesmo que tentara me matar, embora eu tivesse visto sua morte.- CARTEIRO! TENHO COMIGO ALGUMAS CARTAS PARA O SR. LUKE BAKER.
Soltei o ar que eu nem sabia que estava segurando e caminhei até a porta. Assim que a abri, fui empurrada ferozmente pra dento da casa, sendo presa contra a parede e tendo minha boca tampada por uma mão grossa e calejada. A porta foi fechada com um chute, meus gritos abafados e meus braços e pernas presos por alguém que eu não conseguia ver. Tentei me debater para sair daquele estado. Não deu certo.
- Se parar de se mexer talvez eu te solte mais rápido! -Uma voz jovem e grossa me alerta.
Aos poucos, fui ficando quieta ao perceber que aquela era a melhor escolha que eu podia fazer no momento.
- Isso. Boa garota. Agora, eu vou tirar minha mão da sua boca devagar, mas preciso que prometa que não vai gritar. Você promete? Pisque uma vez pra sim e duas pra não.
Não pisquei.
- Vamos lá, garota. Facilite minha vida. Vai, uma vez pra sim e duas pra não.
Irritada, pisquei uma vez.
- Ótimo. -Lentamente, ele deslizou sua mão pela minha boca e deu alguns passos pra trás- Viu só? Não foi tão ruim.
- SOCORRO! TEM UM INVASOR NA MINHA CASA! -Grito enquanto corria pela casa desesperadamente.
- SUA FALSA! MENTIU PRA MIM! -Rapidamente, ele me puxa de volta, me jogando contra o sofá ficando por cima de mim tampando novamente minha boca- NÃO VOU MACHUCAR VOCÊ, EU PROMETO!Tentei me acalmar mas estava difícil. Enquanto isso, pude ver quem era. O garoto assassino. E, caramba, como ele era bonito. Seus olhos eram de um castanho encantador. Seus cílios faziam uma curva elegante ao redor de seus olhos. Seu cabelo era de um preto tão escuro quanto a noite. Sua pele clara deixava nítida a vermelhidão em seu rosto causada pelo esforço de me deixar parada. Ele tinha um cheiro que eu não conseguia identificar, mas que me fazia querer mais. E seus lábios pareciam tão macios...
Acho que me perdi em meus pensamentos, porque não percebi que minha boca agora estava livre.- O que está fazendo na minha casa?
- Vim verificar se estava tudo bem com você.
- Então por que me empurrou daquele jeito?
- Fiquei com medo de você se assustar e chamar muita atenção.
- Cara, eu estou apavorada!
- Eu sei, eu sei. Me desculpe.Corei violentamente ao perceber que nossos corpos estavam grudados e seu rosto à centímetros do meu. Ele deve ter percebido isso também, pois se levantou rapidamente. Droga!
- Então... sua casa é bem bonita.
- É... um pouco.
- Está sozinha aqui, não está?
- Talvez...
- Legal. -Ele começa a caminhar pela casa, indo até a cozinha, onde um meio sanduíche esperava por mim.
- O que está fazendo?
- Conhecendo o ambiente. -Ele pega o sanduíche e come.
- Ei! Isso é meu!
- Não é mais.
- Fala sério! Por que está aqui ainda? Eu estou bem, viva, feliz. Agora já pode ir.
- Não. Agora não. Quero te conhecer melhor. -Ele sorri maliciosamente, o que me faz corar.
- É... ma-mas eu não quero.
- Não? Achei que quisesse respostas sobre o que aconteceu no café.
- Achou errado. Tchau! -Coloco minhas mãos em seus ombros no intuito de empurra-lo pra fora, mas ele gira e me puxa em sua direção. Agora estávamos tão próximos que eu podia sentir sua respiração em meu rosto.
- Posso responder tudo o que quiser saber, do começo ao fim. Só preciso que despache quem quer que esteja chegando. -Seu olhar me fez ficar imóvel.
- O que?Mais uma batida na porta. Juntos, nos viramos para encarar a mesma.
-TESS, EU PRECISO PEGAR MINHA MOCHILA. ABRE A PORTA!
- Chris...
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A Profecia
FantasyAs vezes, coisas estranhas acontecem. Coisas inexplicáveis. Coisas indescritíveis. Coisas que nos fazem questionar nossa sanidade. E nós temos medo dessas coisas. Temos medo porque não conhecemos, não controlamos e o ser humano teme o desconhecido e...