Pequeno ser

19 2 1
                                    

Minha mãe vem ao nosso encontro vagarosamente como se fôssemos miragens, imagino que sua cabeça deve está muito afetada com todos os pensamentos negativos que teve, ela nos abraça e chora, e sei que sou a culpada por todas essas lágrimas.

Brado nos olha inquieto, fecha os portões depois que todos nós entramos, nos rodeia e encara a trouxa pendurada ao meu pai. Quando percebe que nem um de nós vai falar sobre o que aconteceu lá fora, ele pergunta.

- Cristopher onde estão os cavalos? E onde está Anders?- Brado pergunta eufórico mais não tira os olhos da trouxa.

Olho para meu pai com um olhar cúmplice, ninguém pode saber da criança híbrida ou todos nós seremos mortos pelo rei, por traição.

- Fomos atacados por Shawdanos e perdemos nossos cavalos para um hibrido, e infelizmente o Anders foi atacado covardemente pelas costas e não conseguimos ajuda-lo.

Meu pai explicou o que houve , mais Brado junta as sombrancelhas como se soubesse que escondiamos algo.

- Deixe o homem ir com sua família Brado , estamos exaustos ,terá muito tempo para saber o que houve lá fora. - Jefry fala tirando a atenção de Brado para meu pai e o bebê.

Caminhamos para casa sem dizer uma só palavra minha mãe por segundo pergunta o que há na trouxa mais o meu pai não diz uma só palavra, e eu sou obrigada a fazer o mesmo. Enquanto estivermos fora de casa corremos perigo de alguém nos escutar.

- Cristopher você está me assustando o que há  dentro dessa trouxa?- minha mãe pergunta de voz alterada.

- Espere só mais um pouco Laguna, ao menos chegar em casa.- meu pai continua calmo.

- E você Mariny onde estava com a cabeça para fugir assim? Imagina o quanto sofri?

- Eu só quis mostrar a vocês que eu era capaz e acabei provando o contrario..

Expliquei para ela  o que aconteceu sem os detalhes assustadores.
Chegamos em casa e corro para desfazer o nó que segura a criança ao meu pai, minha mãe fica paralizada com o que ver, coloco o dedo entre a boca e o nariz para ver se ainda respira, e sinto sua respiração forte e ao mesmo tempo delicada, o desembrulho por completo e cuidadosamente para que não acorde, e para minha surpresa descubro que é um menino perfeito e saudável.

- Acho que estou ficando louca!- minha mãe coloca uma mão na boca e não esconde seu espanto.

- Você não está ficando louca, Mariny achou essa criança la fora e eu não podia deixa-lo morrer, mais eu vou dar um jeito de leva-lo para um lugar seguro e bem longe daqui talvez  para Artezis o reino do Ar.

Minha mãe olha para meu pai incrédula, se aproxima dele e sem que eu ou ele espere ela dá um tapa no seu rosto.

- Você tem noção que pode matar todos nós com essa atitude.- ela vai até a criança e procura a marca híbrida em suas mãos.- Essa marca significa a morte Cristopher, meu Deus onde você estava com a cabeça para trazer um hibrido para casa.

Meu pai não diz nada, apenas abaixa a cabeça e alisa o rosto que permanece avermelhado.

- Mãe, a culpa não foi dele eu achei a criança.

- Eu realmente achei que um dia você seria reconhecida por algum ato bondoso, mais acredito que vai ser conhecida por matar sua própria família, estou mais que decepcionada Mariny.

O tom alto da minha mãe acabou despertando o menino que começou a chorar escandalosamente, fiquei atordoada ninguém pode ouvir o seu choro, o segurei em meus braços o sacudindo de um lado para o outro, mais ele não para de chorar.

- Me entregue essa criança agora.- minha mãe o arranca dos meus braços.
Fico sem reação nunca a vi tão fora de si.

- Querida não esqueça que é apenas uma criança.- meu pai reclama tão assustado quanto eu.

Ela embrulha a criança em um lençol limpo e o deita em seu braço, colocando seu dedo indicador na boca do pequeno ser que o suga com avidez e cessa o choro.
Minha mãe continua com o rosto bravo e sério.

- O que estão esperando mornem o leite e procurem algo onde ele possa se alimentar.- ela diz com voz seca.

Eu e meu pai imediatamente corremos para a cozinha ,enquanto ele morna o leite, eu vasculho o armário e acho uma mamadeira velha e amarelada que provavelmente foi minha, vejo que na sua lateral tem as minha iniciais, agora tenho certeza que foi a minha, a lavo e despejo um pouco do leite e a entrego para minha mãe. Ela não parece mais tão zangada, ela alimenta o menino e vejo que seus olhos começam a brilhar como se quisesse chorar.

- Laguna será que podemos conversar?

- Cale-se Cristopher ou irá despertar a criança novamente.

Ficamos em pé um olhando para o outro sem dizer nada, como se fôssemos todos estranhos, escutamos passos e alguém bate na porta, meu coração se prende na garganta, eu pego a manta suja e levo minha mãe para o quarto junto com o menino, enquanto meu pai vai ver quem nos visita.





Entre ReinosOnde histórias criam vida. Descubra agora