- Por que estão atrás de mim? Caramba! Eu não sou ninguém. Por que estariam interessados em alguém que mal sai de casa ou que não consegue enfrentar nem a própria irmã?
- Não queremos te fazer mal, Tessa. Nunca quisemos. Só queremos a sua ajuda.Ele fez menção de entrar no quarto e eu dei alguns passos pra trás.
- Não entre no meu quarto!
Ele parou e depois se sentou no parapeito da janela.
- Tudo bem. Não vou entrar.
Aquilo me surpreendeu, mas não fez com que eu me sentisse mais segura. Tudo o que eu queria era que Pedro estivesse ali.
- Como sabe meu nome?
- Ouvi aquele caçador te chamar assim hoje mais cedo.
- O que quer?
- Conversar.
- Sobre?
- Você.Ele tirou do bolso uma fotografia e estendeu-a pra mim. Era uma fotografia antiga. Na foto haviam seis pessoas das quais eu não fazia ideia de quem eram.
- A mulher no canto direito da foto é a sua mãe.
Aquilo me fez olha-lo como se ele tivesse me batido. Como aquela mulher poderia ser minha mãe? Meu pai nunca tinha me mostrado uma foto dela, tampouco quis descreve-la para mim. Eu não insistia porque sabia que aquilo era doloroso pra ele.
- Por que eu acreditaria em você?
- Não sei. Você não tem motivos pra isso. Mas digo a verdade. Repare nas semelhanças entre vocês duas: A cor do cabelo e dos olhos, o formato do rosto, a cor da pele...
- Isso não significa nada.
- Se dúvida pergunte ao seu pai. Tenho certeza que ele confirmará tudo.
- Se ela é mesmo minha mãe, por que essa foto está com você?
- Imagino que você saiba sobre nossa origem.
- Sim, eu sei.
- Depois que fugimos durante a Segunda Guerra Mundial e nos escondemos dos humanos, nosso grupo cresceu. Quando chegamos à um número considerável de Vampiros, foi implantada uma lei: Nenhum Vampiro deveria ter qualquer tipo de relação com humanos. Nunca. Em hipótese alguma. Caso contrário, seríamos severamente castigados e depois mortos. Repassamos essa lei de geração em geração e ela sempre foi respeitada. Até a 17 anos atrás. Sua mãe, Hellen Adams, fazia parte do nosso grupo, Tessa. Era um exemplo para todos nós. Era forte, determinada, justa e necessária para a nossa sobrevivência. Um dia, nos foi dada uma missão. Devíamos nos misturar com humanos para sabermos mais sobre eles. Estudar o inimigo. Ficamos alguns anos fingindo sermos como eles. E nesse meio tempo sua mãe conheceu o seu pai, e se apaixonou. Ela não conseguiu resistir a esse sentimento e acabou se entregando à ele. Juntos, tiveram duas filhas. Estuda Biologia? Sabe como funciona a Eritroblastose Fetal?
- Sim. Na segunda gravidez de uma mulher com Rh-, por exemplo, cujo bebê é Rh+ por causa do pai, pode ocorrer uma reação do corpo da mulher contra o sangue do bebê por causa da primeira gravidez. A mulher produz anticorpos anti-Rh que podem atacar as hemácias do segundo bebê e leva-lo à morte.Ele sorriu e depois balançou a cabeça positivamente.
- Exato. Aconteceu algo parecido com você e sua irmã. Quando sua irmã nasceu, o organismo mutante da sua mãe entendeu que havia um "intruso" no organismo dela quando o sangue delas entrou em contato. Ele começou a produzir anticorpos contra aquele sangue humano e os genes mutantes não se manifestaram. Quando você nasceu, o organismo da sua mãe já estava preparado. Porém, o fato de ela ser uma Vampira fez com que você e sua irmã tenham um organismo mais resistente, por isso nunca ficaram doentes. Essa resistência fez com que os anticorpos não te afetassem e ai os genes mutantes da sua mãe se manifestaram e seu sangue os recebeu, pois ambos estavam familiarizados. Você tem sangue vampirico nas veias, sua irmã não. Entendeu?
Tentei absorver aquela informação de um jeito rápido, mas não consegui.
- Ahn... mais ou menos. Brian, não sou uma Vampira. Nunca tive sede de sangue, super força ou super velocidade.
- Isso porque, além de sangue vampirico, você tem sangue humano por causa do seu pai. E nós também não temos super velocidade. Isso é coisa de filme.
- E por que está me dizendo tudo isso?
- Por que, como era proibida a relação entre vampiros e humanos, você é única. Seu sangue é único. E achamos que isso pode nos salvar.
- Salvar? Do que?
- Da extinção. Os Nefilins são poderosos e desenvolveram uma substância capaz de nos destruir. Sabemos disso porque eles testaram em alguns de nós e tiveram êxito. Não sabemos como eles conseguiram isso, mas sabemos que eles têm pouco, ainda. Sabemos também que essa substância está protegida por um tipo de barreira construída pelo mesmo material, por isso não conseguimos atravessar. Mas Você consegue.
- Eu?
- Sim. Essa substância não afeta em nada o organismo humano e você o tem. Além disso, você é metade Vampira, quer dizer que pode ser mais forte que qualquer humano, só precisa desenvolver suas habilidades. Tessa, precisa nos ajudar. Por favor.
- Brian, eu... eu não posso.
- Nosso grupo está diminuindo cada vez mais. Não somos os monstros que dizem que somos. Não todos nós. Temos crianças, pais, irmãos, como vocês. Muitos de nós possuem um coração bom, Tessa. Por favor, precisamos de você.Ouvi passos no corredor e me virei em direção à porta. Vi quando meu pai a abriu com um semblante confuso e sonolento.
- Está tudo bem, Tess?
Me virei para a janela e vi que Brian já não estava mais lá.
- Está. Está sim, papai. Eu só... só quis tomar um ar.
- Tem certeza?
- Sim. Já ia voltar a dormir quando você abriu a porta.
- Tá bem. Se precisar de alguma coisa me chama.
- Chamo sim.
- Boa noite, Tess.
- Boa noite.Depois que meu pai saiu, esperei que Brian voltasse, mas ele não voltou.
Me deitei na cama, ainda esperando seu retorno e acabei caindo no sono.
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A Profecia
FantasíaAs vezes, coisas estranhas acontecem. Coisas inexplicáveis. Coisas indescritíveis. Coisas que nos fazem questionar nossa sanidade. E nós temos medo dessas coisas. Temos medo porque não conhecemos, não controlamos e o ser humano teme o desconhecido e...