- O que? Caçadores? Nefilins? Vampiros? Que nem os do filme Crepúsculo? -Perguntou Ben.
- Não! É claro que não. - Disse Pedro.
- Ah! Graças a Deus...
- O fato é: essas coisas existem, Ben, e estão atrás de mim. Não sei o porquê ainda, mas estão. Por isso o ataque no café e o estado de Pedro. -Disse eu.
- Eu gostaria de dizer: "Agora tudo faz sentido", mas não faz.
- Eu sei... -Suspirei.
- O que nós faremos agora?
- Hã-hã, nada de nós. Você não precisa se envolver mais ainda nessa história. É muito perigoso.
- E daí?
- E daí que é perigoso, idiota.
- Tess, você é minha melhor amiga. Eu jamais deixaria você. Mesmo que nossas vidas sejam ameaçadas por criaturas místicas e pessoas assassinas.Sorri para Ben, agradecida e preocupada ao mesmo tempo. Eu temia por minha vida, mas temia ainda mais pela vida dele.
- Tá legal. Levando em conta que você sofreu dois atentados em um período de tempo tão curto, acho bom você pensar na ideia de vir comigo para o acampamento. -Disse Pedro.
- Não sei, não. Isso significa que eu teria de deixar meu pai e minha irmã.
- Não necessariamente. É claro que você passaria a maior parte do tempo no acampamento, mas isso não a impediria de visitar sua família.
- Acha que eu devia explicar toda essa história pra eles?
- Não. Ainda não.Voltamos pra casa depois de conversarmos mais um pouco. Ben se despediu e disse que ficaria tudo bem comigo. Pedro me acompanhou até em casa e nos sentamos um pouco na escada.
- Tem certeza de que está bem? Você ainda está machucado e ensanguentado. Poderíamos ir à um hospital ou você podia pelo menos tomar um banho aqui em casa e...
- Tess, eu estou bem. Acredite. Já estive em situações piores.
- Bom saber.
- Quero que me dê uma resposta amanhã. Preciso avisar ao supervisor do acampamento se receberemos ou não uma nova campista.
- Tá bem. Acho que vai ser bom pra mim. Preciso aprender.
- Aprender o que?
- A me defender, é claro. Já fomos atacados duas vezes e em ambas as situações eu fiquei paralisada de medo, sem saber o que fazer. Preciso saber como me defender sozinha. Eu quero isso. Quero cuidar de mim mesma.
- Me desculpa.
- O que?
- Enquanto eu lutava com o cara da adaga, um outro Nefilim apareceu com uma arma de fogo. Cuidei do cara da adaga rapidamente e parti pra cima do outro Nefilim. Não me preocupei em fazer uma rápida observação do lugar ou checar se você estava segura, e ai quando me virei tinha um Vampiro em cima de você. Eu entrei em pânico. Pensei que ele tivesse te feito alguma coisa. Me desculpa, Tess. Eu falhei. Me desculpa mesmo...
- Pedro, se estou viva agora é por sua causa. Você sempre cuidou de mim. Não se culpe pelo que aconteceu. Você não é uma máquina.Ele ficou olhando o chão por alguns segundos que mais se pareceram horas. Depois levantou o rosto e olhou pra mim. Mas seu olhar era estranho. Como se ele estivesse triste ou arrependido. Comecei a pensar que talvez aquele beijo não devesse ter acontecido.
- Já está na minha hora. -Ele disse, já se levantando.
- Ahn... tá bem.Antes de se virar para ir embora, Pedro me beijou mais uma vez. Foi um beijo delicado e demorado. Depois ele se afastou, sorriu e se foi.
Quando entrei em casa meu pai já estava dormindo e Chris não estava. Provavelmente tinha ido pra casa da Carol de novo. Mas eu sabia que ela só fazia isso por causa do irmão dela, Thomas. Subi para o meu quarto, troquei de roupa e me deitei.
Os acontecimentos daquele dia vieram à mil na minha cabeça: O bar, Ben levando um fora, as risadas, a música, o ataque, o beijo...
Eu gostava de Pedro, mas não o entendia. Ele era tão fechado, tão... misterioso. Não me falava nada sobre sua vida pessoal e parecia não querer isso. As vezes estava alegre e risonho, e ai, do nada, seu humor mudava completamente e ele assumia um semblante sério.
Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi uma batida na janela do meu quarto.
Primeiro pensei que fosse o vento, até que vi uma sombra humana se projetando na parede do meu quarto.
Me levantei rapidamente e corri até a janela para abri-la. Já estava me perguntando o porquê de Pedro ter escolhido a janela para entrar na casa. Só que não era Pedro. Mas, infelizmente, era tarde demais quando percebi isso. O mesmo vampiro que eu vira mais cedo estava bem ali, na minha frente, olhando pra mim.
Pensei em gritar, mas isso faria meu pai aparecer no quarto e o Vampiro poderia matá-lo. Pensei em correr, mas sabia que ele me pegaria facilmente. Pensei em simplesmente ficar parada enquanto a morte vinha me buscar, mas eu não queria morrer sem lutar.
Antes que eu pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, o Vampiro fez um sinal pra que eu ficasse calada e depois estendeu sua mão.
- Oi, Tessa. Meu nome é Brian e eu queria falar com você.
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A Profecia
FantasyAs vezes, coisas estranhas acontecem. Coisas inexplicáveis. Coisas indescritíveis. Coisas que nos fazem questionar nossa sanidade. E nós temos medo dessas coisas. Temos medo porque não conhecemos, não controlamos e o ser humano teme o desconhecido e...