Um novato indesejado

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No dia seguinte, já na escola, me encontrei com Ben, e ele me disse uma coisa que me deixou chocada:

- A minha mãe te odeia.
- O que? Eu não fiz nada!
- Ela acha que se você não tivesse me levado para o café nada disso teria acontecido. Ela culpa você por eu ter sido baleado. Sinto muito, Tess. Não consegui fazê-la mudar de ideia.
- Droga, Ben! E agora?
- Só o tempo dirá.

Ele me deu alguns tapinhas no ombro para me consolar, mas só conseguiu deixar meu braço dolorido.

Entramos na sala de aula para termos a primeira aula. Como de costume, Ben e eu nos dirigimos ao fundo da sala. Gostávamos de ficar lá para podermos conversar sem sermos interrompidos pelos professores.

- Bom dia, alunos! Hoje eu tenho uma novidade para esta turma. Vocês deixarão de ser 29 para serem 30. Entre, por favor. -Disse a professora, abrindo a porta.

Eu não podia acreditar no que estava vendo. É isso mesmo que vocês estão pensando. Pedro estava bem ali, olhando pra turma como se fossemos porcos sujos de lama.

- Este aqui é Pedro Jackson e a partir de hoje, ele comerá a fazer parte da turma. Bem vindo e fique a vontade.

Pedro caminhou pela sala, analisando os lugares e as pessoas. Ele ia se sentar na frente, até que me viu. Seu sorriso se abriu de orelha a orelha e ele veio em minha direção, se sentando na carteira que ficava em frente a minha.

- Você só pode estar brincando comigo... -Sussurro.
- Brincar não é exatamente o que eu quero fazer com você.

No intervalo, Ben me atingiu com uma metralhadora de perguntas.

- Quem é ele? Como você o conheceu? Onde você o conheceu? Que eu saiba, você não é muito sociável, ou eu estou enganado? E que história era aquela de "brincar não é exatamente o que eu quero fazer com você"? Acha que eu não ouvi? Pois é, eu ouvi!
- Ben, calma. Me dê um tempo. Olha, eu só falei com ele uma vez, tá legal?
- E quando foi isso?
- Ontem a noite na casa dela. -Disse Pedro, chegando de surpresa.
- Na casa dela? Pensei que tivesse me dito que seu pai e sua irmã tinham ficado fora, Tess.
- E ficaram mesmo. -Confirmou Pedro com um sorriso no rosto.
- Eu não falei com você.
- Mas eu falei com você.
- Acha isso legal?
- Você não acha?
- Você nem a conhecia! Não podia invadir a casa dela.
- E quem disse que eu invadi?
- Tessa não te convidaria.
- Talvez ela tenha convidado.
- Sei que ela não fez isso.
- Mas se quisesse ela poderia.
- Vocês querem parar com isso? Caramba! Por que não vão cuidar da vida de vocês? -Eu disse, deixando os dois ali sozinhos e indo até o pátio principal.

Os dois foram atrás de mim minutos depois para se desculparem. Conversamos por um tempo, mas não falamos sobre Vampiros, caçadores e afins.

Quando eu estava indo embora, Pedro me acompanhou até em casa. Ele me explicou mais algumas coisas sobre o "mundo" dele e que eu participaria de tudo, o que me deixou ansiosa.

- Acho que é aqui. -Disse ele ao chegarmos.
- É, acho que sim. -Sorrio.
- Você devia sorrir mais.
- Por que?
- Fica linda quando faz isso.

Aquilo me deixou extremamente sem graça e pude sentir meu rosto queimar. Ele deve ter percebido, porque começou a rir.

- Isso não é engraçado!
- Nos vemos amanhã, Tessa. -Ele se virou e partiu, ainda rindo.

Eu não sabia se ficava com raiva ou agradecida pelo elogio. Resolvi ficar com as duas coisas.

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